segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Livro Michael Jackson Conspiracy by Aphrodite Jones



Livro Michael Jackson Conspiracy by Aphrodite Jones
Michael Jackson Conspiracy
Livro escrito pela jornalista Aphrodite Jones trás um relato honesto sobre o que aconteceu durante o julgamento de Michael Jackson, que foi acusado, e absolvido, de 14 acusações criminais em 2005. Além de revelar e analisar de forma corajosa e sincera a cobertura infiel que a mídia deu ao caso, sendo a própria Jones um membro dessa mídia sedenta pela ruína do grande ícone da música. Leia e saberá por que ela mudou radicalmente de opinião, após o julgamento de Michael.


Traduzido por Daniela Ferreira, daneJackson, para o blog Michael Jackson: The Untold Side Of The Story

MICHAEL JACKSON CONSPIRACY
POR
APHRODITE JONES

PREFÁCIO
POR
TOM MESEREAU



Ao meu querido, precioso John,
o amor da minha vida





“Viver seria uma grande aventura.”
Peter Pan



Nota da autora

No dia em que Michael Jackson foi absolvido, a estrela da FOX, Bill O’Reilly, pergunto-me o que eu realmente pensava sobre o veredito. Por meses, eu tinha comentado sobre o julgamento para a FOX news, dizendo muitas coisas contra Michael Jackson, induzindo os telespectadores a acreditar que o por star era culpado. Quando O’Reilly pressionou-me a dar uma resposta sobre o veredicto “inocente”, eu estava balbuciante. O’ Reilly queria uma resposta direta e eu, finalmente, disse que o júri tinha feito a coisa certa.
Mas parte de mim ainda estava em choque.
Como eu fiz em um de meus comentários públicos no caso, eu percebi que eu tinha me tornado uma dos membros da mídia que tinha previsto o resultado do julgamento erroneamente. Muitas pessoas em minha volta estavam tão certas da culpa de Jackson. Certas coberturas jornalísticas da TV e rádio tendiam de acordo com a promotoria e eu era uma dessas pessoas que seguiam aquela perigosa tendência.
De qualquer forma, eu estava errada quanto à verdade.
Quando eu li os relatos dos veredictos INOCENTE em todos os jornais, eu me senti envergonhada por ter sido parte da máquina midiática que parecia determinada a destruir Michael Jackson. Depois de pensar sobre isso por poucas horas, eu contatei o primeiro jurado, Paul Rodriguez, que me falou que Michael Jackson verdadeiramente não era culpado das acusações. Ele sentia que Jackson fora vítima da imprensa.
Escrever um livro sobre a inocência de Jackson nunca tinha passado pela minha cabeça, não durante o julgamento em Santa Maria. Eu respeito Tom Mesereau como advogado e entendi porque o júri votou inocente em todas as acusações, mas eu não tinha intenção de revelar minhas próprias coberturas tendenciosas. Além disso, eu certamente não queria expor nenhuma de meus “amigos” da imprensa como sendo parcial e desonesto.
Para tornar isso claro: Havia duzentos membros credenciados da mídia no julgamento e menos de um punhado dessas pessoas admitiam a deliberada intenção de retratar Michael Jackson como culpado. Alguns desses membros da mídia faziam parte de meu círculo pessoal. Eu não darei nomes a nenhuma pessoa da imprensa neste livro, além de Martin Bashir, porque seria de mau gosto apontar o dedo. Telespectadores que viram o julgamento sabem quem são os culpados.
Eu devo admitir que houve um momento durante o julgamento quando eu comecei a me sentir triste por Michael Jackson. Quando eu senti que todo o mundo midiático estava contra ele. Eu queria que os fãs soubessem que eu não estava feliz com a cobertura da imprensa e decidi ir até os portões de Neverland para fazer as pazes com os fás. Eu fui dizer àquelas pessoas que eu não estava sendo injusta com Michael, que eu estava apenas relatando os fatos. Eu tentei convencê-los de que eu não tinha um interesse.
Mas os fãs não acreditaram em mim. Eles viram meus noticiários e muitos pensaram que eu estava mentindo. Eu fiquei quieta por um minuto, tentando dizer a eles que eu não iria manchar Jackson, mas eles não estavam interessados.
Como eu escutei aqueles fãs, que vieram de lugares como a Espanha, Irlanda e até Irã, eles me contaram o lado deles da estória. Eu os ouvi insistir que a imprensa americana era podre, que os americanos odiavam Michael Jackson por todas as razões erradas. Algumas pessoas até trouxeram cartão de corrida. Outros falaram que a amizade de Michael com crianças era aceitável em qualquer parte do mundo, exceto na América.
Os fãs dele me impressionaram. Sim, havia pessoas superzelosas _ uma mulher me chamou de prostituta em espanhol _ mas ao mesmo tempo, muito de seus apoiadores eram pessoas de bom coração. Muitos queriam dar a mim o benefício da dúvida.
Eu apreciei isso.
Eu tirei fotos com alguns fãs na frente dos portões de Neverland, que tinha sido coberto de corações por aqueles que amavam Michael, Depois de um tempo, um pequeno grupo de nós começou a caçoar do clã Arviso e do louco vídeo de refutação deles. Nós estávamos imitando Janet Arvizo, quem, na gravação, apoiava Michael Jackson como sua única “família”. Na fita de refutação, Janet se perguntava por que, depois da entrevista de Bashir, tantas pessoas de repente mostraram preocupação e interesse por ela, quando, realmente, apenas Michael foi generoso com a família dela.
Em uníssono, nós repetíamos as frases de Janet:
“Onde eles estavam, quando eu não podia alimentar meus filhos com nada além de uma caixa de cereal?”
“Onde eles estavam, quando meus filhos e eu chorávamos?”
“Onde eles estavam, quando meus filhos e eu estávamos sozinhos”.
“Onde eles estavam, quando eu não tinha dinheiro o bastante para pagar a passagem de ônibus”.
“Onde eles estavam?”, nós perguntávamos de novo e de novo, e nós riamos das bobagens melodramáticas de Janet.
Em razão dessa visita à Neverland, minha reportagem mudou ligeiramente. Eu me tornei mais aberta à ideia de que Michael Jackson era inocente e eu tentei ficar longe de comentários negativos que enchiam muitas de meus primeiros noticiários. Não apenas eu tinha sido parcial na TV, eu tinha contribuído para o programa de rádio de Michael Reagan (o filho adotivo do presidente Ronald Reagan) e tinha gastado semanas no programa nacional de Reagan. Massacrando Michael Jackson.
Se havia uma conspiração da mídia, eu era culpada.
Algumas semanas depois, quando todos os caminhões da TV deixaram Santa Maria, eu me encontrei sozinha lá, perdida sem a presença de Michael, perdida sem ter o conforto de meus “amigos” da imprensa para me ajudar a atravessar outro dia. Eu estava chateada.
Santa Maria era um lugar agradável, mas se tornou uma concha vazia para mim. O “evento” de Jackson tinha acabado e eu me tornei uma estranha em uma cidade pequena. Eu pensei sobre os amigos da mídia e percebi que muitos deles não eram amigos coisa nenhuma. Eles usaram minha entrada e já tinha saído em busca da próxima estória quente. Alguns estavam transmitindo ao vivo de Aruba, em busca de uma adolescente desaparecida.
Por sorte, eu não estava preocupada com os novos petiscos. Eu tinha uma grande imagem na minha cabeça e tinha compilado todos os tipos de dados. Eu continuava querendo escrever um livro sobre Michael Jackson, porque, antes de tudo, eu não estava no julgamento simplesmente para relatar as notícias, eu estava, primeiramente, como uma autora.
Como eu estava no julgamento como uma jornalista free-lance para a TV, eu estava por minha própria conta para sair, para ter tudo enviado para casa. Andando por Santa Maria, com meus pensamentos, tentando determinar o que fazer com toda a documentação e pilhas de anotações que eu tinha escrito sobre o julgamento, eu decidi enviar tudo, somente para o caso do livro se materializar.
Quando eu fiz minha jornada de volta á Costa Oeste, eu pensei sobre o desperdício financeiro que tantas pessoas, especialmente os contribuintes da Califórnia, tinham sofrido. Seria impossível calcular o montante exato de dólares que foram desperdiçados, mas os números estão por volta de milhões. O julgamento de Jackson foi um dos maiores acontecimentos na história dos Estados Unidos. O montante de dinheiro gasto com segurança por si só, foi simplesmente um ultraje.
Eu considerei caro a “taxa de impacto” que eu tive que pagar a Santa Maria, uma coisa que eu nunca encontrei em nenhum julgamento que eu compareci na história de minha carreira como escritora criminal. Eu me perguntei, por que eu tive que pagar tanto dinheiro para ficar e assistir a um processo público que supostamente deveria se aberto a qualquer contribuinte da Califórnia.
E, finalmente, eu me perguntei, por que alguns do pessoal na grande mídia pareciam pensar em mim como “menos” que um jornalista, quando havia pessoas, como Márcia Clarck, que sem sucesso processou O.J. Simpson, do lado de fora da corte de Santa Maria como uma jornalista para o Entertainment Tonight. Era inacreditável para mim que certas redes de talentos viam-me como incapaz de fazer um trabalho jornalístico para a TV. Embora eu tenha sido uma jornalista e comentarista de TV por anos. Durante todo o julgamento de Jackson, eu sabia que eu era mal-falada pelas costas. às vezes, eu era verbalmente agredida por jornalista diretamente na minha cara.
Eu me perguntei por que eu passei por tanto drama, gastos e agonia Tudo por nada. Quando eu viajei para New York, eu descobri que nenhuma editora americana queria tocar em um livro sobre Michael Jackson, muito menos um que contaria o lado de Jackson da estória.
Eu fiquei devastada.
Mas então eu pensei em Michael.
Eu me perguntei como ele tinha se sentido, e percebi que ele era aquele que tinha sido lançado ao inferno. Ele era aquele que tinha sido sujeitado à máquina da mainstream mídia que o queria destruído. Ele era aquele de quem as pessoas falam mal pelas costas.
Menos de um mês depois da absolvição dele, eu soube que Jackson e seus três filhos e a babá, estavam partindo para o Reino Golfo Pérsico do Bahrain e eu entendi por quê. Pelo menos, como um convidado da família real do Sheik Abdullah, Jackson teria sua privacidade de volta e poderia encontrar uma forma de se recuperar, para relaxar e pensar em um retorno. Declaradamente o pop star foi convidado a abrir um vinhedo ou um parque de diversões, mas Jackson não estava interessado. Michael Jackson tinha grandes planos, mas no momento, ele só queria deixar o pesadelo para trás.
Meses depois eu contatei o juiz Rodney Melville que escreveu uma ordem judicial permitindo que eu revisse e fotografasse toas as evidências do julgamento criminal. Eu gastei tempo fazendo várias viagens a Santa Maria, analisando documentos, colhendo fotos da privada Neverland de Michael, gravando todas as evidências que eu tinha visto durante o julgamento, requerendo cópias das transcrições.
Eu tive uma epifania quando em estava no porão do complexo da Corte Superior de Santa Maria, revendo horas de filmagens nunca mostradas. Com uma funcionária da corte monitorando minhas anotações, eu pausei no momento em que o acusador disse ao policial que ele “não tinha certeza” sobre certas coisas. Eu revi a gravação da entrevista do policial com o acusador e perguntei a funcionária da corte o que ela pensava daquilo. Eu queria saber se ela tinha filhos, se garotos de treze anos já sabem sobre a sexualidade deles. A funcionária da corte olhou para mim e balançou a cabeça.
“é claro que garotos sabem disso”, ela disse, “certamente, na idade de treze anos.”
Com isso, eu tive minha resposta. Eu decidi contatar um advogado de Jackson, Pearl Jr., que também tinha me encorajado a escrever o livro sobre o julgamento de Jackson, de qualquer modo, eu continuava sentindo que iria lutar uma árdua batalha.
Poucas semanas depois, eu encontrei Tom Mesereau, não uma, mas duas vezes. E eu tomei isso com um sinal.
Eu senti que, não importava o que a mídia, os céticos, e até mesmo meus amigos e familiares tinham a dizer, eu precisava me levantar por Michael Jackson. Quando comecei a escrever, percebi que as pessoas em todos os lugares estavam fazendo piadas de mim. Um livro pró-Jackson? Impossível.
Quanto mais as pessoas me provocavam, me incitavam, mas furiosa eu ficava. Como eu lutei por milhares de páginas de transcrição do julgamento, com pessoas me desencorajando no início, eu comecei a pensar que o livro nunca seria feito. Isso se tornou meu trabalho mais árduo e, às vezes, parecia que eu tinha o mundo nos meus ombros.
Eu me perguntei se Michael tinha vivido sua vida desse jeito.
Para manter meu espírito elevado, eu continuei pensando em Michael dizendo olá para mim durante o julgamento. Isso aconteceu no hall durante um intervalo, e u estava olhando para ele como se ele fosse uma figura de cera. De repente, Michael olhou para mim e disse “Ei!”
Quando ele falou, isso me assustou.
Ele estava sendo engraçado, e eu adorei.
As pessoas sempre me perguntam se eu conheci Michael, e eu digo a elas que sim. Mas, na verdade, eu nunca me apresentei a ele e, certamente, ele não me conhecia.
Uma única vez eu fiz a ele uma pergunta para a imprensa. Isso foi no começo, quando Jackson ainda estava respondendo às perguntas da imprensa e eu perguntei a ele se estava falando com seus fãs nos portões de Neverland. Michael já tinha passado pela multidão da imprensa, mas ele se voltou, olhou para mim e disse: “Eu amo meus fãs, eu amo meus fãs!” Era como se eles fossem as únicas pessoas que importavam.
Eu espero que este livro atinja mais que os apoiadores de Jackson e pegue milhões de pessoas que tem sido crédulas em relação aos tabloides, demais. Se a verdade prevalecer, de um jeito ou de outro, as pessoas irão abrir seus corações.
Aphrodite Jones
1º de março de 2007




Prefácio

Quando eu observei a jornalista Aphrodite Jones pela primeira vez na Corte de Santa Maria, Califórnia, no caso de Michael Jackson, eu tomei outra direção. Eu não queria nada com a senhora Jones. A primeira vez que meus olhos viram a senhora Jones, eu lancei a ela um profundo e gelado olhar. Se um olhar pudesse matar, ela estaria enterrada.
Eu associava à senhora Jones a força destruidora da mídia internacional que estava fortemente determinada em ver Michael Jackson ser condenado e destruído. Nunca em minha vida ou carreira eu estive no meio de tão louca, desonesta e manipulativa informação frenética. Apesar da presença de muitos jornalistas honrados, o fantasma do lucro parecia assombrar muito do que era verdadeiro, preciso e acurado.
Aproximadamente um ano depois que Michael Jackson foi absolvido, eu inesperadamente encontrei a senhora Jones em uma galeria de arte em Beverly Hills, celebrando a publicação de uma série de esboços de alto perfil. No começo, eu tive uma leve discussão com a senhora Jones. Eu disse a ela que eu tinha assistido à televisão durante o julgamento de Scott Peterson e a observei agressivamente colocar sua cabeça no ombro do advogado de defesa, Mark Geragos. Isso apareceu em um dos noticiários sobre o julgamento de Peterson e, em minha opinião, pareceu horrível para o acusado. Nada disso aconteceria comigo.
A senhora Jones me disse que entendia completamente e respeitava muito meu estilo e minha abordagem na defesa de Jackson. Ela me disse que estava repensando a forma como a mídia tratou e relatou no caso de Michael Jackson. Ela sempre demonstrou que se sentia um pouco culpada pelo jeito como ela tinha sido conquistada pelo frenesi da mídia em retratar Michael Jackson da pior forma possível. Jones disse que estava pensando em escrever um livro verdadeiro sobre a realidade do julgamento de Michael Jackson e a distorção de muitas das reportagens da imprensa.
Quando Aphrodite Jones me perguntou se ela poderia me entrevistar para este trabalho eu estava cético. Minha parceira jurídica e co-defensora no caso de Michael Jackson, Suzan Yu, estava certa de que eu não deveria participar do projeto literário da senhora Jones. Porém, alguma coisa me dizia que a senhora Jones estava sendo sincera, corajosa, e profissional, em seu desejo de relatar o processo de Michael Jackson.
Eu fui entrevistado por Jones e revi alguns dos primeiros rascunhos do proposto livro dela. Surpreso pela sinceridade dela e seus esforços de ir contra o cerco da mídia a Michael Jackson e dizer a verdade, eu concordei em ajudar, pois esse projeto era honesto. Eu recusei-me a dizer a ela o que escrever e como escrever e não tenho nenhum interesse financeiro ou de lucro neste livro ou prefácio. Como uma pessoa que realmente acredita no poder e valor da ideias e divergências, eu aprecio pontos de vistas diferentes do meu, desde que eles sejam íntegros, inteligentes e de informações seguras. No caso de Michael Jackson, a maior parte das conclusões da imprensa era superficial, equivocada e interesseira. Eu sei do fundo do meu coração que Michael Jackson não era culpado de nenhuma daquelas terríveis acusações.
Meu propósito ao escrever esse prefácio é sublinhar o quão importante é relatar de forma honesta, como funciona nosso sistema judicial. Nos últimos quinze anos a sociedade americana tem sido crivada por informações da mídia sobre julgamentos de alto-perfil. Coberturas televisivas, documentários, reconstituição, séries de televisão, filmes e livros (ficção e não-ficção) tem encontrado uma audiência massiva quando o assunto é nosso sistema judicial. O montante da receita_ literalmente bilhões de dólares_ que foi gerada ao redor do mundo é impressionante. é fundamental que profissionais do jornalismo mantenham seus valores e ética no meio dessa grande explosão. Eu acredito que isso não aconteceu, na maior parte, no julgamento de Michael Jackson.
Quando mais de setenta policiais de Santa Bárbara invadiu a casa de Michael Jackson, o rancho Neverland em novembro de 2003, eu estava voltando a Los Angeles de muito necessárias férias. Eu estava no estágio final da preparação da defesa do ator Robert Blake, que foi acusado de matar a esposa. Poucos minutos depois de religar meu celular, depois de nove dias de descanso, eu comecei a receber ligações dos associados a Michael Jackson. Eles queriam que eu voasse imediatamente para Las Vegas e me tornasse seu advogado.
Eu recusei a oferta porque eu senti que não poderia cobrir de forma ética o caso de Blake e Jackson ao mesmo tempo. O julgamento por homicídio de Blake estava marcado para fevereiro de 2004 e iria consumir todo o meu tempo. Eu consegui libertar Robert Blake da prisão em uma audiência preliminar, quando todos os especialistas da América diziam ser impossível. Eu consegui que a conspiração contra ele fosse rejeitada em uma audiência subsequente e estava pronto para mudar a opinião do público em favor dele depois do interrogatório das testemunhas criminais em uma audiência televisionada. Eu estava convicto de que ele seria absolvido.
Três meses depois de ser convidado para me tornar advogado de Michael Jackson, na véspera do julgamento de Blake, Robert e eu tivemos um sério desentendimento, que o juiz do processo não poderia resolver. Eu me retirei da defesa. Aproximadamente cinco meses depois, Randy Jackson, irmão de Michael, ligou-me e perguntou-me se eu não reconsideraria. Eu conhecia Randy há anos, e nos encontrávamos socialmente, de vez em quando. Eu disse a Randy que eu estava livre e desejava encontrar Michael Jackson. Randy arranjou para que eu voasse até a Flórida com esse propósito e o resto é história. Todas as nossas vidas foram radicalmente mudadas pelo pedido de Randy.
Antes de entrar para o caso de Michael Jackson eu estava estarrecido, sobretudo, pelos amadores em torno da defesa. Os advogados deles estavam voando para Santa Maria em jatos particulares e pareciam estar se divertindo muito. Michael estava atrasado para seu primeiro comparecimento, marchou em cima de uma SUV para seus fãs e deu uma festa para a mídia, em Neverland, mais tarde naquele dia.
Um encontro com os conselheiros financeiros e jurídicos de Jackson, que nos noticiários locais eram chamados de “Dream Team” de Michael, foi realizado no elegante hotel Beverly Hills. Michael Jackson e seus advogados apareceram no programa “60 Minutos” com resultado desastroso, e os detalhes da proteção da “Nação Islã” a Jackson estava recebendo publicidade dramática na conservadora comunidade de Santa Maria. Eu não gostava de nada disso.
Eu decido acabar com tudo. Eu me opus à presença de câmeras e apoiei a ordem judicial de mordaça e vedação às peças processuais lascivas. Eu removi indivíduos provocativos da defesa, imediatamente ou gradualmente. Obviamente, pessoas em que eu não confiava ficavam de fora de encontros importantes e tinham acesso negado às importantes informações. Meu foco eram treze pessoas, o juiz e os doze jurados. Eu gostei da comunidade de Santa Maria, a qual meus instintos me disseram, seria justa com Michael.
A defesa de Michael Jackson tinha de lidar com três primeiros desafios: a acusação, a mídia e a legião de conselheiros medíocres que cercavam o vulnerável e inocente Michael Jackson. Eu estou feliz em dizer que nós tivemos sucesso em lidar com os três obstáculos.
A acusação gastou mais dinheiro e tempo tentando condenar Michael Jackson que qualquer outra promotoria na história. Nos início dos anos 90, o promotor Tom Sneddon convocou dois Grandes Júris para investigar e indiciar Michael Jackson. Os dois recusaram acusar Michael de qualquer crime. Na metade dos anos 90, o senhor Sneddon viajou pessoalmente a pelo menos dois países procurando por alegadas vítimas de Michael. Ele não encontrou nada.
Sneddon criou um web site no departamento de polícia de Santa Bárbara para informações sobre Michael Jackson e contratou uma firma especializada para cuidar do site. Isso foi um absurdo.
Em 2004, um terceiro Grande Júri foi montado neste caso e Michael Jackson foi indiciado. A acusação tinha nove especialistas em impressão digital neste caso_ mais do que eu tinha visto em qualquer caso de pena de morte_ as impressões digitais não deram em nada. Eles imprudentemente contrataram todos os conceituados especialistas em qualquer área, como reconstrução de acidentes, computação gráfica, DNA, considerações legais, finanças, criminalistas, telefones, acústica, sistema de segurança, abuso sexual infantil, psicologia, patologia e consultoria de júri. Eles tiraram todas as paradas no esforço de bombardear o júri com qualquer concebido fato que pudesse convencê-lo a condenar Michael. Isso incluía contratar os consultores judiciais que ajudaram a promotoria a condenar Timothy McVeigh, Martha Stewart e Scott Peterson.
Ninguém nunca saberá quantas horas de trabalho dos empregados foram gastos pelos gabinetes da promotoria. Muitos julgamentos simulados foram conduzidos e várias agências de execução, no mundo todo, foram contatadas. Claro que tudo isso foi pago pelos contribuintes de Santa Bárbara, Califórnia.
Mais membros credenciados da mídia, do mundo inteiro, cobriram esse julgamento, que o número total de jornalistas que cobriu o julgamento de O.J. Simpson e Scott Peterson juntos. Nunca houve tal cobertura de um julgamento antes e provavelmente nunca mais haverá. Infelizmente, acreditava-se que enormes somas de dinheiro seriam feitas com filmes, programas, reconstituições e livros sobre a ascensão e queda de Michael Jackson. Porém, uma condenação era necessária para o sucesso completo de qualquer um desses projetos. Se Michael Jackson fosse enviado à prisão, isso geraria a maior cobertura midiática que qualquer outro evento na história. Bilhões de dólares estavam na balança.
Porque ele é a celebridade mais conhecida do mundo, Michael Jackson atrai um número infinito de “aproveitadores”. Isso inclui advogados e não-advogados. Ele é constantemente sujeitado a conselhos medíocres, de visão limitada de especialistas presunçosos sobre como se defender. As pessoas desejam dizer qualquer coisa que, eles pensam, os impulsionariam para dentro do evento; e lidar com esse mar de tolos era uma distração e um perigo.
Como exemplo, considere o papel da mãe dos acusadores no julgamento. Eu decidi muito cedo que ela seria o principal alvo de nosso ataque. Durante meu discurso de abertura, eu disse ao júri que provaria que a mãe tinha orquestrado aquelas falsas alegações. Tendo-a examinado por três horas em uma audiência prévia, eu sabia que ela seria um desastre para a promotoria durante o interrogatório da defesa Eu informei a todos os membros da defesa de Jackson de que nenhum esforço para dissuadi-la a depor para a promotoria deveria ser tomado.
Eu especialmente proibi todos de denunciá-la para o promotor de Los Angeles, quando eu descobri que ela tinha cometido fraude. Sob as leis da Califórnia, ela poderia se recusar a testemunhar.
Apesar de minhas claras instruções, certos advogados, nenhum dos quais iriam examinar uma testemunha no julgamento, denunciou-a para as autoridades de Los Angeles. Como eu esperava, ela se recusou a testemunhar e isso fez com que a acusação levasse semanas para convencê-la a tomar posição no caso deles. Tivesse ela aguentado firme, poderia ter se recusado a dar qualquer testemunho, segundo a Constituição da Califórnia. Isso seria um duro golpe em nossa defesa.
Eu não acredito que os advogados que a denunciaram queriam prejudicar Michael Jackson. Em minha opinião, simplesmente lhes faltavam visão e conhecimento. Eles queriam fazer parte daquele evento e tentaram parecer forte para um cliente vulnerável. Na verdade, eles não tinham nada a ver com o caso.
Felizmente, eu tinha dois excepcionais advogados no meu time: Suzan Yu e Robert Sanger. Embora nós tivéssemos diferentes formações, estilo e perspectiva, formávamos um bom time. Yu e Sanger estavam sempre focados em levar Michael Jackson à absolvição. Eles sabiam que era preciso trabalho de equipe. Não importava as diferenças que tínhamos, nós as resolvíamos de maneira sempre a focar uma vitória. Eu também, regularmente consultava minha querida amiga Jennifer Keller, uma brilhante advogada criminal do sudeste da Califórnia. Esses são os advogados que venceram o caso comigo.
Nós também tínhamos pessoal e assistentes muito profissionais. O investigador, Jesus Castillo e Scott Ross foram excelentes. Nós nos mantivemos longe da mídia e nunca permitimos que a atração do estrelato interrompesse nosso foco de defesa.
Este foi um caso onde tínhamos potenciais distrações por toda parte. Eu tinha observado advogados em outros casos se empolgar com a câmera e, em minha opinião, eles prejudicavam o interesse de seus clientes. Felizmente isso nunca aconteceu com Yu, Sanger e eu.
Eu tenho revisto o livro da senhora Jones e a cumprimento por seus esforços. Para todos que desejam saber o que aconteceu no julgamento de Michael Jackson, este é o livro. Ele explica claramente e detalhadamente por que um inocente e bondoso gênio musical foi absolvido por um júri conservador em Santa Maria, Califórnia. Justiça foi feita e eu estou orgulhoso por ter sido o líder da defesa de Michael Jackson.

Thomas Mesereau Jr.
Loas Angeles, Califórnia

“ABC... IT’S EASY”

Este era o dia final do julgamento, um dos maiores vereditos da história mundial e milhares de pessoas estavam lotando as ruas ao redor do tribunal. A chegada de Michael Jackson era iminente e a polícia tratava as pessoas como se eles estivessem em um campo de concentração nazista, ordenando que todos ficassem atrás da linha, exigindo ordem no caos. Enquanto a mídia ficou do lado de fora da tenda principal de “comando”, esperando para ver quem receberia um acento, as pessoas pareciam exaustas e emocionadas.
Depois de cinco meses cobrindo o caso para todas as redes existentes, o pessoal da mídia não poderia concordar sobre qual tipo de justiça estava sendo oferecida no caso "O povo do estado da Califórnia contra Michael Joe Jackson." Durante a semana em que o júri deliberou, os correspondentes das redes alimentaram o público, com imagens da possível cela de prisão de Jackson. Algumas pessoas esperavam que o popstar não comparecesse ao tribunal, tentando fugir de seu destino.
Era meio dia de segunda feira, treze de junho de 2005, quando a notícia de que o júri tinha checado a um veredito foi dada. A mídia do mundo inteiro foi bombeada para cima e mais pessoas da TV e câmeras-man tinham chegado com novas demandas e novos ângulos de câmeras para decifrar. A massa de fãs de Jackson tinha montado vários acampamentos em volta do tribunal: fãs com filmadoras, fãs com celulares com câmeras filmadoras, fãs com todo tipo de dispositivo tecnológico. As pessoas estavam competindo pela melhor visão de Michael, a melhor foto de Michael, a melhor camiseta de Michael, o melhor pôster de Michael. Era uma loucura.
As pessoas que acamparam em Santa Maria eram de todas as raças, tamanho, físico, cor e idade. Esperando por notícias, havia um frenesi entre os fãs, completada por meia dúzia de imitadores de Jackson e uma mulher que alegava ser “Billie Jean”. Havia representante, talvez, de metade dos países ao redor do mundo e eles tinham certeza pétrea da inocência de Jackson.
Para os fãs de Jackson que ficavam lá fora todo dia, o julgamento fornecia a rara oportunidade de colocar as diferenças de lado. Pessoas de todas as partes do planeta uniram-se em sua luta por justiça. Eles acreditavam que Michael era uma vítima da mídia e apareceram em massa para apoiá-lo. As pessoas amavam Michael como a um irmão, como um artista, como um ícone, mas para a mídia, os fãs de Jackson pareciam excessivos e excêntricos. Eles eram facilmente dispensados.
Enquanto todo mundo esperava o veredito sair, cada hora que passava parecia uma eternidade. Os fãs estavam ficando impacientes. Quando os portões do tribunal foram abertos para o público, a multidão veio para perto da cerca em direção à barreira policial e alguns ganhadores da loteria foram permitidos atravessar os portões. Eles entraram em silêncio, os trinta e cinco membros do publico, e foram advertidos, revistados e lhes foi dado avisos sobre tumultos. Os vencedores da loteria foram escoltados para dentro por policiais armados. Eles tomaram acento na área destinada ao público, quase não fazendo barulho.
Para cada pessoa lá, a antecipação do veredito tinha crescido consideravelmente. Dos duzentos e vinte e dois membros credenciados da imprensa que cobriam o julgamento, apenas três dúzias estavam dentro do tribunal. Algumas dúzias de produtores assistiram ao veredito de um circuito fechado de TV, situado em uma sala de escuta, isolados dos fãs, mas a maior parte da mídia optou por ficar do lado de fora do tribunal, guardando suas tendas individuais, com seus próprios ancoras prontos para dar as notícias de Jackson.
A mídia continuava procurando por qualquer petisco suculento, qualquer coisa que pudesse deleitar a audiência, mas tudo estava quieto. E como a antecipação mundial do veredicto estava ficando cada fez mais intensa, novos produtores foram, de repente, bombardeados com um crescente número de fãs gritando “Michael é inocente”.
E exatamente neste momento, como que marcado, a família Jackson, completa com Katherine e Joe, Janet e La Toya, Rebbie e os muito famosos irmãos de Michael. Enquanto seus assessores, guarda-costas e sua glamorosa família eram recebidos pelo time de defesa de Michael, uma coisa ficou clara: todas aquelas pessoas juntas ficavam ofuscada por Michael.
Este era Michael, escondido atrás de óculos escuros espelhados e sua tradicional sombrinha, o superstar de todos os superstars. Assim que Michael se aproximou do tribunal, saindo veículo esportivo utilitário dele, os gritos e lágrimas de emoção de todos ao redor dele, fez parecer que toda a terra tinha parado.
Apesar das condições de saúde dele no momento, apesar de tudo que o julgamento tirou dele, Michael não demonstrava isso. Ele deslizou até seu líder de defesa, Thomas Mesereau e, somente antes de caminhar para trás das portas fechadas do tribunal, Michael levantou-se e acenou para os fãs, feliz em vê-los em pleno vigor. Para as pessoas atrás dos portões e ciclones de cerca, que estavam gritando e dando vivas, lá parecia haver uma comunhão. Alguma coisa sobre Michael fazia os corações baterem com força. Todo mundo em sua presença poderia sentir a música. Eles poderiam sentir a dança.
Enquanto isso acontecia, como as últimas pessoas da mídia foram autorizadas a entrar no minúsculo tribunal, sendo advertidos e revistados pelos policiais, no detector de metal, Michael apareceu no corredor, e pela primeira vez durante o processo, o superstar parecia nervoso. O rosto dele parecia tenso. Ele não sorriu. Ele não parecia ser invencível. Naquele momento de vulnerabilidade, as pessoas podiam ver que o julgamento tinha tirado tudo isso de Michael, enfim. Era óbvio que ele queria que aquilo acabasse.
O advogado de Michael depois me confidenciou que o time dele sentia-se confiante de que Jackson seria absolvido de todas as acusações, insistindo em que o tema da prisão não tinha surgido com muita frequência. Tom Mesereau estava inabalável em sua crença de que Michael estava sendo processado por crimes que ele nunca cometeu e a família de Michael e os amigos deles certamente acreditavam nele. Ainda, quando Michael estava no limiar do tribunal por esses poucos segundos, sendo advertido, completamente sozinho, por trás do detector de metal, o superstar parecia assustado.
Dentro do tribunal, havia um júri de oito mulheres e quatro homens, a quem foram apresentados com seiscentas exibições, que testemunharam o que parecia ser uma campanha manchada pelo documentário de Martin Bashir, quem tinha escutado doze anos da história de Jackson, todos estabelecidos pelo promotor de Santa Bárbara, Tom Sneddon. E o time dele tinha apresentado oitenta testemunhas em um uma tentativa de retratar Jackson como um criminoso em série; foi permitido a ele mergulhar de volta na vida de Jackson em uma tentativa de mostrar ao júri um comportamento criminoso.
Enquanto as pessoas dentro do tribunal aguardaram o veredito do júri, o mundo parecia incrivelmente pequeno. Todos os rostos estavam tensos, todos os olhos estavam focados. à família Jackson somente foi dado seis acentos no tribunal. E Janet, sendo graciosa, optou por esperar do lado de fora do tribunal durante o procedimento permitindo que os irmãos Randy e Tito, e as irmãs La Toya e Rebbie, sentassem exatamente atrás de Michael.
Onze policiais armados espreitavam ao redor do tribunal, prontos para cuidar de qualquer tumulto, e às duas horas da tarde, o juiz Rodney Melville finalmente começou a abrir os envelopes do veredito. Enquanto cada envelope era aberto, a face do juiz não se alterava. Nenhuma palavra era dita no tribunal, mas algumas juradas tinham lágrimas nos olhos. O tempo parou. Parecia uma eternidade. E então, de repente, a funcionária da corte, Lorna Ray, leu as palavras:
“Acusação Um _conspiração_ inocente.”
“Acusação Dois_ ato obsceno com uma criança_ inocente.”
“Acusação três_ Inocente.”
“Inocente” foram as palavras lidas de novo e de novo, quatorze vezes ao todo. Enquanto o veredito era dado, Katherine, que nunca tinha perdido um dia do julgamento, tinha lágrimas nos olhos. Tito se esticou e beijou a mãe. O resto da família se abraçou e apertaram uns aos outros. Quando as notícias começaram a surgir, os fãs de Michael soluçaram quietos, nas fileiras do fundo. E a imprensa, a maior parte, ficou perplexa. Eles pareciam realmente muito surpresos por Jackson não ter sido condenado por nenhuma das acusações. Pelas caras, obviamente muitos membros da imprensa contavam ver o superstar posto atrás das grades.
O juiz Rodney Melville, que tinha conduzido este caso com muita dignidade e clareza, quem tinha mantido todo mundo seguro e sólido, quem não tinha tolerado interrupção alguma, agora lia a declaração para o tribunal:
“Nós, o júri, sentindo o peso dos olhos do mundo sobre nós absolutamente e meticulosamente estudamos os testemunhos, evidências, e régras do procedimento apresentado nesta corte desde 31 de janeiro de 2005. Seguindo as instruções para o júri, nós seguramente chegamos ao nosso veredito. é nosso desejo que este caso seja um exemplo de fé na integridade e verdade de nosso sistema judicial.”
Com essas palavras, Michael, atrás da mesa de defesa, retomou sua total serenidade. De algum jeito estranho, Michael parecia ter a aparência de um rei antigo. Havia algo imperial nele. Absolutamente dominante com sua presença, Michael escutou com toda a atenção enquanto a declaração do júri era lida. Com a cabeça erguida o superstar permaneceu imóvel. Somente aqueles que estavam próximos a ele puderam ver uma ligeira lágrima descer pela face de Michael.
“Senhor Jackson, sua fiança foi exonerada e o senhor está livre,” o juiz Rodney Melville disse. E com isso, Michael percebeu que o júri de doze pessoas tinha rejeitado todas as acusações criminais contra ele. O Rei do Pop secou seu rosto com um lenço de papel, abraçando e agradecendo o advogado dele e logo deixou a corte. Enquanto caminhava para fora do tribunal, passando por Katherine e seus irmãos, ele mostrou um pouco de emoção. Michael flutuou para fora do tribunal, como se eles estivesse no ar e logo tinha desaparecido, como um sopro de fumaça.
Do lado de fora, os fãs de Michael, que tinham escutado o veredito ao vivo pela televisão, que cercava cada centímetro do tribunal, estavam na rua, dançando e ficando selvagens. Uma mulher libertou pombas brancas, outros soltaram balões, outros jogaram confetes, e centenas de pessoas gritavam e choravam lágrimas de alegria. A família Jackson, agora reunida, passou pelos milhares de repórteres do mundo inteiro, que estavam esperando por uma entrevista. Com a mão sobre seu coração, Michael Jackson soprou um beijo para seus fãs, então desapareceu dentro de uma SUV Yukon, preta. Um homem livre.
As pessoas se dispersaram, alguns dos membros da mídia concordavam que tudo tinha sido dito e feito, o julgamento tinha se tornado, ainda, outro obstáculo para o pop star. Um que poderia continuar a prejudicar a carreira dele. O pessoal da mídia começou a fofocar sobre as alegações contra Jackson, focando em boatos detestáveis. Os boatos e insinuações de que tinha milhões de pessoas falando mal do ícone.
Para os fãs, o feio julgamento contra Jackson simplesmente não pareceu justo. Mas para a maioria da mídia, o julgamento de Michael Jackson tinha fornecido grandes oportunidades. A imagem dele era manipulada com uma nova torção todos os dias e notícias sobre o “relacionamento especial” de Michael com crianças foram ad nauseam.
O tribunal da opinião pública compartilhava a mesma atitude de muitos jornalistas. Pessoas estavam certas de que Jackson havia molestado crianças. Assim era para alguns observadores da imprensa, mesmo depois de ele ter sido absolvido. O superstar sempre estaria defendendo sua vida privada.
Muitas pessoas pensavam que a imagem de Jackson tinha sido sacrificada de forma irreparável.
Enquanto a mídia se preparava para a próxima transmissão no caso, muitos se perguntavam se Jackson se recuperaria daquela caça às bruxas. Além do mais, alguns dos membros da imprensa tiveram de admitir que tivessem, involuntariamente, feito parte do esquema da promotoria para reduzir a vida de Jackson a um circo público. Mas em vez de lamentar ter sido parte de um grupo que estava ansioso para arruinar o pop star, muitos jornalistas pareciam se divertir com a queda de Jackson.
Pessoas amavam odiá-lo e enquanto a mídia pudesse perpetuar a imagem de Jackson como um “esquisito” a classificação deles estava certa. Somente depois que o julgamento acabou é que alguns poucos membros da mídia admitiram que os fãs de Jackson riram por último. Durante o julgamento, os fãs dele gritaram para a mídia “Vocês não estão falando a verdade!”
Talvez eles estivessem certos.
Quando uma seleta parte da mídia começou a repensar os cinco meses de julgamento, reexaminando todos os detalhes divulgados sobre a vida pessoal de Michael no tribunal, o pessoal concordou que Jackson foi capaz de suportar um escrutínio a que a maioria das pessoas jamais sobreviveria. Jackson tinha sido lançado ao inferno e tudo sobre a vida dele, com exceção de fotos de suas partes íntimas, foram esparramados diante de Deus, do tribunal, e toda a imprensa do mundo.


Durante todo o tempo, os fãs de Jackson tinham insistido que o pop star tinha sido vítima da ganância de uma família e da raiva de um promotor, mas seus comentários foram completamente ignorados. Além disso, a mídia parecia feliz em noticiar as alegações do promotor, ansiosa por arrastar a imagem de Jackson na lama. No fim, a imprensa faminta não conseguiu ver o que doze cidadãos comuns viram durante todo o tempo: não havia provas de que Michael Jackson tinha cometido crime algum.
Durante todo o julgamento criminal, a mídia foi chamada a recontar os mais sórdidos detalhes, a relatar as mais sujas acusações sendo feitas contra Michael Jackson, muitas das quais foram vendidas aos tablóides muito antes de serem reveladas no tribunal. Mas somente quando o veredito de “inocente” foi lido alto no tribunal, as pessoas perceberam que o ícone que estava diante deles era uma pessoa sendo acusada de atos criminosos, sem que houvesse prova alguma.
De repente, parecia que todo caso contra Jackson tinha sido fumaça e espelhos. Isso aconteceu a membros experientes da imprensa, que o caso contra Michael Jackson era nada além de um escândalo. Mas é claro que nunca mencionaram isso em suas reportagens.
Olhar para Michael no último dia no tribunal foi como olhar para duas pessoas. Havia Michael, o homem, com vida real e então, tudo em volta dele era esta imagem da mídia que as pessoas foram criando, uma versão distorcida de Michael, como um reflexo disforme em uma “casa de espelhos divertida” A mídia estava vendendo uma coisa e eles usavam ângulos específicos de câmera e iluminação para acentuar o nariz dele, as bochechas, a cor da pele. E então, havia o verdadeiro Michael, que era um homem bem vestido, muito culto e que parecia ter um espírito humilde. Pessoalmente, ele era um cara tímido e quieto que não tinha nenhuma relação com o personagem de tablóide.
No dia do veredito, olhando para o rosto dele, a linguagem corporal, e a aura dele, ficou claro que o homem chamado de Rei do Pop, era uma alma bondosa, que tinha se tornado vítima de sua própria fama. Não havia nenhuma arrogância nele. Não havia nada de estranho em seu rosto, nada tão louco em suas roupas, braçadeiras, o que seja. O que era loucura era a mentalidade da mídia que esperava por cortar e fatiar Jackson de todas as formas possíveis. Pessoas estavam fotografando Michael. As pessoas não se importavam em rasgar Michael para triturar.
Michael Jackson se tornou uma ilusão criada pela máquina midiática. Era uma máquina que tinha feito milhões, perpetuando a noção de Jackson como uma aberração. Era uma máquina perigosa que, em última análise, tinha tentado derrubar o ícone e, afinal de contas, foi o esforço da mídia, o documentário de Martin Bashir, que tinha feito um nome de si mesmo à custa da boa vontade de Jackson, que de alguma forma, levaram Michael a enfrentar um processo criminal por causa disso.
Para pessoas como Martin Bashir, com o ataque a Michael Jackson, a carreira na ABC News foi lançada. Bashir tinha prometido falar a verdade sobre Jackson. Bashir usou sua franca reportagem com a princesa Diana para ganhar a total cooperação de Michael. Mas o documentário de Bashir, que foi apresentado na integra no início do julgamento criminal, mais tarde pareceu ser um cruel e manipulativo esforço de um presunçoso jornalista britânico que tinha sido pessoalmente repreendido na Inglaterra por práticas jornalísticas “desonestas”.
Mesmo assim, uma vez que o documentário de Martin Bashir foi transmitido no mundo inteiro, danos irreversíveis foram causados. A absolvição de Jackson não parece importar. Certamente não para a mainstream mídia. Por mais de uma década a mídia tem criado uma indústria em torno da “vida bizarra” de Jackson e porque o documentário de Bashir afirma todas as suspeitas deles, houve pouco interesse em questionar a objetividade do lado de Bashir. Parecia que a maior parte da mídia tinha um enorme interesse em relatar coisas ruins sobre o ícone pop. Coisas ruins geravam dinheiro e ganhavam audiências.
Com Jackson caminhando triunfantemente para fora, a mídia ficou perplexa.
Depois que o veredito foi noticiado, a mídia pegou as barracas e fios, os satélite, acampamentos e seu maquiado e escovado time. A cidade de Santa Maria parecia uma cidade fantasma. A imprensa tabloide procura por sujeira. Alguns tentaram seguir Jackson até o hospital para tirar fotos dele parecendo degradado e doente, mas não tiveram sorte.
Houve algumas reportagens apressadas aos portões de Neverland para mostrar o júbilo dos fãs, mas em análise final, toda a imprensa queria sujeira, toda a imprensa queria o sórdido. Com mais nada malicioso para noticiar, a imprensa foi embora. Para todo mundo que tinha acesso a um microfone, as notícias sobre o julgamento tinham se reduzido a um pequeno ruído.
O dia de pisar o Rei do Pop tinha emperrado.
Quanto ao pessoal da promotoria, eles pareciam desapontados que o tribunal da opinião pública não tivesse levado a uma condenação. Na própria conferencia de imprensa, Tom Sneddon atribuiu a absolvição de Jackson ao “poder de estrela” dele e insistiu que sua perseguição fervorosa a Jackson no julgamento de Santa Maria, não tinha nada a ver com a história dele em relação a Michael Jackson.
A insinuação de Sneddon, de que Michael Jackson tinha sido absolvido por ser um superstar, era proveniente de amargura. A idéia de que o caso criminal teve sucesso, era uma coisa que o promotor e a equipe dele nunca aceitariam. Quando isso aconteceu com Michael Jackson, Sneddon tinha um objetivo específico. O promotor erroneamente acreditava que a cobertura tendenciosa da mídia ajudaria o caso dele, ajudaria a colocar Jackson atrás das grades.
Mas isso não aconteceu.







“MUSIC AND ME”

Muito antes de haver um julgamento em Santa Maria, a mídia pareceu ter escolhido lados, condenando Jackson por atos indizíveis baseada nas acusações que estavam enchendo o mundo, por toda a Internet, em todos os tabloides. A maioria dos noticiários parecia deleitar-se com a capa negativa que estava cobrindo o pop star e Jackson pouco poderia fazer sobre isso.
Com o intuito de vender jornais e ganhar audiência, as reportagens desumanizavam-no de todas as formas possíveis e jornalistas aproveitavam todas as oportunidades de relatar as notícias “sujas” sobre Michael Jackson sem se preocupar em confirmar os detalhes. Durante o julgamento, mesmo quando as pessoas tomavam posição para testemunhar sobre as boas ações de Jackson, o lado de Michael Jackson nunca era relado pela mainstream media.
Sem perceber isto, muitas pessoas na mídia tornaram-se parte da conspiração para destruir Michael. As pessoas cobrindo o julgamento pareciam focadas na promotoria, contando apenas um lado da estória. E os produtores dos noticiários queriam que os jornalistas falassem qualquer coisa que fosse anti-Jackson. Quanto mais negativo o comentário, mais atenção a estória ganhava. Era um círculo vicioso que quase todo mundo na mídia entrou.
Mas vendo Michael interagir com fãs, a família dele, os advogados dele, os oficiais de justiça, e mesmo com a mídia, uma coisa era inegável, a aura de Michael Jackson. O pop star parecia ter uma luz branca em volta dele que transcendia a toda turba. Michael não parecia nem um pouco preocupado com as alegações sinistras sendo apresentadas no tribunal. Na verdade, a expressão facial dele, dentro do tribunal, fez a promotoria parecer um time de pessoas desesperadas. O promotor parecia se agarrar em qualquer palha e a reação de Michael Jackson às “evidências” parecia deixar os jurados saberem disso.
Quanto aos fãs, que faziam vigília e acampavam em volta de Neverland e do tribunal, eles estavam irado pelas acusações e sentiam que Jackson tinha se tornado um objeto da mentalidade de uma multidão enfurecida. Do lado de fora dos portões de Neverland, alguns descreviam Michael, fazendo um paralelo coma princesa Diana, outro ícone que cada movimento era usado contra ela no esforço de fazer manchetes sensacionalistas. Os fãs sentiam que a mídia queria usar Michael como uma experiência científica. Para os fãs, era como se Jackson tivesse se tornado um inseto preso em um jarro de vidro, que poderia se espetado e provocado; a quem não era permitido viver livremente. Ao contrário da Princesa Diana, cuja vida acabou tragicamente quando a mídia a perseguia, com Michael, a mídia queria mantê-lo vivo, para manter a audiência crescendo eternamente.
Os fãs dele insistem que Michael se tronou uma vítima da máquina da mídia que se recusava a ver a verdade. Mesmo quando ela estava sendo apresentada na Corte Superior da Califórnia. Os fãs falavam do apetite gigantesco da mídia, que tinha, de certa forma, decidido que Michael Jackson era um “free-game” para qualquer rumor e insinuação difamatória no mundo.
Como se percebe, virtualmente, tudo que Sneddon e o time dele tinham apresentado na corte foi desacreditado por Thomas Mesereau e o time de defesa dele. Uma figura imponente que não estava interessado na atenção da mídia, que não era presunçoso de forma nenhuma, Tom Mesereau se tornou conhecido como o advogado de defesa de cabelos brancos que significava negócios. Ele mesmo se retirou do foco da mídia na cobertura do julgamento. Diferentemente de outros advogados de casos de grande perfil, Tom Mesereau não estava interessado em câmeras e holofotes. Mesereau estava interessado em justiça e ele acreditava na inocência de Jackson com todo o coração.
No dia em que Jackson foi absolvido, Tom Sneddon se tornou o “Imperador Que Não Tinha Roupas”. Foi Tom Mesereau quem deixou o tribunal com humildade e graça.
Quando a verdade começou a ser revelada, os fãs próximos a Michael se perguntaram por que o grande público não soube nada sobre os fatos verdadeiros do caso. Eles se perguntaram por que as testemunhas mais importantes foram ignoradas pela mídia. Os tablóides teimavam em cobrir Jackson com uma capa de vulgaridade. Eles quase o transformaram em uma espécie de demônio, acusando-o do pior crime conhecido para um homem, mas ninguém provou nada disso no tribunal. Mais que relatar os detalhes da absolvição de Jackson, em vez de destacar os detalhes dados pelos garotos que apareceram para dizer que nunca ocorreu nada sexual no tempo que eles estiveram com Jackson, a mídia estava aficionada por trivialidades. Havia mais destaques sobre Jackson vindo ao tribunal de pijamas. Havia mais sarcasmos sobre Jackson tendo um relacionamento com o chipanzé, Bubbles. Havia infinitos vídeos mostrando Jackson segurando o filho recém nascido em uma sacada de hotel em Berlim.
Os fãs estavam com raiva, porque a mídia nunca examinou completamente o testemunho dado por mais de uma centena de pessoas no tribunal. Testemunhos que mostravam que não havia provas de absolutamente nada sinistro na vida privada de Jackson. Os fãs sentiam que os testemunhos e as provas fotográficas apresentadas no tribunal, provavam que Michael Jackson era a pessoa mais humilde, infantil e carinhosa, que alguém poderia imaginar.
Mas a mídia quis ignorar isso.
Quando o julgamento acabou, Tom Mesereau confidenciou, que a absolvição de Jackson, na verdade, tinha custado bilhões de dólares para a imprensa mundial. Aparentemente, tivesse Michael Jackson sido enviado para a prisão, a indústria de tablóides teria criado uma fábrica de reportagens sobre a segurança de Jackson na prisão, a vida de Jackson atrás das grandes, o suicido de Jackson, sobre os detentos de Jackson e a infindável frenesi continuaria. Mesereau estava dizendo que certamente o pessoal da imprensa tinha feito negociações para seguir toda a programação de Jackson atrás das grades. Qualquer um que estivesse visitando Michael Jackson estaria criando uma estória por dia. Selvagens rumores surgiriam em abundância, dando às pessoas a idéia de que Jackson estava mais louco que nunca. Enchendo o supermercado de tablóides perpetuamente.
Dessa forma, dias após o veredito, a revista Star falsificou uma reportagem de que Jackson tinha planejado dar uma festa no hotel Bellagio, em Las Vegas, dando a entender que Jackson queria celebrar a vitória com os fãs. Isto era um absurdo. A reportagem não tinha base alguma.
Outro tablóide, o London’s Daily Mail, salpicou de destaques que Jackson estava “escondido em um deserto no Oriente Médio” relatando que “ele agora já enfrenta novas acusações sexuais.” Como foi revelado, aquelas acusações foram feitas por um desagradável homem em Nova Orleans. E ele foi completamente desacreditado. O homem alegava que ele tinha sido fisicamente atacado por Jackson com uma lâmina de barbear, e que Jackson o havia drogado, além de outras coisas. O tribunal da Louisiana queria que Michael Jackson, ou um representante, se apresentasse para uma audiência pública, em 17 de agosto de 2005, embora o acusador tivesse um recorde criminal por perseguição e fosse um confesso bígamo. Algum tempo depois, o caso foi completamente recusado.
Este foi um exemplo de mais um frívolo caso contra Michael Jackson, que significaria mais humilhações, mais danos para a imagem pública dele e mais problemas nos tribunais dos EUA para o Rei do Pop. Por causa da conduta incomum dele, a riqueza e a natureza dos negócios dele, Michael Jackson se tornou o maior alvo do mundo e o pop star encontrou-se no tribunal, mais e mais vezes.
Quanto ao julgamento criminal, o que aconteceu antes do tribunal foi, na verdade, o resultado de Michael Jackson tentar ajudar um garoto de dez anos com câncer. Michael envolveu-se com o garoto, Gavin Arvizo, quando ele foi diagnosticado com câncer no estágio quatro e ter recebido uma sentença de morte por uma equipe médica, em Los Angeles. Como era o último desejo de Gavin falar com Michael Jackson, Michael ligava para o quarto de hospital de Gavin, de qualquer lugar do mundo, travando longas horas de conversa com Gavin, sobre vídeo games, brinquedos e a beleza de Neverland.
Foi Jackson quem deu ao garoto uma razão para viver. Foi Jackson quem ajudou o menino a encontrar força para superar aquilo, embora o câncer estivesse comendo vários órgãos do garoto, incluindo o baço e um dos rins.
Neste ponto, o garoto doente e o resto da família dele tinham visitado Neverland enquanto ele ainda estava sob tratamento quimioterápico. Nesta primeira visita, Gavin Arvizo estava em uma carreira de rodas, sofrendo com perda de cabelo e de peso. Entre outras coisas, Gavin tinha perdido a auto-estima, mas era Michael Jackson quem poderia transformar tudo isso.
Nas palavras que o próprio Gavin escreveu, em uma nota no livro de visitas depois da primeira visita dele a Neverland Valley Ranch:
“Querido Michael: obrigado por me dar coragem pra tirar meu boné na frente das pessoas. E amo você, Michael. Amor, Gavin.”
Foi Michael quem deu a Gavin e a família dele o senso de esperança que eles precisavam. Foi Michael quem encorajou Gavin a encontrar a força para deixar a cama de hospital. Foi Michael quem ofereceu a Gavin e a família dele a emoção de ter uma limusine levando-os de um bairro do leste de Los Angeles ao esplendor de Neverland Valley Ranch. Mesmo assim, todas as boas ações de Michael têm sido deturpadas pela mídia, têm sido usadas contra ele por uma família faminta por dinheiro.
Tom Mesereau ficou irritado porque a mídia gastava horas cobrindo acusações danosas, nem uma fez falou sobre todo o trabalho de caridade que Michael devotava às crianças. Durante o julgamento, Mesereau continuamente pontuava que Michael era um humanitário que tinha ajudado centenas de milhares crianças em todo o mundo, que nunca deu um concerto sem visitar hospitais infantis primeiro, mas ninguém na mídia captava isso. Quando o julgamento acabou, Mesereau começou a falar sobre a injustiça da cobertura da mídia. Para Mesereau, a cobertura não imparcial do julgamento era ainda outro aspecto da rigorosa e incomum forma que Jackson tinha sido mal representado.
Uma vez que o julgamento criminal tinha acabado, Tom Mesereau falou sobre o acordo, de aproximadamente 20 milhões de dólares, feito com Jordie Chandler e a família dele e o efeito que esse acordo teve sobre outras pessoas que procuravam por dinheiro fácil de Michael Jackson. No caso dos Chandlers, Mesereau acreditava que Jackson tinha sido vítima de maus conselheiros. Mesereau estava convencido de que Michael escutou parceiros de negócios que estavam somente interessados em que Jackson fizesse dinheiro. Voltando em 1993, os conselheiros de negócios dele não estavam assinando os cheques, Michael Jackson estava; e comparando com a capacidade de Jackson gerar dinheiro naquela época, o montante de dólares de um acordo não parecia importar para aqueles que se levantaram para ganhar muito dinheiro em negócios futuros.
Naquela época, como sempre, todos em volta de Jackson tinha um esquema para produzir novos produtos de Jackson, novas músicas de Jackson, novos vídeos de Jackson. E eles queriam que ele continuasse com os negócios dele, como de costume. Os conselheiros de Jackson pareciam não ter tido nenhum interesse sobre qual tipo de efeito um acordo daquele tamanho criaria no tribunal da opinião pública.
No outro lado da moeda, os fãs de Jackson sempre estiveram convictos de que havia uma conspiração para destruir Michael. Fãs estavam certos de que pessoas poderosas da Sony tinham espalhados rumores com o intuito de destruir a carreira de Jackson. Alguns fãs acreditam que executivos da Sony quiseram forçar Jackson a vender a parte dele no catalogo SONY/ATV. Muitos fãs ficavam do lado de fora da corte, a cada dia, segurando cartazes sobre a Sony, gritando “Lute, Michael, lute!”
Fãs acreditavam que a campanha para destruir a imagem pública de Jackson surgiu da ganância da companhia, que não apenas alimentou o julgamento em Santa Maria, mas também esteve por trás das acusações de outro garoto e a família dele.
Para registro, transcrições de gravações secretas, algumas que remontam a 1987, sugerem conduta duvidosa por parte de muitas das pessoas que fizeram acusações sensacionalistas contra Jackson no passado. Muitas dessas gravações, bem com as correspondentes transcrições estão, agora, sendo usadas pelo governo federal dos Estados Unidos em um existente processo contra Antony Pellicano, o investigador particular de estrelas, que o time de Michael Jackson uma vez contratou, para descobrir a verdade sobre a família Chandler.
Quanto a Michael, o superstar tem estado em público com suas reclamações que os conspiradores têm tentado arruiná-lo como parte de uma tentativa de assumir o controle da participação no catálogo de música SONY/ATV, o qual inclui músicas de Elvis Presley e dos Beatles. Jackson se referiu à conspiração, e isto apareceu em um desagradável artigo da Vanity Fair que chegou as bancas dias antes do veredito, em Santa Maria.
A Vanity Fair ridicularizava a alegada crença de Michael Jackson de que o acusador e a família dele estavam sendo pagas pelos “inimigos”, que queriam assumir o controle do catálogo da SONY/ATV. O perverso artigo zombava de Jackson, quem acreditava que o ex-presidente da Sony, Tommy Mottola, e a “toda poderosa” Sony_ assim como o promotor Tom Sneddon_ eram os "principais conspiradores” contra ele.
Sobre tudo isso, o advogado de Michael Jackson, Tom Mesereau, manteve-se um tanto quanto neutro. Embora Mesereau não tenha verdadeiramente nenhuma evidência que prove a teoria de Jackson de que ele foi vítima de conspiração, o advogado concorda que isso seria perfeitamente possível que uma “conspiração subconsciente” entre a Sony e o promotor distrital de Santa Bárbara tenha existido.
“O que Michael Jackson disse sobre uma conspiração, tem sentido lógico, mas não há evidencias”, Mesereau confidenciou. “se Michael estivesse na cadeia ou na prisão, como ele poderia defender a propriedade dele no catálogo? Como ele se defenderia de todos estes processos frívolos? A Sony tinha muito a ganhar se tivesse ocorrido uma condenação e Sneddon ganharia status de celebridade. Essas pessoas não precisavam sentar para conspirar juntas. Elas podem ter ajudado umas as outras em um não planejado nível. Porque elas têm um interesse comum.”
Ironicamente, se uma conspiração contra Jackson existiu, talvez ela tenha sido conduzida por ex-empregados com interesses pessoais, alimentados por convidados incomuns, que queriam ganhar dinheiro e fortificado por certos membros do judiciário que tinham suas próprias razões egoístas para querer destruir Jackson.
Com Michael Jackson sendo, talvez, a pessoa mais famosa a enfrentar acusações criminais, as autoridades queriam abrir a excêntrica vida de Jackson para a inspeção pública. O promotor de Santa Bárbara tinha prazer em envergonhá-lo.
Por razões óbvias, o Rei do Pop fez pouquíssimas declarações e deu raríssimas entrevistas em relação ao julgamento dele. Logo no início, Michael transmitiu uma declaração sobre a inocência dele na Internet. Michael convidou Geraldo Rivera para uma breve audiência em Neverland e, mais tarde, uma entrevista de Jackson apareceu na Fox News, embora a controvérsia de Geraldo, de que Jackson estava sendo perseguido pelo promotor de Santa Bárbara, não tenha sido bem recebida pela imprensa. Durante o julgamento, Jackson falou para os fãs via rádio, em algumas poucas ocasiões, mas, na maior parte, o pop star não falava muito para a imprensa, mesmo, abrindo uma única exceção para o amigo e conselheiro espiritual, o Reverendo Jesse Jackson.
Em uma pontual transmição de rádio, a qual foi ao ar no domingo de Páscoa, em 2005, Michael disse ao Reverendo Jackson, “Eu sou totalmente inocente e isso é muito doloroso.”
Na rádio, Michael disse que ele era uma vítima de racismo, afirmando que fazia parte de muitos dos “black luminaries” que tinha se tornado uma vítima. Jackson disse que encontrava força no exemplo de Nelson Mandela e Muhammad Ali. Jackson disse que se sentia descriminado por ser uma pessoa de cor. Quando Jesse Jackson perguntou sobre uma possível conspiração da Sony, que poderia estar por trás das alegações no julgamento criminal, Michael tinha muito pouco a dizer.
Reverendo Jesse Jackson pediu a Michael que detalhasse exatamente o que estava no catálogo SONY/ATV, mas Michael não quis seguir por esta estrada.
Enquanto Jesse Jackson tentava conseguir informações sobre o problema entre a Sony e o ícone pop, ficou claro que Michael estava com medo de discutir o assunto. Quando perguntado sobre o cabo-de-guerra pelo catálogo da Sony, Michael foi cauteloso. Havia apenas uma coisa que Michael poderia dizer sobre o catálogo SONY/ATV, “é muito valioso. Gera muito dinheiro. E existe uma grande briga rolando enquanto nós falamos disso. Eu não posso comentar. Há muita conspiração. Eu direi que muita.”
Mas se sim ou não, alguém na Sony conspirou para arruinar Michael Jackson (e não há evidencias disso, efetivamente) realmente não havia interesse para Tom Mesereau no caso criminal. O que Mesereau tinha certeza, durante o curso do processo criminal, era que ele estava lidando com um grande grupo de pessoas que contribuíram para um plano em comum, uma conspiração, para destruir a imagem de Michael Jackson.
Aquelas eram pessoas, Mesereau provaria, que estavam em busca de qualquer tipo de fama e fortuna para elas próprias. E Michael Jackson era o veículo deles. Decidido a lutar contra Tom Sneddon e a promotoria, de uma vez por todas, Mesereau foi a primeira pessoa a ver o jogo sendo jogado nos bastidores. Ele veio a considerar todo o caso contra Michael Jackson, em si, era uma conspiração.
Segundo Mesereau, foi a família de acusadores de agiu de acordo com Tom Sneddon e estimulados por certos membros da mídia, que se engajaram em um bem arquitetado plano para tentar colocar Michael Jackson de joelhos. O advogado Mesereau, que há muito tem sido um vencedor por direitos civis na comunidade Afro-americana, confidenciou que quando ele deu uma olhada nas evidências, quando ele sentou e estudou as milhares de páginas de descobertas, ele ficou apto a tirar as próprias conclusões.
“A mídia estava basicamente dizendo, ‘Você não pode vencer este caso. Não há esperança, ’ mas eu não me importei com o que diziam, para ser honesto’”, confidenciou Mesereau. “Eu olhei as evidências, como sempre faço, eu fico conhecendo o cliente. Eu decidi que isso isto era um caso vencível e também decidi que teríamos um julgamento justo em Santa Maria.”
Os agentes públicos nunca imaginaram que as pessoas em Santa Maria teriam uma visão positiva de Michael Jackson. Por acaso, certos residentes confidenciaram a Tom Mesereau que eles sentiam que Tom Sneddon tinha uma séria rixa contra o pop star, embora Sneddon consistentemente negue isso. Os moradores de Santa Maria sentiam que Jackson era um grande trunfo para a comunidade deles e eles expressaram uma positiva sensibilidade sobre Jackson. Porém, sem a permissão de câmeras no tribunal, com reportagens tendenciosas sendo os únicos meios de o grande público se inteirar do julgamento, a mancha foi inevitável.
No sensacional julgamento dele, cento e trinta e cinco testemunhas depuseram, ao todo. Elas variavam de amigos crianças a estrelas de filme. De peritos criminais a contadores forenses. A quantidade de especialistas e funcionários que testemunharam era o bastante para confundir a mente. Muito dinheiro foi gasto no esforço de colocar qualquer coisa sobre a vida de Michael Jackson em m microscópio. Tudo que ele possuía foi questionado, todo livro, toda peça de arte, todos os itens da lavanderia dele. Tudo isso era sujeitado ao escrutínio público.
No momento em que as evidências foram apresentadas, as pessoas provaram que Jackson era diferente. Que ele levava a vida dele de uma forma que ninguém sonharia possível. Mais que nunca, as pessoas viram que Jackson vivia em um particular mundo de sonhos, um mundo onde ser criança fazia parte do quem Jackson era. O júri aprendeu que Michael confiava demais nas pessoas. Entre os detalhes que o júri ficou chocado em descobrir: Michael tinha nomeado conselheiros alemães como representantes legais, aparentemente sem entender as consequências de suas atitudes infantis.
Do outro lado do mundo, noticiários teriam pessoas acreditando que a Neverland de Jackson era cheia de subterrâneos escuros, com jogos sinistros para atrair crianças para uma armadilha. De qualquer forma, dentro do tribunal, onde isso realmente importava, revelou-se que o ícone pop, pelas próprias declarações gravadas, tinha convencido o júri que ele era um inocente joguete.



“SHAKE IT, SHAKET IT, BABY”

Quando o julgamento de Jackson começou, Michael usando um terno todo branco com uma braçadeira dourada, fez um sinal de vitória para a multidão do lado de fora do tribunal, que o aplaudiu veementemente. Jackson era uma atração muito maior que qualquer outra celebridade cujo nome estava listado como possível testemunha, de Elizabeth Taylor a Macaulay Culkin, de Stevie Wonder a Larry King. A mídia queria ouvir de Jackson, todas as redes de TV assim como todos os principais jornais, a revista People, o New York Times, USA Today, estavam em fila, esperando, brigando por posições entre jornalistas de redes de TV estrangeiras e editoras de todo o globo, na esperança de um comentário de Michael um breve vislumbre de como o superstar estava se sentindo.
Todo mundo queria relatar alguma coisa sobre Jackson e embora o pessoal da mídia estivesse ansioso para ver o desfile de estrelas que viriam nos próximos meses, todo mundo estava verdadeiramente focado em Michael, esperançoso de que o Rei do Pop agisse escandalosamente, dançasse em cima da SUV, dissesse alguma coisa maluca que atraísse mais fofocas no mundo inteiro.
A rede de TV NBC e as subsidiárias tinham criado uma plataforma de quatrocentos e oitenta pés para abrigar este gigante time de reportes, produtores e câmeras. A CNN construiu uma elaborada plataforma de sete pés em frente ao tribunal, na rua Miller, que dava a eles uma visão privilegiada do espetáculo de Jackson. O resto dos duzentos e vinte membros credenciados da mídia, FOX, ABC e CBS, inclusive, foi relegado a improvisar tendas diretamente de frente ao Complexo da Corte Superior de Santa Maria, firmemente encaixada em uma linha coordenada. Em torno da mídia havia esquadrões de bomba e arsenal de munição, escondidos em carros de polícia. Embora ninguém nunca tenha falado sobre isso.
Os membros da mídia eram especialistas em observar cada movimento de Michael Jackson, mas sabendo disso o por star ficava especialmente quieto quando estava sentado atrás da mesa de defesa. A julgar por algumas “caras” o pessoal da mídia estava desapontado por ver que o Rei do Pop estava bem comportado, calmo e relaxado; parecendo totalmente preparado para enfrentar o primeiro grupo de perspectivos jurados no caso.
Como o grupo da manhã de cento e setenta filtrados debatedores, Jackson e o time legal de quatro membros dele prestavam atenção. Michael sorria para o grupo de professores escolares, técnicos de futebol e estudantes. Um elenco de todo o povo americano, que olhavam para o pop star com grande propósito. Eram cidadãos medianos, com famílias e humildes estilos de vida e eles se encontraram na estranha posição de analisar Jackson, não como uma estrela, mas como um possível criminoso. Se algum deles esperava ver algum das deslizadas vidradas de Jackson pelo tribunal, se alguém pensou que eles poderiam ter algum vislumbre de uma das danças robóticas dele, eles não testemunhariam isso aqui.
Com a seleção do júri em pleno andamento, muitos cidadãos vieram com pobres desculpas sobre por que eles não tinham tempo para servir como jurado em um julgamento que duraria cinco meses. Com isso o juiz Melville ficou um pouco aborrecido, fazendo o pronunciamento “liberdade não é de graça. O dever de servir como jurado é parte do custo da liberdade.”
No tribunal, Michael, o artista, não tinha nada a fazer a não ser ficar quieto, observando o procedimento com um o olho fixo. Pessoas que estavam requerendo uma isenção de dever de ser jurado poderiam olhar para o por star quando eles se aproximavam do pódio para pedir que fossem dispensados, estudando o rosto de Michael, como se eles estivessem tentando ver se ele era real. Com as pessoas da massa de possíveis jurados explicando as razões pessoais porque eles eram incapazes de servir, o tribunal se tornou um lugar enfadonho. Todo o brilho de Jackson se fora.
Mas por que se pensa que um caso é vencido ou perdido durante a seleção do júri, os dois lados estavam brigando, e cada um tinha consultores de júris, prontos para “atacar” certos tipos de jurados. Das muitas coisas que ambos os lados precisavam considerar: o potencial de discrição dos jurados. Pessoas pensavam em se dispor por razões parciais e financeiras.
No curso dos poucos dias que se seguiram, como a piscina de jurados estreitou-se, cada jurado poderia ser individualmente questionado, perguntado sobre divulgadas informações sobre ele, a vida privada dele ou a vida da família e habilidade para ser justo no julgamento. Eles foram perguntados sobre os sentimentos deles em relação à justiça da aplicação da lei e eram questionados sobre as próprias experiências com alegações criminais.
Noticiários mais tarde fariam piada sobre o esforço para fazer a seleção de um júri de pares de Michael Jackson, mencionando a impossibilidade de encontrar doze pessoas que vivessem em um parque de diversões, que gastassem centenas de milhões de dólares, que experimentassem radicais mudanças na aparência. De qualquer forma, havia uma coisa que os comentadores especialistas concordavam: o júri não poderia se composto por fãs de Michael Jackson. Se isto seria um julgamento justo, a promotoria era forçada a eliminar os fãs de Jackson da piscina de jurados.
Uma vez que o júri foi selecionado, a promotoria parecia ter cartas marcadas a seu favor. Não somente porque os fãs de Michael foram eliminados, mas em razão da demografia de Santa Maria, que era composta por caucasianos e latinos, havia pouca perspectiva de que pessoas afro-americanas fossem capazes de servir o júri. A pequena cidade de Santa Maria, com oitenta e dois mil habitantes, era uma comunidade homogênea, um lugar que poderia ter sido qualquer lugar dos Estados Unidos. Com a proliferação da franquia, da Toys “R” us a Applebbes’s a Home Depot, era uma típica cidade suburbana isolada.
Por que foi considerado um grande desafio encontrar o júri certo para o caso, Tom Mesereau gastou muito tempo em Santa Maria antes do começo do julgamento. Vestindo jeans e uma camiseta casual, Mesereau sentou-se sozinho em um dos bares locais e ele casualmente falou com as pessoas perguntando a elas o que elas pensavam do caso.
Mesereau teve um pressentimento sobre a cidade, sobre as pessoas.
Como ele falou para os moradores locais, o advogado teve a distinta impressão de que as pessoas de Santa Maria gostavam de ter Michael Jackson como vizinho. Mesereau ouviu de muitas pessoas que Michael Jackson era considerado uma pessoa legal, uma pessoa boa, quem, quando ele entrou para comunidade local, foi gentil com todo mundo, particularmente pessoas criativas. Os moradores de Santa Maria pareciam considerar Michael uma pessoa muita decente e honesta.
“Eles eram sempre brancos, caucasianos ou latinos. Eu não me lembro de ter visto nenhum afro-americano em um restaurante ou bar”, Mesereau relembra. “Embora as pessoas lá fossem muitos conservadoras, muito rigorosa com as leis, a mídia não estava reportando o quão as opiniões delas eram independentes. Os moradores de Santa Maria pareciam ser pessoas um tanto quanto libertárias.”
No fim, Mesereau não se importava se tinham um júri “pro- Jackson”. Ele apenas queria um júri que fosse formado por pessoas de mente aberta e justas. Quando começou o caso contra Michael Jackson, muito antes do júri ser selecionado, Mesereau escutou que o promotor Tom Sneddon não era “necessariamente uma pessoa confiável” na opinião dos habitantes de Santa Maria.
“Lá parecia haver um forte sentimento de que o promotor Tom Sneddon tinha uma vendeta contra Michael, que pode ter obscurecido o julgamento e abordagem dele”, Mesereau confidenciou. “A palavra vendeta foi muito usada. E eu senti que quando a verdade surgisse, o júri saberia que Michael Jackson é um grande defensor de crianças do mundo inteiro. Eles saberiam que ele tinha feito muito pela causa infantil em todo o mundo. Eu sentia que quando a verdade sobre como ele atraia crianças e por que ele estava interessado em crianças fosse revelada, as pessoas ficariam muito receptivas a quem Michael é.”
Dias antes de o efetivo júri ser selecionado e o julgamento ter começado, ambos os lados estudaram as expressões faciais e cuidadosamente avaliaram a experiência de vida de cada jurado. Mesereau, por exemplo, questionou os jurados sobre se eles acreditavam que crianças poderiam ser manipuladas a mentir pelos pais delas.
Entre os potenciais jurados que foram dispensados pela defesa, está incluída uma professora que lidou com problemas emocionais e dificuldade de aprendizagem, assim como um homem, que, como um pesquisador para uma universidade, pensava que acusados em um julgamento de grande perfil “poderia obter uma melhor atuação da justiça” que aqueles que estavam em julgamentos com menos publicidade. A promotoria dispensou uma ex-assistente de escritório de uma escola que disse ter sido falsamente acusada pela patrulha de transito da Califórnia. De qualquer modo, a mais séria dispensa ocorreu guando a promotoria expulsou duas potenciais mulheres afro-americanas. Em toda a piscina de duzentos e dois, somente seis eram afro-americanos. Para Mesereau, a ideia de que o painel poderia não incluir nenhum jurado afro-americano tornou-se uma impressionante realidade.
“Eu sentia que a promotoria tinha a mente muito estreita, quando se tratava de raça” Mesereau concluiu, “eles pensavam que o acusado estava desesperado por ter um afro-americano no júri. Eles pareciam, em minha opinião, por muita arrogância, acreditar que este era um caso que eles não poderiam perder. Enquanto selecionávamos o júri, houve duas mulheres afro-americanas removidas, eu fui até a barra lateral e fiz objeções constitucionais por aquelas pessoas estarem sendo removidas em razão da raça delas. O juiz rejeitou minhas objeções.
Embora Mesereau tivesse gostado de ter um afro-americano no júri, o advogado de defesa sentia que isso não era necessário. Raça é uma coisa com a qual Mesereau tem sempre se preocupado. Mesereau há muito tempo tem sido uma força positiva na comunidade afro-americana. De qualquer forma, Mesereau não estava procurando por um afro-americano que pudesse pendurar o caso. O que Mesereau queria era uma completa vitória e quando ele aceitou o painel de jurados que não possuía um representante afro-americano, Mesereau sentia que estava desafiando o blefe da promotoria.
“Você pergunta sobre afro-americanos no júri?” Mesereau explicou, “Eu não queria que raça fosse um problema nesse julgamento. Eu penso que Michael Jackson transcende raças. Quando eu soube quem Michael era, quando eu entendi a vida dele e o mundo dele, eu percebi que Michael tinha uma qualidade muita rara, e isso é: ele faz pessoas de todas as raças se unirem. Se você olhar para as pinturas na casa dele, você verá crianças de todos os continentes, de todas as cores, todas as religiões, usando os trajes nativos delas.”
Quando o júri começou, pessoas de raças diversas no painel do júri, puderam se tornar um grupo muito envolvido, que se sentiam muito protetivos uns em relação aos outros, enquanto eles trabalhavam veladamente à maneira deles, passados o tumulto de fãs adoradores e a fúria da imprensa. Eles eram um grupo de oito mulheres e quatro homens que, acrescidos de oito jurados reservas, sentaram para assistir o julgamento, incluindo um jovem afro-americano que foi selecionado como uma alternativa. Este era o pequeno grupo de medianos cidadãos americanos que decidiria qual era a verdade por trás das sinistras acusações feitas contra Michael Jackson. Muito era esperado deles, e ninguém tinha certeza se aquele punhado de pessoas seria capaz de ser justo.
“As pessoas na mídia estavam muito míopes quando davam o ponto de vista deles sobre o júri”, Mesereau disse. “A mídia continuava a se perguntar: ‘Como esse júri vai julgar Michael Jackson? ’ Mas eles nunca disseram a si mesmos: ‘Como esse júri vai julgar esta família de acusadores? ’”
Como foi revelado, o júri fez julgamentos sobre a família de acusadores. Quando eles depois deram uma breve conferencia de imprensa sobre os vereditos, alguns jurados admitiram que a mãe de Gavin Arvizo, Janet, a testemunha chave na acusação de conspiração contra Michael Jackson, não poderia ser acreditada.
A jurada número 8, mãe de quatro filhos, sugeriu que a conduta de Janet Arviso era inadequada. A mãe de quatro filhos parecia concordar com a representação que a defesa fez de Janet “Jackson” Arvizo como uma golpista que ensinou os filhos a “mendigar dinheiro”. A jurada de cinquenta e dois anos disse à imprensa que ela questionou os valores de Janet Arvizo, declarando que “Eu não iria querer que meus filhos mentissem para ganho próprio.”
“A noção da promotoria de que Neverland era uma isca, um tipo de armadilha monstruosa, criada por um pedófilo, eu considerei ridícula e eles não puderam provar isso durante o julgamento.” Insistiu Mesereau. “No final, as pessoas que se preocupam com crianças, que se interessam por crianças, veriam a verdade sobre Michael Jackson e saberiam que os motivos dele era muito nobres, muito honestos, e muito sinceramente realizados.”
Era segunda-feira, 28 de fevereiro de 2005, o dia em que as declarações começaram a ser abertas. No primeiro momento, o juiz Melville leu as dez acusações contra o senhor Jackson, que incluía quatro acusações de abuso sexual infantil, quatro acusações de administrar álcool para cometer crimes, uma acusação de tentativa de abuso sexual; e uma acusação de conspiração. Quando cada lado apresentou os argumentos dele, imagens conflitantes de Michael surgiram. A promotoria estava chamando Michael de um predador sexual, a defesa argumentava que Michael era uma presa fácil. Ambos os casos revelaram detalhes e inconsistências sobre o caso e, finalmente, os jurados puderam ouvir duas estórias completamente contratantes sobre o que aconteceu na primavera de 2003, na Neverland Valley Ranch, de Michael Jackson.
Ambos os lados foram ousados e audaciosos em suas afirmações e cada um fez o caso parecer plausível. A promotoria queria fazer as pessoas acreditarem que Michel Jackson era uma pessoa demoníaca, que tinha interesses sexuais ocultos, por trás de seu relacionamento com os filhos dos Arvizos. O time de defesa queria mostrar como Jackson tinha sido uma vítima de todos em sua volta, mostrar que uma família como os Arvizos, com quem Jackson fez amizade, sempre acabam sendo desleais. A defesa argumentaria que havia poucas pessoas em quem o superstar pôde confiar, insistindo que as pessoas em que ele confiou estavam sempre atrás de dinheiro ou uma parte da fama de Jackson.
Assim que começaram as declarações de abertura, o promotor Tom Sneddon faria de tudo em seu poder para mostrar Jackson como um pedófilo, que orquestrou uma bem elaborada conspiração, astutamente usando a fama dele para atrair o amigo, Gavin Arvizo, a Neverland, onde alegadamente Jackson dobrou Gavin com álcool, “sangue de Jesus”, com o intuito de molestar o garoto de treze anos.
O promotor veterano recontou como Jackson conheceu Gavin em 2000, quando o garoto estava sofrendo de um grave tipo de câncer, contando aos jurados que foi durante a primeira visita de Gavin a Neverland que Michael primeiramente mostrou imagens sexualmente explícitas de mulheres a um garoto de dez anos e o irmão mais novo dele, Star Arvizo. Sneddon manteve que nada sexual aconteceu naquela visita inicial, mas o promotor tentou mostrar que uma “preparação” padrão existiu.
O promotor passou a graficamente detalhar os atos do alegado abuso, fazendo alguns jurados parecerem inquietos. Algumas pessoas olharam com desaprovação para Jackson quando o promotor disse que o popstar mostrou a Gavin sites adultos. Além de outras coisas, Jackson foi acusado de fazer, diante dos garotos Arvizos, uma simulação de sexo com uma manequim de tamanho natural, sair do banheiro dele nu e dizer para os garotos Arvizos não sentirem medo da nudez porque “é natural.”
Parado no pódio, diante do júri, Sneddon deixou sua opinião sobre Jackson clara: “Em vez de ler Peter Pam para eles, Jackson os estavam mostrando revistas sexualmente explícitas. Em vez biscoitos e leite, você pode substituir por vinho, vodka e Bourbon.”
Quando o promotor começo a apresentar a teoria sobre a alegada conspiração, os ouvintes no tribunal escutaram-no gritando comentários dos microfones do pódio. Sneddon parecia fora de rumo por um momento, mas continuou descrevendo uma elaborada teoria de conspiração, a qual ele mesmo admitiu ser “difícil de seguir.”
Sneddon disse aos jurados que o documentário feito pelo jornalista Martin Bashir, no qual Gavin Arvizo foi exibido conversando com Michael Jackson sobre os dois dividirem a cama, criou uma “tempestade de fogo” que ameaçou a carreira do pop star, levando Jackson a iniciar uma conspiração para raptar e extraditar a família Arvizo.
“O mundo de Michael Jackson estava abalado. Não abalado no sentido musical, mas no sentido da vida real.” Sneddon insistiu.
Sneddon afirmou que o documentário de Bashir, Living With Michael Jackson, levou Jackson e os parceiros de negócios dele a conspirar para aprisionar ilegalmente Gavin Arvizo e a família dele no rancho Neverland, afirmando que Jackson tentou forçar a família Arvizo a gravar um documentário refutação em resposta ao de Bashir.
De acordo com Sneddon, a conspiração ainda implicou em levar a família Arvizo a Miami, alegadamente para uma conferencia de imprensa, que nunca teve lugar, e também implicou em forçar a Mãe de Gavin a assinar um papel em branco que mais tarde seria usado por Jackson em um processo civil contra a TV Granada, a entidade que produziu o documentário de Bashir. (A TV Granada foi supostamente liquidada algum tempo depois de o julgamento acabar.) Além disso, Sneddon disse aos jurados que um dos associados de Jackson tinha retirado Gavin e Star Arvizo da escola, alegadamente planejando levar os garotos Arvizos, juntamente com a mãe deles, para o Brasil.
Tão maluco quanto poderia aquilo pode ter soado, o que ficou como a mais bizarra afirmação, foi a cronologia de Sneddon em relação ao alegado abuso sexual. O promotor afirmou que Gavin e Star Arvizo, cada um, disse que o alegado abuso sexual ocorreu depois do documentário de Bashir se exibido, depois da viagem a Miami e depois que a fita-refutação fosse filmada para a FOX. Em outras palavras, os Arvizos estavam acusando de Jackson de praticar atos lascivos com uma criança, não quando Martin Bashir estava filmando o danoso documentário dele, em 2002, mas sim, a alegação deles era que Jackson agiu inapropriadamente em 2003, apenas semanas após o documentário de Bashir se transmitido, quando Jackson e a equipe de relações públicas dele estavam lançando uma campanha para derrubar todas as visões distorcidas que Bashir tinha apresentado do Rei do Pop.
Parecia estranho.
Tom Mesereau iniciou o pronunciamento de abertura, ferozmente atacando a teoria de Sneddon, dizendo aos jurados, “Essas acusações são fictícias. Elas são falsas e elas nunca aconteceram.”
Quando Mesereau falou, ele assumiu o controle do tribunal, prometendo que provaria que todas as alegações contra Michael Jackson eram falsas e ainda provaria que a mãe do garoto tinha fabricado o mesmo tipo de acusações inúmera vezes. Mesereau disse aos jurados que Janet “Jackson” Arvizo tinha cometido perjúrio, tinha alegado abuso sexual anteriormente, tinha fraudulentamente recebido ajuda governamental, tinha lesado a JC Penny Corporation em um grande acordo civil e ela não declarou as enormes somas de dinheiro que recebeu em doação para as despesas médicas do filho.
As sobrancelhas de todos se ergueram guando o advogado disse aos jurados que a Janet Arvizo tinha pedido doações a celebridades incluindo Adam Sandler, Mike Tyson e Jim Carrey, o tempo todo sabendo que o seguro de saúde do ex-marido pagava pelo tratamento. Mesereau ainda contou aos jurados detalhadamente o estranho encontro que a família Arvizo teve com Cris Tucker, Jay Leno e George Lopez, prometendo que produziria testemunhas que mostrariam como Michael Jackson se tornou o principal alvo da família Arvizo.
“Nós provaremos a vocês que a celebridade mais conhecida, a celebridade mais vulnerável, Michael Jackson, se tornou o alvo.” Mesereau disse aos jurados. “As alegações de abuso sexual começaram quando a família Arvizo estava incapaz de conseguir algum dinheiro do documentário de Bashir ou do vídeo-réplica que eles fizeram em louvor a Jackson.”
Mesereau prometeu aos jurados que eles ouviriam o próprio Michael Jackson, afirmando que o pop star estava preparado para provar a falsidade das impressões criadas pelo documentário Bashir.
“Bashir queria ser escandaloso, ele queria ficar rico”, Mesereau disse, contando aos jurados que mostraria imagens cortadas da entrevista de Jackson com Bashir que limpariam o nome do ícone.
“Neverland não é um paraíso para atividades criminosas, uma isca para abuso sexual, como caracterizada pela promotoria. é um lugar como a Disneylandia”, insistiu Mesereau, “Um lugar para crianças desafortunadas e doentes ter um dia de diversão.”
O advogado de defesa explicou que, como a mãe deles incentivou, Gavin, Star e Davellin Arvizo voltaram-se para um novo pai, Michael Jackson, como o homem que poderia realizar os sonhos deles. Tom Mesereau pontuou que a família Arvizo teve alegres férias, roupas, presentes, tudo pago por Michael Jackson. Mesereau insinuou que a família Arvizo não queria perder o “ticket de refeição” deles. Como forma de garantir a presença dele na vida deles, Mesereau contou aos jurados, “Os meninos Arvizos chamavam-no Papai Michael.”
Na primeira visita a Neverland, o irmão de Gavin, Star, escreveu uma nota agradecendo Michael pelo “momento inesquecível”. A irmã, Davellin escreveu uma carta dizendo “Você ajudou muito meu irmão. Sem você eu não sei onde nós estaríamos. Você é muito carinhoso e amável. Eu amo você com todo meu coração.”
Como Mesereau falou, os jurados descobriram que Michael tinha dado aos Arvizos um carro, um computador, e vários presentes para tornar a vida deles um pouco mais fácil. Além disso, Michael permitiu que os garotos Arvizos visitassem Neverland quando ele nem mesmo estava. Tudo para colocar um sorriso no rosto do jovem Gavin. Michael acreditava que ele poderia ajudar Gavin, então o garoto poderia ser capaz de se curar.
Além de outras coisas, os jurados souberam que durante anos Michael, juntamente com outras celebridades, tinha tentado ajudar a família Arvizo, conseguindo doações de sangue, organizando eventos de arrecadação, fazendo tudo o possível para ajudar a curar Gavin de uma misteriosa forma de câncer. Mais que qualquer outra celebridade que tentou ajudar a família Arvizo, porém, foi Michael Jackson quem abriu a casa e o coração dele para àquela família em um momento crítico da vida deles. Para esta família de desprivilegiadas crianças latino-americana, o superstar se tornou um salvador.


Fonte: http://theuntoldside...-aphrodite.html



“I WANNA BE WHERE YOU ARE”



Na manhã seguinte, Tom Mesereau disse aos jurados que ele provaria a eles, através do testemunho dos empregados e de visitantes de Neverland, que os garotos Arvizos ficaram fora de controle, quando estavam no rancho de Michael. Mesereau queria deixar claro ao júri que a acusação de álcool contra Jackson não sobrevivia sozinha. Ele queria que o júri compreendesse a natureza da acusação: o promotor estava alegando que Michael Jackson tinha dado álcool os menores especificamente com o propósito de molestar a jovem vítima de câncer, Gavin.
“A acusação de álcool está diretamente ligada às alegações de abuso sexual.” Mesereau explicou. “Um não existe sem o outro, nesta acusação de álcool. E o senhor Jackson absolutamente nega isso.”
Quando Mesereau detalhou o comportamento dos garotos Arvizos em Neverland, ele contou aos jurados que os garotos Arvizos invadiram a adega de vinho e pegaram álcool eles mesmos, explicando que Michael Jackson nem mesmo estava presente no momento e não sabia nada sobre isso. O advogado disse que os garotos eram sempre pegos arrombando o refrigerador, bebendo álcool; e roubando álcool de um armário.
“Há uma testemunha que dirá a vocês que o senhor Jackson pediu álcool para si próprio ou para os convidados e as crianças roubaram”, disse Mesereau. “Eles (os garotos Arvizos) foram pegos intoxicados. Eles foram pegos com garrafas. O senhor Jackson não estava por perto. Nós provaremos a vocês que eles agora estão tentando dizer que ele estava por trás de tudo isso. Mas é falso.”
O advogado de defesa descreveu o comportamento dos garotos Arvizos em Neverland, declarando que, no começo, eles pareciam ser bem comportados, mas com o passar do tempo, as ações deles mudaram radicalmente. Mesereau deu exemplos e falou sobre a área de recreação de Neverland e como um trabalhador que era responsável pelo passeio “ficou chocado e horrorizado” ao saber que os garotos Arvizos tinham memorizado os códigos dos brinquedos e deram voltas, sozinhos, na Roda Gigante e foram vistos atirando coisas nos elefantes e nas pessoas.
“Nós provaremos que eles fizeram o mesmo com vários códigos da casa. Eles (os garotos Arvizos), de alguma forma descobriram um jeito de vaguear à vontade pela casa, quando o senhor Jackson nem mesmo estava na cidade”, Mesereau disse. “Eles, na verdade, eram pegos no quarto dele. As testemunhas irão testificar estes fatos. Eles estavam fora de controle.”
Quando Mesereau fez referencia às “revistas femininas” encontradas na casa de Jackson, ele disse que o senhor Jackson livremente admitiu que lesse Play Boy e Hustler, de quando em quando, pedindo a um dos empregados que buscasse em uma loja local. De qualquer modo, Michael nega, absolutamente, que tenha mostrado as revistas para estas crianças. Na verdade, Mesereau disse, as revistas que Sneddon alegou que Jackson usava para atrair os garotos Arvizos, estavam em uma pasta trancada, escondida em um armário.
“O senhor Jackson contará a vocês que encontrou os garotos com as revistas dele e as tomou deles, guardando-as em uma pasta” Mesereau insistiu.
Quanto ao documentário de Bashir, o que seria a primeira evidência a ser exibida no tribunal, Mesereau queria enfatizar que Michael Jackson não recebeu nada por ter participado daquele projeto. A negociação original entre Jackson e Bashir especificou que qualquer lucro proveniente daquele projeto iria para a caridade na Inglaterra. Na verdade, Jackson e Bashir falaram sobre 250.000 libras destinadas à caridade.
A doação, segundo o advogado de Jackson, foi a razão para ele concordar em fazer o documentário. Se no passado Michael foi acusado de fazer “declarações” que eram de auto-engrandecimento ou auto-indulgentes, certamente não era o caso com o documentário de Bashir. Em seu trato com Martin Bashir, Michael concordou em abrir a casa dele, baseado inteiramente em seu desejo, e promessa de Bashir, de produzir um filme que ajudaria crianças no mundo inteiro. Mesereau pontuou que Jackson acreditou em Bashir de todo coração, o ícone pop sentiu que não havia necessidade de negociar com o jornalista britânico. Jackson foi tão confiante que não sentiu necessidade de longas reuniões sobre horários e preços.
“Michael acreditou que Bashir o apresentaria de uma perspectiva apropriada, honrada e honesta”, Mesereau adicionou. E não foi o que aconteceu.
“Nós provaremos a vocês que o senhor Jackson, em razão da presença dele em todo o mundo na indústria da música, continuamente atrai pessoas que estão em busca de lucro”, Mesereau disse aos jurados. “Nós provaremos a vocês que isso criou um problema na vida dele e aqui está o problema que existe: o senhor Jackson é um artistas. Ele é chamado de gênio musical. Ele é uma pessoa criativa que dança à batida de um tambor diferente.”
“O senhor Bashir demonstrou surpresa quando Michael disse a ele ‘Eu tenho uma árvore na propriedade e muitas vezes eu subo e fico sentado naquela árvore sozinho e fico em paz, imóvel e medito. E muitas vezes, Deus me dá uma faísca criativa que eu preciso para fazer o trabalho em que sobressaio.”
“Nós provaremos a vocês”, Mesereau disse “que o senhor Jackson sempre se levantará às três da manhã, em ponto, em Neverland. Ele caminhará sozinho pela casa e ele caminhará sob as estrelas, sob a lua, sob o céu. Ele irá meditar no jeito dele e esperará que idéias e inspiração venham.”
No dia em que os testemunhos começaram, Michael se vestiu como um general militar, usando braçadeiras douradas, colete vermelho, e casaco com enfeites dourados, ficando completamente em silencio enquanto estava sentado atrás da mesa de defesa. Michael sempre ficou quieto. Ele tinha uma espécie de domínio silencioso sobre as pessoas. Katherine e o irmão Jackie, eram os únicos membros da família com ele e naquela manhã, assim que Michael se aproximou da mesa de defesa Katherine se esticou e tirou uma lã solta do casaco dele. Já a penúltima das mães, Katherine era a essência da graça sobre pressão.
Como fez todos os dias, Michael sorriu para os jurados, quando eles se reuniram. Os óculos de aro de metal fizeram-no parecer muito mais sério e adulto que nunca. Quando o procedimento começou, falando em sussurros, o pessoal da mídia apontaria coisas como o pó branco da maquiagem de Michael. A mídia gostava de fofocar sobre coisas obscuras, procurando por novos motivos para atormentar o superstar. As pessoas da mídia falavam sobre ele como se ele fosse um palhaço. Pelas costas dele, havia uma incessante fofoca. Mesmo dentro do Tribunal de Justiça da Califórnia, onde as coisas eram reais e sérias, onde as ações de Jackson não davam aos repórteres nenhuma razão para dizer que ele era maluco ou esquisito, isso era tudo que as pessoas estavam esperando.
A mídia comentava sobre a pele dele ser clara. Eles se perguntavam sobre o vitiligo de Michael, a condição dermatológica que resulta na perda da pigmentação e manchas brancas na pele. Muitos estavam certos de que Michael escolheu alterar a cor da pele. Algumas pessoas estavam com raiva que Michael nunca admitiu isso. Muitos pensavam que Ra direito deles julgá-lo por isso.
Embora Michael tenha explicado a condição de pele dele em uma entrevista para TV, falando sobre a dor emocional que ele sofria por ter a pele manchada, muitas pessoas se recusavam a aceitar a estória dele. Em vez de ver Michael como uma pessoa que transcendia raça, muitos americanos pareciam perplexos com a pele de Jackson. E acreditavam que o superstar tinha deliberadamente clareado a pele.
Gary Coleman, um ex-apresentador de TV, que estava do lado de fora do tribunal, fazendo comentários para um programa de comédia, já tinha começado a fazer piadas sobre Jackson. Logo no início, Coleman observou que Jackson tinha encontrado um júri de iguais.
“Ele não é negro desde 1988”, Coleman satirizou.

Quando a promotoria apresentou o caso principal dela, eles primeiro disseram para Martin Bashir tomar posição. Um jornalista de TV britânico que tinha sido da BBC, que tinha trabalhado no negócio por vinte anos, contou ao júri que antes do documentário de Jackson ele tinha feito um filme sobre “Amores Satânicos” e tinha produzido um filme de uma hora sobre um serial killler. Estas foram as aspirações de Bashir à fama, antes de 1995, quando ele arranjou uma entrevista com a princesa Diana que foi transmitida pela ITV, uma grande rede comercial da Inglaterra.
Quando Bashir entrou no tribunal pela primeira vez, Katherine Jackson se levantou e saiu. Ela não poderia ficar sentada na mesma sala com o homem que enganou o filho dela tão descaradamente. Embora Katherine tivesse participado do documentário, era evidente que ela estava desgostosa com o conteúdo dele; e furiosa com mais esta “armadilha da mídia” em que o filho dela tinha caído.
Bashir contou aos jurados que o documentário Living With Michael Jackson, produzido pela Granada Productions foi transmitido primeiramente em fevereiro de 2003. E como o documentário foi oferecido como evidência, o juiz advertiu ao júri de que o DVD não foi apresentado como prova. O juiz explicou que o DVD continha passagens que poderiam ser identificadas como “provas”, avisando ao júri que considerasse o resto do programa como boatos.
Então, quando a primeira exibição começou a ser apresentada em uma gigante tela na Corte, o júri e a platéia do tribunal foram transportados para um mundo onde eles foram lembrados da imagem “maior que a vida” de Michael. Enquanto eles estavam atentos, olhando para o pródigo lugar de Jackson, chamado Neverland, eles foram cativados pelo ícone que era Michael Jackson. Todo mundo no tribunal estava saltando, escutando o som dele, o qual Bashir tinha ostensivamente usado no plano de fundo. Quando a música de Michael encheu o tribunal, fez as pessoas se mexerem e balançarem. Alguns dos jurados estavam tamborilando as mãos nas batidas da música e até Michael foi incapaz de parar de balançar a cabeça com o ritmo.
Era como assistir a um filme de deboche, vendo a parte de Bashir.
E, no início, quase parecia divertido.
O júri assistia enquanto Michael Jackson falava a Bashir sobre o parque de diversões e como ele adorava andar nos brinquedos. Eles perceberam uma intimidade quanto à entrevista, uma intimidade de Michael que a maioria das pessoas nunca tinha visto antes. Michael estava desnudando sua alma. Ele estava sendo sincero sobre por que ele gostava de andar nos brinquedos e de crianças e de brincadeiras. Quando ele e Bashir se aproximaram da espetacular área do parque de diversões, Michael confidenciou que ele considerava a Roda Gigante relaxante. Ele contou a Bashir que passeava durante a noite, frequentemente sozinho.
No tribunal, Martin Bashir, que tinha abaixado a cabeça quando sentou na tribuna, relutava encarar Michael Jackson do banco de testemunhas. Durante a exibição do documentário, por praticidade, Bashir pode se sentar com o resto das pessoas no tribunal e ele parecia zombar do resto da mídia, quanto mais não seja, Bashir parecia exalar uma atitude superior.
Havia algo de presunçoso nele.
Ele foi esperto e sentia orgulho de si mesmo.
Enquanto os observadores do tribunal assistiam ao DVD, ficou claro o sotaque britânico de Martin Bashir, a voz doce dele escondendo a astúcia, absolutamente fascinaram Michael Jackson. Todo mundo assistiu como Bashir seduziu o supertar. O jornalista britânico cortejou tanto, demonstrou-se tão fascinado pelo incrível talento de Michael. Para Bashir, foi fácil como roubar doce de criança. Com cada cortesia e promessa, o jornalista foi capaz de levar o Rei do Pop a abrir-se sobre tudo no mundo dele. De alguma forma, Bashir tinha ganhado tanta confiança, que nada sobre Jackson foi considerado fora dos limites.
No final, Bashir tinha usado Michael Jackson para conseguir uma grande façanha da mídia.
Agora, com o documentário exibido, os jurados ficavam olhando para Neverland com admiração, eles assistiram Michael alegremente levar Bashir em um carrinho por duzentos e setenta acres de propriedade conhecida como Neverland. Jackson estava agindo como uma criança, a voz dele estava cheia de excitação enquanto os dois brincavam na pista de karts. E Bashir atuou o tempo todo, fingindo estar feliz por brincar feito uma criança.
Bashir competiu com Jackson, dirigindo pela pista de corridas de Neverland e foi tudo muito divertido. Ou pelo menos parecia. Então, de repente, Bashir usou o kart dele para cortar Jackson e o júri assistiu Michael gritar “Ele está trapaceando, hei, ele está trapaceando!
Como essas palavras soaram verdadeiras.
Bashir queria estar em qualquer lugar que Michael estivesse. E ele tinha acesso total à vida privada de Michael. Mas como foi demonstrado, Bashir usou aquele acesso para zombar de Michael. Ele negociou com a boa vontade de Michael e tendo vendido o documentário para a rede ABC nos Estados Unidos, Bashir aterrissou em uma nova carreira, com substancial salário no escritório da ABC television, em New York. Por causa do documentário de Jackson, Bashir se tornou um dos correspondentes do Prime Time,para ABC News, um colega de Barbara Walters.
Quando o DVD continuou a ser exibido para os jurados, Martin Bashir, que era o personagem central daquela peça, tinha um olhar estranho no rosto, sentado dentre a audiência do tribunal, assistindo às pessoas enquanto elas julgavam a inteligente obra dele. O que os jurados poderiam perceber enquanto eles estudavam a entrevista de Bashir, assistindo ao jornalista agir como se ele sentisse uma completa admiração pelo pop star,era propaganda enganosa de Bashir. Em retrospecto, Bashir foi um absoluto traidor. Não demorou muito para que os jurados escutassem a voz de Bashir passar de doce a ameaçadora no documentário.
Enquanto Bashir sorria e brincava com Jackson, os comentários dele ao fundo insinuavam que havia alguma coisa muito errada na vida privada de Jackson. Como a obsessão de Jackson pelo próprio rosto e o relacionamento dele com crianças.
“Como você escreve uma música?” Bashir perguntou. “Ensine-me!” Bashir pediu, implorou, a Jackson que mostrasse a ele como dançar, como cantar.
Michael, que parecia constrangido, disse que era tímido. Ele disse que estava embaraçado e não queria se levantar e dançar diante da câmera. Porém, persuadido pela fingida curiosidade de aluno de Bashir, Jackson concordou em fazer o Moonwalk.
Quando Michael deslizou pelo soalho de madeira, Bashir fez uma débil tentativa de acompanhá-lo. Era um feio jogo que Bashir estava jogando. Ele puxou o saco de forma indizível, ansioso para deixar o artista confortável e feliz. Enquanto os observadores no tribunal assistiam, ficou claro que Michael estava gostando de ter atenção, que ele gostava de ser tratado como uma “pessoa especial”. Bashir parecia saber trabalhar com as fraquezas de Michael, o jornalista o elogiou ao oitavo céu.
“Deslize para trás com seu calcanhar, não com os dedos dos pés”. Disse Michael.
Mas era óbvio que Bashir não poderia dançar coisa nenhuma. Bashir estava apenas procurando por interessantes imagens. E a câmera dele mudou de Michael para uma pintura que estava pendurada acima. Era uma pintura de Michael como uma figura angelical, cercado por querubins de todos os credos e cores. O foco na pintura, assim como Michael falar sobre a composição dele, sobre como a música “vem quando ela quer”, era a tentativa de Bashir em fazer Michael parecer obcecado por si mesmo.
Quando os jurados começaram a ver as imagens do lar de Michael, Neverland, decorada com castelos e salas de brinquedos e manequins de tamanho real por toda a parte, alguns deles pareceram atordoados em ver uma sensibilidade infantil que ofuscou a suntuosidade da casa de Michael. No entanto, eles balançaram com o ritmo quando as batidas do clipe dos Jacksons 5 foram ouvidos e, de novo, Michael dançou e balançou quando um dos hits musicais dele foi tocado através dos alto-falantes do tribunal.
Michael falou sobre Neverland, dizendo “Eu sou Peter Pan em meu coração.” Ele explicou que se identificava com Peter Pan, porque Peter Pan representava tudo que crianças, mágica e o que era maravilhoso significavam. Michael abriu uma especial exceção a Bashir, mostrando a ele a “árvore das dádivas”, o local onde ele subia para ficar sozinho e escrever a música dele. Michael listou várias músicas que ele tinha escrito lá, “Black or White e “Heal The World” entre elas.
“Vamos! Você não vem?” Michael perguntou a Bashir. “Este é um grande segredo. Eu nunca mostrei a ninguém minha árvore das dádivas. Você não quer subir nela?”
Mas Bashir não queria subir em árvores. Ele parecia ter outras coisas em que planejava subir: na escada corporativa e na estrada da fama. Para Bashir aquela era a árvore do dinheiro. Ela ofereceu uma visão jamais vista de Michael Jackson. Jamais.
“Você não sobe em árvores?” Michael perguntou aturdido.
“Não, eu não subo” Bashir disse.
“Você está perdendo!” Michael disse a ele enquanto largava a sombrinha e subia nos galhos.
Bashir queria saber como subir em árvores poderia possivelmente ser a coisa que Michael mais gostava de fazer. Ele perguntou se Michael não preferia fazer amor ou se apresentar. Michael pareceu confuso que Bashir tivesse questionado o momento de alegria dele e disse que enquanto nada se comparava a apresentar-se, subir em árvores e guerras de balões de água eram os passatempos favoritos dele.
Bashir não ficou no assunto de passatempos por muito tempo. Ele queria superar o talento de Michael, ultrapassar os presentes musicais de Michael. Ele queria falar sobre o privado mundo pessoal de Michael e não demorou muito tempo para que ele chegasse a um assunto que fez Michael chorar.
A platéia no tribunal ficou em silêncio enquanto Jackson era impelido a falar sobre como ele perdeu a infância. Enquanto ele era questionado sobre ser disciplinado pelo pai, enquanto ele era pedido para detalhar sobre as surras que ele e os irmãos receberam quando crianças, o corpo de Michael estava balançando e tremendo. Segundo Michael, se eles não se apresentassem dentro dos padrões de Joe, ele e os irmãos apanhavam.
Para a família de Michael o documentário deve ter sido muito doloroso de assistir. Quando o documentário se tornou mais pessoal, Michael ficou visivelmente chateado, sentado atrás da mesa da defesa, e Katherine e Jackie também estavam tremendo. Para Bashir Michael confidencio que Joe tinha tratado todos os garotos com rígida disciplina, que ele batia neles com um sinto, que ele bateria nos irmãos dele com fios de metal, com qualquer coisa que ele conseguisse alcançar.
“Eu me lembro de escutar minha mãe gritar, ‘Joe, você vai matá-lo! Você vai matá-lo!” Michael admitiu. “Ele não conseguia me pegar na metade das vezes, mas quando ele conseguia, era ruin. Nós tínhamos pavor dele. Pavor. Eu penso que ele não percebeu, até hoje, como nós tínhamos medo.”
Michael confidenciou que ele tinha tanto medo do pai que, às vezes, ele desmaiava e os guarda-costas precisavam erguê-lo. Estava claro que as memórias dos trinta primeiros anos eram muito vívidas para Michael.
“Ele não deixava que o chamássemos de papai”, Michael sussurrou. “Ele dizia ‘Eu sou o Joseph para você. Eu não sou papai ’Por isso eu faço o oposto. Eu não deixo meus filhos me chamarem de Michael. Meus filhos me chamam de papai.”
Os observadores do tribunal assistiram enquanto Bashir acompanhava Michael pelo mundo, uma orgia de compras em Las Vegas, juntou-se a Michael na luxuosa suíte de hotel dele, onde os dois conversariam sobre assuntos privados, íntimos. Quando ele falou sobre a primeira paixão dele, Tatum O’Neal, Michael tinha uma atitude muito tímida em relação a sexo. Michael admitiu que na juventude ele não poderia se permitir “fazer isto” com Tatum. Ele se desculpou por revelar aquela verdade e contou a Bashir que voltando a quando ele era jovem, ele era “muito tímido” para permitir que as roupas dele fossem tiradas.
Depois, quando eles se aproximaram do shopping de Las Vegas para fazer compras extravagantes, Bashir quis saber se Jackson comprava jóias.
“Eu compro jóias para minha mãe, para Liz Taylor e para a garota que eu gosto no momento”, Jackson disse.
“Você tem uma agora?” Bashir perguntou.
“Não.”
No shopping de Vegas, Michael não pode esperar para subir as escadas para a loja favorita dele. Ele queria mostrar a Bashir todas as belas peças ornamentais de arte e mobília que ele tinha recentemente comprado. Jackson apontou para um aduzia de urnas gigantes, então ele focou em duas grandes peças de mármore, que custava $275, 000 cada. Enquanto Michael andava pela loja, Bashir pontuou que oito por cento do lugar tinha siso comprado por Michael. Bashir questionou o volume dos gastos dele e Jackson como uma criança jogando um jogo, apontou para o gerente da loja e disse “Mas ele vai nos dar um desconto. Celebridades também gostam de barganhar!”
Enquanto o documentário evoluía ficava óbvio que a barganha que Michael tinha feito com Martin Bashir foi um completo e absoluto erro. Bashir estava recebendo tudo de graça. Da aberta tristeza de Michael por ter sido ridicularizado por ser um garoto com o rosto cheio de espinhas a sem precedente visita aos três filhos de Michael. E, continuando, Michael tronou-se um veículo para Bashir, uma vítima involuntária em um castelo de cartas que estava prestes a cair sobre ele.
“Você tenta dar ao sues filhos uma vida normal?” Bashir queria saber.
“Sim”, Michael disse.
“Você os manda para a escola?”
“Não. Eu vi o que aconteceu comigo” Michael disse. “Inveja. Os professores poderiam tratá-los diferente.”
“Você pensa que eles podem ter uma vida normal” Bashir perguntou.
“Não.”
Bashir pressionou Michael a falar sobre a mãe dos filhos dele, querendo saber se as crianças sentiam falta da mãe, querendo saber quem era a mãe do filho recém nascido dele, Prince Michael II, no que se tornou conhecido com o incidente “do bebê balançado”. Marin Bashir se juntou a Michael pouco depois da cena ter ocorrido, assim, ele teve acesso direto ao mais novo escândalo de Michael, ao qual Michael não via como um escândalo de jeito nenhum. Com as câmeras de Bashir gravando, os fãs de Michael permaneciam do lado de fora do hotel, gritando para ele voltar à sacada e o pop star queria acalmá-los.
Jackson atirou um travesseiro para os fãs, o qual ele tinha assinado “Com Amor”. Os fãs abaixo sopraram beijos para Michael, eles estavam gritando para ver mais dele. Alguns cartazes que seguravam diziam: “Dane-se a imprensa, Michael, você é o melhor.”
Quando Bashir perguntou o que as frases significavam, Jackson disse a ele: “Veja o que eles fizeram a pobre Lady Diana. Isso foi doentio. Ela foi caçada por estas pessoas. Eu odeio os tablóides. é ignorância. Eles deveriam ser todos queimados.”
Bashir mencionou que uma tempestade estava se formando sobre o bebê Prince Michael II, que Michael chamava “Blanket”. Bashir queria que Jackson explicasse por que ele tinha segurado o bebê do lado de fora da janela, dizendo a Jackson que a mídia o estava atacando. Ele queria deixar o astro agitado.
“Nós estávamos acenando para milhares de fãs lá embaixo”, Michael disse a ele. “Eu não estava tentando matar meu filho. Por que eu atiraria o bebê da sacada? Eu estava segurando o bebê com braços fortes. Por que eu iria querer machucar o bebê? Que ignorância. Eles queriam ver o bebê e eu o mostrei a eles.”
Da perspectiva de Michael, ele não tinha feito nada de errado. Para muitos dos observadores no tribunal, assistindo à cena pelo ponto de vista de Michael, assistindo a Michael mimar o nenê dele, balançando Blanket nos joelhos dele, alimentando com uma mamadeira, tentando acalmar o bebê que evidentemente não gostava das câmeras de Bashir. Toda a coisa parecia muito inocente. Na verdade, parecia que Michael não era tão louco, afinal.
Estava claro que a cena na sacada de Berlim aconteceu porque Michael queria agradar aos fãs. Havia milhares de pessoas lá fora, em frenesi, borbulhando abaixo da sacada dele, implorando a Michael que lhes mostrassem o filhinho dele. Quando Michael saiu para sacada, ele rapidamente ergueu o bebê, então os fãs puderam pegar um relance.
Para os fãs de Jackson, no tribunal, era perturbador sentar e assistir ao inocente gesto de Jackson em Berlim, quando comparado a filmagem da mídia americana, que foi rodada tantas vezes. A mídia mostrou o filme de Jackson de uma forma que o fez parecer louco, sempre com perversos comentários e rumores sobre Jackson ter os filhos afastados dele. A mídia não se cansava do “bebê balançando” de Jackson e eles insistiam na irresponsabilidade dele como pai.
Não surpreende que Jackson odeie a mídia.
Foi irônico que ele admitisse isso para Bashir.
Quando o documentário de Bashir continuou a ser rodado, a obra tornou-se mais antagônica a Jackson e alguns observadores do tribunal acreditaram que Bashir estava pronto para humilhar Jackson em cada oportunidade. Quando Michael foi a um passeio no zoológico com os filhos, Bashir fez Jackson parecer uma pessoa nada razoável, por querer acompanhar os filhos dele a um passeio em público, onde eles poderiam ser sujeitados a paparazzis. Bashir estava sugerindo que, tivesse Michael ficado fora de cena, os filhos, Prince e Paris, nunca teriam sido sujeitados a tão profunda histeria, pontuando que Prince quase foi pisoteado pelos paparazzi. Michael disse que não confiava em ninguém para levar os filhos dele para sair. Ele disse que era super protetor porque ele os amava mais que a vida.
Para o final da filmagem, quando Bashir voltou a atenção dele a Neverland, todos viram Jackson gastando um dia em Neverland com um grupo de crianças desfavorecidas. As crianças fizeram uma alegre tour por Neverland no trem de tamanho real de Jackson e Michael agia como uma criança, comendo picolés com eles, muito feliz por observar crianças do gueto com brilho nos olhos.
Então, do lado esquerdo do campo, Bashir, de repente, fez referência aos “milhões” que Jackson pagou a um garoto com quem tinha dormido dez anos antes. Quando a sinistra voz de Bashir encheu a corte, o documentário transformou-se em uma cena envolvendo Michael e as crianças Arvizos. Gavin, Star e Davellin. O que mudaria o tom da conversa completamente.
Michael foi exibido com o garoto de doze anos, Gavin, enquanto Gavin descansava a cabeça no ombro de Michael e os dois estavam de mãos dadas. Michael falou sobre como era maravilhoso que Gavin, não há muito tempo, tivesse tido um câncer. Michael disse que os médicos declararam que Gavin estava morrendo e Jackson estava muito contente por ver Gavin saudável e feliz. Jackson disse que tirava inspiração das crianças, contando a Bashir: “Eu vejo Deus no rosto de cada criança”
Aquele comentário seria mais tarde base para sátiras e mais condenações de Jackson por parte da grande mídia, que era capaz de usar isso para gargalhadas e risadinhas.
Mas, no tribunal, nada naquela filmagem parecia engraçado e o promotor estava quieto, focado em ter o júri concentrado no comentário de Jackson sobre ter Gavin e o irmão dele dormindo no quarto dele com ele. No documentário, Jackson disse que ter crianças dormindo não era sexual. Ele insistia que dividir a cama era uma coisa carinhosa de se fazer. Michael disse que hospedou os garotos Arvizos, além do amigo, Frank Cascio, para a noite, esclarecendo que ele e Casio, na verdade, dormiram no chão, então Gavin e o irmão dele puderam dormir na cama.
Quando essa cena foi exibida por todo o tribunal, parecia uma chuva fina, muitas cabeças estavam balançando de um lado pra o outro, perguntando-se por que o pop star escolheu dividir o quarto dele com dois jovens garotos.
Olhando para as pessoas sentadas na tribuna do júri, parecia haver uma tremenda desaprovação ao estranho comportamento de Michael Joe Jackson com Sneddon transmitindo um distorcido conceito sobre isso, ninguém entendia por que Jackson tinha crianças no quarto dele. O promotor sentiu muito, muito orgulho de si mesmo, especialmente desde que o júri parecia completamente desconcertado.















“Wanna Be Startin’ Something”


Quando o documentário terminou, com Tom Sneddon não tendo mais nenhuma pergunta para fazer ao jornalista britânico, foi a vez de Tom Mesereau interrogar Bashir e o advogado de defesa parecia pronto para duelar.
“Senhor Bashir, com o intuito de produzir o programa que acabamos de assistir, o senhor teve uma conversa com o senhor Jackson, não é verdade? Mesereau perguntou, soando uma tanto quanto amigável.
“Correto.” Bashir disse.
“Senhor Bashir, você teve Michael Jackson assinando um acordo sem a presença de um advogado, não é verdade?”
“O senhor Jackson assinou dois acordos, nos quais ele não impôs nenhuma condição, qualquer que fosse, e concordou que eu estava livre para fazer o filme com ele”, Bashir disse.
Quando Mesereau começou sua lista de perguntas, ficou óbvio que ele tinha feito o dever de casa. Mesereau queria saber por que Bashir tinha sido denunciado na Inglaterra por “desonestas” práticas jornalísticas em três ocasiões distintas.
“Senhor Bashir, o senhor sofreu uma sanção pela Broadcast Complaints Comission? Mesereau perguntou.
“A resposta a essa pergunta é que três reclamações foram feitas contra mim”, Bashir assegurou. “Duas das reclamações chave foram inteiramente rejeitadas, eles agiram com equilíbrio e equidade. Uma das três foi mantida. Portanto, eu posso explicar para que as pessoas entendam?”
“Certamente.”
A British Standards Commission, não é uma organização legal”, Bashir disse aos jurados, “e não tem um mérito particular em uma definição legal.”
“De qualquer forma, uma reclamação contra você como um jornalista foi mantida, verdade?”
“Como eu disse, três reclamações foram feitas. As duas reclamações chave foram inteiramente rejeitadas. Uma das três reclamações foi mantida”. Bashir testemunhou.
Para Mesereau Bashir tinha admitido que foi acusado de “desonestidade” e “violar um acordo”. Bashir testemunhou que, enquanto duas das reclamações forma “rejeitadas”, a terceira reclamação foi a causa da sanção que sofreu. A reclamação alegava que Bashir não tinha sido equilibrado na reportagem dele, que ele “não estava apresentando todo o conjunto” do tema. A mesma alegação que Michael Jackson faria contra Bashir.
Quando Mesereau perguntou sobre o plano de fundo problemático do jornalista, ficou óbvio que não esperava que alguém soubesse detalhes poucos lisonjeiros do passado dele. Bashir tentou minimizar isso, mas os observadores do tribunal puderam ver que a menção à prática jornalística “desonesta” deixou Bashir muito desconfortável.
Mesereau fez perguntas sobre a representação de Bashir a Jackson, sobre muitas promessas que Bashir fez a Jackson, as quais foram usadas para atrair Jackson a uma total e irrestrita cooperação ao projeto de Bashir. Embora Mesereau se encontrasse bloqueado pelo poderoso advogado de Bashir, Theodore Boutrous, um homem que representava a rede ABC, Mesereau continuou com a linha de perguntas dele. Sempre as objeções eram sustentadas, porque Bashir estava protegido pela California Shield Law, a qual estabelece que jornalistas não podem ser forçados a testemunhar sobre coisas que ele soube enquanto trabalhavam em uma estória.
O advogado de Bashir, Theodore Boutrous, era visto com um “acessório” em casos de grande perfil e os observadores da mídia não estavam surpresos por vê-lo aparecer para ajudar Martin Bashir e a ABC News. A ABC não somente era a atual empregadora de Bashir, a rede ABC tinha transmitido o documentário de Bashir poucos dias após ser transmitido na Inglaterra e agora Boutrous estava no tribunal para proteger Bashir e a ABC news. Boutrous era um peso-pesado e ele estava no julgamento de Jackson, não apenas para representar a ABC News, mas para representar também os interesses da NBC Universal, CBS Broadcasting, FOX News e a rede Cable News, dentre outros.
Durante o testemunho de Bashir, Boutrous interrompeu o procedimento objetando porque as perguntas de Mesereau violavam a Shield Law e o direito de Bashir à Primeira Emenda. Mesereau estava bem ciente de que Martin Bashir não queria testemunhar nesse caso contra Jackson, ele estava consciente de que Bashir não queria ser interrogado, porque apenas semanas antes do julgamento, Bashir ajuizou uma moção pedindo ao juiz Melville que negasse a requisição da promotoria para ter o testemunho dele. Mas a moção de Bashir foi rejeitada.
é claro, Bashir não queria ser sujeitado a questionamentos. Em vez disso, Bashir quis que a rede ABC testificasse o documentário dele, e assim, deixasse o documentário falar por si mesmo. Bashir esperava evitar enfrentar Michael Jackson, completamente. De qualquer forma, o juiz Melville exigiu que Martin Bashir se apresentasse no tribunal. Então, lá estava ele, mantendo seus olhos afastados de Jackson, sendo protegido pelo advogado da ABC, negando-se a responder a maioria das perguntas colocadas por Mesereau, com o argumento de que violavam o direito dele como jornalista.
“Senhor Bashir, no programa que você preparou, ao qual acabamos de ver, o senhor Jackson fez declarações a respeito de que nada sexual aconteceu no quarto dele, correto?” Mesereau perguntou.
“Correto.” Bashir testemunhou.
“Para obter aquela entrevista que o senhor teve com o senhor Jackson, quando ele fez aquela declaração, você disse a ele que ele era desvalorizado, verdade?”
Aquela pergunta em particular, assim como muitas outras antes, foi objetada pelo advogado da ABC sob a Shield Law, mas o juiz Melville rejeitou a objeção, pedindo a Bashir que respondesse. O júri estava chocado por ver Bashir se negar a responder, dizendo ao tribunal, “Estou sob privilégios jornalísticos e a Shield Law, Excelência.”
“Senhor Bashir, o senhor escreveu para o assistente do senhor Jackson e disse que você gostaria muito de filmar Michael com um grande grupo de crianças, cerca de cinquenta, recebendo-as e compartilhando com elas a extraordinária casa dele, de modo que, por um dia, a vida delas poderiam ser enriquecida, correto?” Mesereau perguntou.
“Objeção”, arguiu Boutrous.
“Senhor Bashir, você pediu a Michael Jackson que levasse Macaulay Culkin para que você pudesse filmá-lo em Neverland?”
“Objeção, Shield Law, Primeira Emenda”, Boutrous disse.
“No processo de preparar esse filme, senhor Bashir, você escreveu para o assistente de Michael Jackson e disse que você queria filmar a linda paisagem, encorajando todos nós a nos tornar uma criancinha de novo?”
“Objeção, Shield Law, Primeira Emenda”, Boutrous repetiu.
Isso foi muito irritante, cada pergunta que Mesereau fazia era objetada por Boutrous e a objeção era sustentada. Em poucas ocasiões, quando Mesereau formulava uma pergunta de tal maneira que não pudesse ser objetada, Martin Bashir não se prontificava a responder.
Bashir não respondia e ele deixava o júri saber que tinha esse direito como jornalista. Enquanto o não-testemunho continuava a frustrar o time de defesa, todo mundo no tribunal ficou irritado, incluindo Michael, que assistia a Bashir esquivar-se de dar qualquer resposta.
“Senhor Bashir, no programa sobre Michael Jackson, o senhor Jackson disse que nada sexual aconteceu na cama dele. Para obter essa declaração o senhor disse ao senhor Jackson que seu desenvolvimento romântico foi parcialmente moldado pelas gravações dele, verdade?”
“Objeção, Excelência. Mesma razão, Primeira Emenda, Shield Law.”
“Você deseja responder a essa pergunta?” O juiz Melville perguntou.
“Não, Excelência”, Bashir disse.
E assim foi.
Martin Bashir, que tinha uma expressão vazia a cada vez que se declinava de responder a uma pergunta, pegou todas as oportunidades de se esconder publicamente. Para o júri, o número de objeções e recusas de Bashir em responder era vertiginoso. Era difícil para qualquer um, sem conhecimento legal, acompanhar o descomunal disparate técnico.
O júri de doze cidadãos comuns parecia confuso.
“Senhor Bashir, no seu programa, o senhor Jackson disse que nada sexual ocorreu no quarto dele. Para obter essa declaração dele, o senhor disse que acreditava na visão dele de um Feriado Internacional das Crianças, correto?”
“Mesmas objeções, Excelência”, Boutrous disse.
“Negada”, Melville disse. “Você quer responder a essa pergunta?”
“Eu não quero, Excelência” Bashir disse ao tribunal.
Mas Mesereau não podia afrouxar. Ele repetiu as perguntas para Bashir, formulando-as tão específica quanto possível e o júri assistiu a Bashir recusar-se a testemunhar sobre qualquer coisa.
“Senhor Bashir, no processo de fazer contato com o senhor Jackson, para que então o senhor pudesse fazer este filme, mentiu que iriam juntos em uma viagem à áfrica, para visitar crianças doentes?” Mesereau Perguntou.
“Objeção”, Boutrous disse.
“Senhor Bashir, o senhor elogiou o senhor Jackson, pelo que ele fez por crianças carentes, do gueto, verdade?”
“Objeção, Primeira Emenda.”
“Senhor Bashir, o senhor entrevistou o senhor Jackson e repetidamente fez perguntas sobre o desejo dele por um feriado internacional das crianças, correto?”
“Mesma objeção.”
“Senhor Bashir, com o intuito de conseguir do senhor Jackson, a declaração de que nada sexual acontecia no quarto dele com crianças”, Mesereau continuou, “o senhor disse a ele que arranjaria um encontro com Kofi Annan, o secretário geral das Nações Unidas, e planejaria uma viagem à áfrica, como senhor Jackson e Kofi Annan, para ajudar crianças com AIDS, verdade?”
“Mesmas objeções, Excelência”, Boutrous arguiu.
Estava dolorosamente claro que, embora algumas objeções fossem negadas, Bashir não testemunharia sobre as promessas que tinha feito a Jackson, ou sobre a técnica que ele usou para conseguir que o superstar cooperasse na realização do filme britânico, de graça. Mesereau finalmente decidiu perguntar a Bashir, terminantemente, se ele responderia a alguma pergunta sobre como ele conseguiu ficar “frente a frente” com Michael Jackson e, novamente, o jornalista televisivo olhou para o advogado da ABC, procurando por uma deixa.
Neste ponto, o todo poderoso advogado Theodore Boutrous, interrompeu o procedimento dizendo ao tribunal que Bashir não daria uma resposta a Mesereau. Bashir tinha direitos, como jornalista.
Mesereau experimentou todos os possíveis ângulos que pôde. Ele usou cada veia do corpo para encontrar um jeito de fazer Bashir contar alguma coisa ao júri, algum tipo de verdade. Mas, no fim, a testemunha foi dispensada, sujeita a ser chamada novamente.
Durante o intervalo da tarde, na sessão daquele dia, quando questionado pela mídia sobre como estava se sentindo Michael disse, suavemente “Eu estou com raiva.” Essa seria uma das últimas vezes que ele se dirigiria a um membro da imprensa durante o julgamento.
Embora Bashir nunca tenha sido chamado de volta, Mesereau tinha enviado a mensagem dele ao júri. Bashir tinha fingido para conseguir uma entrevista com Michael Jackson. Ele não precisava testemunhar sobre especificidades. Através das perguntas bem elaboradas de Mesereau, o júri entendeu que Bashir tinha feito tudo para ganhar Jackson. Bashir se aproveitou da “amizade” dele com a princesa Diana. Bashir lisonjeou Jackson pela competência dele como pai. Bashir expressou amor pelas músicas de Jackson, indicou melodias e brincou com o pop star. E mais que qualquer outra coisa, Bashir elogiou Jackson pelo trabalho de caridade, por todo o tempo e dinheiro que o Jackson doou para ajudar crianças do mundo todo.
De todas as inconsistências que Mesereau mencionou, a coisa mais tangível que se tornaria a mais vital para a defensoria, era a parte cortada das filmagens do documentário de Bashir, que viria a ser mais tarde a uma das evidências do caso principal deles.
Durante a gravação do documentário de Bashir, Michael Jackson tinha pedido por seu próprio vídeo-documentarista para registrar a gravação o tempo todo. A “filmagem nunca vista” existia e desde que o juiz permitiu o documentário de Bashir como evidência, a parte cortada também foi permitida.
Porque Michael tinha fornecido toda a filmagem de Bashir para a defesa, o júri pôde, eventualmente, ver a filmagem crua de Jackson, a versão “sem cortes” do que Jackson realmente tinha dito a Bashir. O time de defesa de Jackson provaria mais tarde o quão vulnerável e crédulo Michael Jackson tinha sido durante os meses em que gravava com Martin Bashir.
A filmagem não usada de Bashir mostraria ao júri os aspectos “fora do contexto” do infame documentário de Bashir. Michael, uma pessoa extremamente sincera e verdadeira, ofereceria um poderoso conhecimento ao júri. Com base nas duas horas e meia de Jackson falando direto do coração dele, as pessoas ficaram capazes de tirar suas próprias conclusões sobre a mentalidade do Rei do Pop. Certos membros do júri depois confidenciaram que o que eles escutaram da voz do próprio Jackson, ajudou-lhes a responder às próprias perguntas sobre por que o pop star preferia a companhia de crianças.
Depois de Bashir, o promotor assistente, Gordon Auchincloss chamou Ann Marie Kite, uma profissional de relações públicas que trabalhou com o time de “controle de crises” de Jackson após o documentário de Bashir. A senhorita Kite estava lá para apoiar as acusações da promotoria de que Michael Jackson e os associados dele tinham conspirado para manter a família Arvizo sob rígido controle em Neverland, alegando que os Arvizos foram mantidos cativos por Jackson e o “pessoal” dele. De acordo com Gordon Auchincloss os Arvizos foram levados contra a vontade deles e forçados a fazer um vídeo-resposta que verteria uma luz positiva sobre o relacionamento de Jackson com Gavin.
A testemunha, Ann Kite, era uma bela loira, uma senhorita de voz macia, que disse ter sido contratada pelo time de Jackson em 9 de fevereiro de 2003. O objetivo inicial dela era “ressuscitar” a carreira de Jackson depois da transmição do documentário Living With Michael Jackson. é claro, o fato de que a senhora Kite não tinha nenhuma experiência em Relações Públicas, parecia um pouco incomum. Quando ela tentou explicar a situação o júri entendeu que a senhora Kite foi eliminada do emprego de “Relações Públicas de Jackson”, em seis dias.
Durante o testemunho de Kite, tornou-se evidente que, na sequência do documentário de Bashir, Jackson não estava envolvido com nenhuma manipulação de problema de relações públicas. Não foi o que Michael fez, e parecia que o pop star não estava nem um pouco preocupado sobre um pesadelo de relações públicas, como talvez, ele deveria ter estado. Em vez de pensar que tinha feito alguma coisa errada, Michael deixava que todos os outros lidassem com o que eles consideravam uma crise. Portanto, Ann Kite, a namorada, naquele tempo, de um dos advogados de Michael, encontrou-se dentro de uma circunstância de grande perfil. E ela estava enlouquecida.
O júri soube que Ann Kite foi contratada quando o ex-namorado dela, David LeGrand, pediu a ela que o ajudasse com a “administração da imagem” de Michael. A senhorita Kite testemunhou que estava pronta a combater toda a imprensa negativa lançada por Bashir, criando positivas reações públicas para Jackson. Kite alegou que estava se reportando diretamente ao time de Jackson, Ronald Konitzer, Marc Shaffel e Mark Geragos, quem, alegadamente, tomava decisões sobre os próximos movimentos de relações públicas de Jackson. Ela disse ao júri que ela e o ex-namorado, LeGrand, viviam em Las Vegas e admitiu que LeGrand tinha pagado a ela $10,000 antecipadamente do que seria um contrato de $20,000 por um mês.
Ann Kite testemunhou que ela queria formular um “claro plano de ataque” contra toda a imprensa negativa, que ela queria colocar um ponto final no “redemoinho” que o documentário de Martin Bashir tinha produzido. Kite disse que estava preocupada com documentos que tinham sido disponibilizados na internete, os quais acarretaram ainda mais danos à imagem de Michael. Aparentemente, o site da Court TV, themoskinggun.com, tinha postado documentos pertinentes ao acordo Jordie Chandler, detalhando as explícitas alegações sobre abuso sexual feitas pelo acusador de 1993.
Ann Kite contou ao tribunal que ela estava tentando lutar contra a mídia que estava atacando a personalidade de Jackson e explicou que havia muita imprensa negativa, ela sentia que a mídia tinha extrapolado. Kite relembrou que até mesmo pediatras estavam ponderando na TV, preocupados com qual tipo de fórmula de bebê que Michael tinha sido visto alimentando o bebê dele. Questionando as habilidades de Michael como pai.
A senhora Kite sentia que Michael deveria ser proativo em matéria de publicidade. Ela sentia que Jackson deveria “sair para o mundo” fazendo declarações ele mesmo. Aparentemente, Michael Jackson não tinha intenção de fazer isso e, ao contrário, tinha alistado a Fire Mountain Corporation, incluindo o produtor Marc Shaffel, para produzir um filme-resposta sobre ele que foi transmitido pela FOX.
De acordo com a senhora Kite, a rede FOX tinha concordado a dar Marc Shaffel um “nível de controle criativo” para fazer o filme. Ela testemunhou que a FOX fez uma oferta superior a ABC para o direito de transmitir a produção, The Michael Jackson Interview: The Footage You Were Never Meant To See. Isso incluiria réplicas de pessoas como Debbie Rowe, a família Arvizo e as declarações originais feitas a Bashir pelo próprio Michael Jackson.
Mas Ann Kite sentia que o vídeo-resposta, o qual não iria ao ar por semanas ou meses, não era o bastante para combater as setenta e duas horas de publicidade adversa que o documentário de Bashir já tinha gerado. Ela sabia que Jackson estava prestes a enfrentar outra barreira de publicidade negativa e disse aos conselheiros de Jackson que o problema precisava ser manejado imediatamente.
Ann Kite disse que ela começou a missão dela de “salvar” Michael Jackson no Valentines’s Day, 14 de fevereiro de 2003. Antes dessa data, ela testemunhou que tinha visto um pronunciamento de Bell Yard na Inglaterra, alguma coisa em relação à Janet Arvizo, a qual seria apresentada à mídia em uma data futura.
Quando o promotor assistente, Auchincloss, fez as perguntas, o júri entendeu que Ann Kite estava testemunhando em apoio à acusação de conspiração contra Michael Jackson e a senhorita Kite foi questionada sobre uma ligação que recebeu se Marc Shaffel, em 13 de fevereiro, de 2003. Kite contou aos jurados que Marc Shaffel estava “extremamente agitado” quando ele ligou para informar que Janet Arvizo tinha pegado as crianças dela e deixado o Rancho Neverland e relembrou que, algum tempo depois, Sheffel ligou novamente para informar que a situação tinha sido “contida”. Sheffel, alegadamente, disse a Kite que dentro de doze horas, a família Arvizo tinha sido levada de volta a Neverland.
Ann Kite contou ao promotor assistente que Shaffel usou a palavra “contida”, isso a fez se sentir muito desconfortável. A senhora Kite parecia um pouco avoada quando ela falhou em lembrar certos nomes e documentos pertinentes ao testemunho dela, mas a declaração dela, de qualquer modo, pareceu ajudar a estabelecer uma razão para a acusação de conspiração contra Jackson.
A senhora Kite testemunhou que quando falou com David LeGrand, ele confirmou que Janet Arvizo tinha deixado o rancho Neverland, mas, então, tinha voltado a Neverland, vindo de Los Angeles. Julgando o tom de voz dela, parecia que a senhora Kite estava preocupada com o que estava acontecendo com os Arvizos.
“Não me faça acreditar que essas pessoas foram caçadas como cães e levadas de volta ao rancho”, Kite mais tarde perguntou a LeGrand.
“Eu não posso discutir isso agora”, LeGrand, alegadamente, disse a ela.
Em outra conversa com LeGrand, Kite testemunhou que LeGrand mencionou o plano do time para destruir o nome da mãe Arvizo: “Ele disse que eles não se preocupariam com (Janet Arvizo) porque eles a tinham em uma fita e eles a fariam parecer uma prostituta imunda.”
A senhora Kite ainda testemunhou que depois da conversa dela com LeGrand, ela também falou com Ronald Konitzer, que era o homem “responsável” pelo time de controle de danos de Jackson. Quando ela perguntou a Konitzer sobre a família Arvizo, ele disse a ela que a “situação tinha sido resolvida”.
Aparentemente, a resposta de Konitzer fez com que ela se sentisse mais nervosa.
Kite testemunhou que ela tinha feito um contrato de ir ao programa Acess Hollywood, preparada para fazer um pronunciamento pró-Jackson no Valentines’Day. Kite disse ao tribunal que ela, na verdade, estava com o microfone e pronta, sentada no set com Pat O’Brien quando, de repente, Mark Geragos ligou para o set do Hollywood e insistiu que a entrevista deveria ser cancelada.
Ann Kite disse que enquanto estava no set do Acess Hollywood, ela falou com Geragos, pelo telefone e foi instruída a ficar em Los Angeles a noite toda e ir visitar Geragos & Geragos escritórios, na manhã seguinte. Quando Kite chegou lá, o advogado Mark Geragos alegadamente pediu a ela que assinasse um termo de confidencialidade o que ela se negou a fazer. Ela disse ao tribunal “Eu acredito que isso era para me calar.”
Kite testemunhou que mais tarde ela foi demitida, por e-mail, sem motivo.
No interrogatório, Mesereau rapidamente estabeleceu que o acordo de relações públicas de Ann Kite não era com Michael Jackson, que ela nunca encontrou ou falou com Michael Jackson, nem falou com a família Arvizo, neste caso. A senhora Kite nunca esteve em Neverland e apenas trabalhou com o “time de Michael” por menos de uma semana. Além do mais, a júri soube que Ann Kite tinha outro cliente enquanto trabalhava para o time de Jackson e esse era por contra própria.
Kite descreveu o trabalho dela como presidente da Webcaster Alliance, a companhia dela, que estava trabalhando para conseguir que fosse aprovada a legislação que permitiria as Webcasters colocar música na internete. Além de trabalhar na própria companhia, a senhora Kite não aprecia ter algo mais acontecendo na vida profissional dela. Ela certamente não era versada nos modos das celebridades. Ela não parecia ter experiência na indústria da música. Quando Mesereau a interrogou, o júri descobriu que a senhora Kite era uma escolha muito estranha para representar o Rei do Pop em uma “crise de publicidade”, ficou claro que Ann Kite nunca tinha representado uma celebridade como Relações Públicas, de qualquer forma, o que fez o júri se perguntar o quanto Jackson sabia sobre os “controladores” dele.
“Eu estou pedindo a você que responda uma pergunta”, Disse Mesereau. “Você não era realmente experiente em lidar com administração de uma crise midiática para celebridades antes de se juntar a este time, certo?”
“Acredito que eu era”, Kite testemunhou.
“Por que você representou uma?”
“Porque eu tenho visto muitas.”
“Eu não estou perguntado o que você tem visto”, Mesereau disse. “Eu estou perguntando o que você tem feito, certo?”
“Sim, eu tenho representado uma pessoa que é celebridade, senhor.”
“Certo, o nome dele é Sylver?” Mesereau quis confirmar.
“Marshal Sylver, sim, S.Y.L.V.E. R”, Kite respondeu.
“Que você saiba, ele tem estado muito na televisão?”
“Ele esteve um tempo. Eu não acredito que ele esteja mais.”
“Ele tem estado na televisão em qual capacidade.”
“Ele produz comerciais informativos.”
Quanto a passar a ser um mago de relações públicas, quanto a passar a ser uma especialista sobre qualquer coisa a fazer com Michael Jackson, a senhora Kite não era nada disso. Pra os observadores do tribunal, a idéia de que aquela mulher lidava com “o controle de crise” de Jackson, ainda que por um minuto, era incompreensível.
Portanto, quando Mesereau trouxe o assunto do relatório policial de Ann Kite que incluía uma sumária narrativa sobre o que ela tinha dito à polícia de Santa Bárbara,coisas mais incompreensíveis surgiram sobre as pessoas que “lidavam” com Michael Jackson ao tempo de crise dele. No relatório policial dela, Ann Kite disse ao delegado de Santa Bárbara que Mark Geragos “tinha a palavra final” sobre tudo a fazer para Michael Jackson, o que, como primeiro advogado criminal dele, era a única coisa que fazia sentido.
Mas enquanto Ann Kite estava sendo grelhada por Mesereau, o resto do testemunho dela se tornou frustrante para a promotoria. Por uma coisa, ela disse que ela tinha dito à polícia que “acreditava”, baseado no que David LeGrand tinha lhe contado, que Ronald Konitzer “tinha uma procuração de Michael Jackson” e tinha usado essa procuração par “roubar $ 980.000,00” de Jackson.
“Quando você foi entrevistada na delegacia de Santa Bárbara, você foi questionada pelo Detetive Zelis, se você sabia se Michael Jackson estava ciente sobre o que o time estava fazendo. Você se lembra disso?” Mesereau perguntou.
“Sim, senhor, eu me lembro”, Kite disse.
“E você disse ao detetive Zelis, que você não tinha ideia se Michael Jackson sabia o que o time dele estava fazendo, certo?”
“Está correto. Porque eu nunca falei com o senhor Jackson.”
O testemunho de Kite foi revelador, particularmente no interrogatório, durante aquele tempo, a desconhecida Relações Públicas mostrou aos jurados que Michael Jackson parecia não ter nenhuma pista sobre a pessoa que era “responsável” sobre o futuro bem-estar dele. Em certo ponto, Kite disse ao júri que ela começou a se preocupar com o que estava acontecendo em volta de Michael Jackson, que ela se sentiu compelida a ligar para o irmão dele, Jermaine. Kite testemunhou que depois do encontro com Jermaine na casa de Encino, a procuração de Ronald Konitzer foi revogada.
Ann Kite disse ao júri que ela na verdade pediu a David LeGrand que investigasse o senhor Konitzer e o senhor Shaffel porque ela “não poderia permitir que a reputação do senhor Jackson fosse totalmente arruinada na imprensa.” Ela alegou que o senhor Shaffel disse a ela que ele estava preocupado que a mãe de Gavin Arvizo estava prestes a vender a estória dela para um tablóide britânico. Quanto a Michael Jackson, Kite afirmou que não tinha certeza da lealdade de ninguém.
Parecia que a senhorita Kite destruiu quase todos os envolvidos no “time de Michael.” Contudo, foi o ex-namorado dela, David LeGrand, quem acabou sendo demitido da “equipe de controle de danos” logo no início.
Marc Shaffel e Ron Konitzer, além de três outros homens, Dieter Wesiner, Frank Cascio e Vinnie Amen, foram os cinco indivíduos indicados pela promotoria como os “não indiciados co-conspiradores” de Michael Jackson. Misteriosamente, nenhum dos cinco homens foi acusado.
Pelo menos, não ao tempo do julgamento.

“Rock With You”


Com o julgamento a toda velocidade, a fofoca da TV em torno disso adicionou uma dimensão surreal, não apenas nos cabos de notícias, mas nos programas de entretenimento em todo o mundo.
O E! News queria colocar os telespectadores dentro do tribunal e as redes a cabo, conhecida por apresentar as notícias de forma exagerada, conhecida por promover Paris Hilton e Nicole Ritchie e outras “bonequinhas”, estavam apresentando uma séria reconstituição do julgamento.
Comandado por James Curtis, a apresentação da E! News do julgamento de Michael Jackson prometia ser um sucesso. Uma reconstituição de julgamento tinha sido transmitida com sucesso durante o julgamento civil de O.J. Simpson e agora, E! News para capitalizar mais uma vez, usava o barulho de Jackson para trazer à audiência de fãs famintos de Jackson, que não tinham meios de saber o que estava acontecendo no tribunal.
A ideia parecia boa, mas na verdade, foi um desastre.
O primeiro erro foi contratar um ator que uma vez tinha parodiado o Rei do Pop em Scary Movie 3. Não foi culpa do ator. Não havia nenhum jeito de ninguém representar o Michael Jackson real. A ideia que a E! News pensou que os fãs de Jackson comprariam disso foi bizarra. Os fãs de Jackson queriam Michael, não algum ator magricela usando figurino e camadas de maquiagem no rosto.
Assim como a mídia, a maioria das pessoas presente no julgamento absolutamente se recusava a assistir ao programa de reconstituição da E! . Tal como foi, o pessoal da mídia foi esmagado com o horário difícil, consumido pela constante batalha entre Michael, a mídia e os fãs dele. A mídia se preocupava com os detalhes engraçados sobre Michael. A ideia de reviver o que realmente estava acontecendo, assistindo a atores de segunda-classe, parecia ridículo.
Ed Moss, o cara que representou Michael Jackson, tinha um trabalho difícil, com os óculos de aro de metal dele e toda a maquiagem do mundo, ele tentou parecer pensativo e majestoso, ocasionalmente sussurrando ao “advogado” alguma coisa fazendo gestos para as “testemunhas”. Mas Ed Moss nunca chegou perto de representar o ícone pop. Os esforços fracassados dele fizeram o programa parecer mais surreal.
Para ser justo, o programa E! era uma tarefa tão difícil para todos aqueles atores, que se encontraram na estranha posição de representar um dia de julgamento, baseado na transcrição do julgamento, que contavam com jornalistas pagos para fornecer os detalhes sobre o que estava acontecendo ao vivo. O ator que representava o juiz Melville parecia ser mais duro que o próprio Melville jamais foi e o cara que representava Tom Sneddon, francamente, não capturou a raiva do promotor. Sneddon tinha um senso de virtuosa indignação que foi penetrante durante todo o julgamento, mas nada disso foi transcrito para a produção do E! Quanto a Tom Mesereau, o ator que o representou, não estava atuando confidentemente. O rapaz não tinha nada da presença de Tom Mesereau, quem, na vida real, era muito seguro de si mesmo, ele diminuía o resto do time de defesa, Suzan Yu, Robert Sanger e Brian Oxman.
No verdadeiro julgamento, foi Mesereau quem lidou com a maioria das testemunhas para a defesa, ao passo que, para a promotoria, as testemunhas eram divididas entre três homens: Tom Sneddon, o promotor assistente, Gordon Auchincloss, e o promotor assistente, Ron Zonen, quem, provavelmente, foi o melhor entre os promotores no caso. No tribunal de justiça, todos os três promotores pareciam apresentar uma atitude superior, mas este importante detalhe não foi revelado na reconstituição na TV.
A ideia que a E! News queria apresentar um caso verídico, que eles pensaram que poderiam contratar uma lista de atores de segunda classe para retirar toda a maquinação daquelas fortes personalidades em um julgamento criminal, era uma afirmação sobre a arte imitando a vida que era mistificada. Era inacreditável que os executivos da E! acreditassem que o procedimento criminal serviria como forragem para o entretenimento. Não somente os atores de segunda classe foram mal em retratar Michael Jackson e o time de advogados, eles tiveram dificuldade em imitar personalidades de estrelas como Macaulay Culkin, George Lopez, Cris Tucker e Jay Leno.
Foi um circo, mas a rede E! executou o programa por meses.
Ao mesmo tempo que a E! News estava saindo de uma estrela rochosa com a versão deles do julgamento de Michael Jackson, o Tonight Show, apresentado por Jay Leno, estava fazendo um esforço público para ter o direito de discutir o caso tarde da noite na TV. Naquele tempo, o senhor Leno, que havia sido intimado a testemunhar no julgamento, foi sujeitado à ordem de mordaça de juiz Melville, a qual proibia qualquer potencial testemunha de falar sobre Michael Jackson.
Por anos, Jay Leno regularmente fez piadas sobre a afinidade de Jackson com crianças e garotinhos. Agora, o artista tinha ajuizado uma moção, requerendo uma exceção da ordem de mordaça. Leno pediu que ele fosse limitado, somente, a não ser capaz de revelar nada que ele soubesse de primeira mão em relação ao caso.
“Como parte do papel dele no The Tonight Show, senhor Leno comenta e envolve os convidados na notável questão de interesse público”, a moção disse. “Até o senhor Jackson apresentar ao senhor Leno uma intimação, ninguém pode arguir que o senhor Leno está limitado de comentar de alguma forma, E discutir, à vontade, assuntos relacionados ao caso.”
A moção, apresentada por Theodore Boutrous, esperava esclarecer quanto à possibilidade ou não do senhor Leno poder fazer, todas as noites, piadas “Jackson” durante o julgamento. O advogado Boutrous, atuando em favor da NBC, queria remover a ameaça de sanção legal. O senhor Boutros não queria que a ordem de mordaça fosse interpretada de forma a limitar as habilidades do senhor Leno de falar publicamente sobre Michael Jackson.
Enquanto esperava pelas régras do juiz Melville, como uma forma de contornar as sanções do tribunal, Jay Leno decidiu fazer outras pessoas no palco fazer piadas sobre o que acontecia diariamente em torno do julgamento criminal. Era fácil o bastante ter “desconhecidos” se apresentando para fazer piadas do infortúnio de Jackson, as pessoas pareciam ansiosas por ajudar Leno.
As pessoas não tinham problemas em fazer isso.
As pessoas adoravam fazer piadas sobre a condição de Michael.
Como aconteceu, o juiz Melville decidiu que o senhor Leno poderia de fato fazer piadas publicamente sobre o julgamento e limitou a ordem de mordaça apenas ao conhecimento pessoal de Leno sobre certos fatos sobre os quais o comediante poderia, eventualmente, vir a testemunhar. Para Jay Leno, uma vez que a ordem de mordaça foi retirada, todas as apostas estavam lançadas. A estrela da madrugada voltou sem limites. Fazer piadas era o trabalho dele, como comediante, mas parecia cruel, realmente, que Leno fizesse mais piadas sobre Jackson durante o julgamento do que ele jamais tinha feito antes. O senhor Leno, sem se preocupar, estava adicionando combustível ao tribunal da opinião pública. Um tribunal que já estava em fogo em razão do estilo de vida de Michael.
“O advogado de Michael Jackson disse que ele não irá usar a questão racial. Principalmente porque ele não pode descobri de qual raça Michael é”, Leno disse, abrindo o monólogo dele para uma enxurrada de risos.
Quando o Today Show voltou aos velhos truques, a lista de piadas de Jay Leno sobre Michael Jackson tornou-se muito longa. Tudo que a mídia estava noticiando diariamente tonou-se forragem para a equipe de produtores de Leno. Mas não importa o quanto o julgamento parecia brincadeira, a vida e reputação de Michael Jackson estavam realmente em jogo. A promotoria não estava brincando sobre colocar Michael Jackson atrás das grades. Eles queriam que o artista tivesse uma pesada prisão.
No terceiro dia, Michael, vestindo um terno escuro acentuado por um colete branco bordado, com uma bugiganga cara pendurada no pescoço, parecia decidido. O testemunho estava agora em curso com Ann Kite sendo seguida por um dos oficiais que tinha filmado os brinquedos no rancho Neverland.
Na sessão matutina daquele dia, Michael carregava uma pequena caixa de presente atada com uma simples fita vermelha. Quando ele deixou o tribunal no primeiro intervalo, presente na mão, Michael parou ao lado de Katherine. Com todo mundo olhando para ele, as pessoas não podiam deixar de pensar que Michael, aquela altura, ainda era um filhinho da mamãe. Ele amava Katherine e queria que ela sentisse orgulho dele.

Michael e Katherine estavam em silêncio enquanto se afastavam dos flashes das câmeras, das câmeras de televisão e da multidão de fãs nos corredores. Como de costume, Michael pegou o elevador para uma sala secreta no andar de cima. é claro que ninguém na mídia tinha permissão para perguntar exatamente onde Michael e a família dele ficavam durante os intervalos. Do lado de fora do tribunal de justiça, Michael Jackson estava fora do alcance. Durante os intervalos e recessos os oficiais do tribunal guardavam Jackson como se ele fosse o presidente dos Estados Unidos. E talvez eles tivessem que fazer isso, porque nos bastidores havia medo de ameaças de bomba, membros da aplicação da justiça estavam absolutamente cientes de inúmeras coisas que poderiam sair errado.
Em razão da rígida segurança, a situação para as pessoas todos os dias no tribunal não era agradável. A mídia era relegada a uma área apelidada de “o monstro verde” um lugar sem aberturas onde especialistas falavam para as câmeras, um lugar onde as pessoas não podiam se movimentar livremente. De uma forma estranha esta “prisão” imposta era um reflexo da vida de Michael. A celebridade de Michael o fez, e a todos em volta dele, prisioneiros. A gigantesca fama custou a liberdade dele e as pessoas comuns em volta dele sofriam a mesma aflição.
às vezes, Michael parecia no andar inferior poucos minutos mais cedo, procurando sorrir ou acenar para o s fãs que tinham vencido a loteria dos acentos na área pública. Mas muitas vezes, os fãs foram expulsos e empurrados para fora do caminho de Jackson. Em geral, os fãs assim como a mídia eram tratados rudemente pelos oficiais do tribunal. Parecia que o poder das autoridades tinha subido para a cabeça das pessoas. O grupo de delegados e de oficiais da lei estava sempre tentando ultrapassar uns aos outros. Algumas vezes levando o papel deles a sério de mais, intoxicados pelo poder deles.
Exatamente como o por star, todo mundo na presença dele estava sendo observado como um falcão. O escrutínio público tornou-se uma rotina para quem estava próximo a Michael Jackson. Todo movimento era monitorado e todo mundo sabia que se houvesse um movimento errado, custaria caro. Desde o primeiro dia de julgamento certos fãs foram banidos permanentemente do tribunal por agir de foram errada. Regularmente, haveria membros da mídia que seriam chutados para fora se eles inadvertidamente trouxessem celulares ou aparelhos de internete para o tribunal.
Havia um constante empurra e puxa entre os fãs, a mídia e os oficiais do tribunal, que pareciam ter extremo prazer em derrubar os pavões da mídia. O pessoal da mídia não tinha permissão para ter água, não podia mascar chiclete, não podia sequer sussurrar, quando o julgamento estava em processo. Muitos membros da mídia queriam ser resgatados da cena, eles queriam a privacidade deles de volta. Ironicamente membros da mídia não gostavam do sentimento de ser alvo de escrutínio a cada pequeno movimento que faziam. Eles desejavam encontrar uma saída, uma escapatória da constante vigilância.
A mídia observava Michael Jackson lidar com todos os egos de adulto com um inegável charme, que ficou óbvio, tão cristalinamente claro, por que motivo Jackson precisou criar uma vida onde estivesse livre das restrições dos adultos. Dado o constante escrutínio, a constante expectativa dos adultos, parecia compreensível que Michael tivesse sofrido tanta dor para ter construído um mundo particular na casa dele. Neverland era a fuga das câmeras de TV, dos flashes, das colunas de fofocas, dos curiosos, de todo o universo de adultos que o colocou em um aquário desde o momento em que ele se tornou uma estrela.
Aquela tarde no tribunal, o delegado Albert Lafferty tomou lugar para detalhar o envolvimento dele com a invasão que foi realizada no rancho Neverland, em 18 de novembro de 2003. Enquanto o delgado testemunhava, confirmando que ele tinha filmado Neverland, em sua totalidade, os observadores do tribunal escutaram que eles estavam prestes a ter um vislumbre interno da casa de Michael Jackson. O jeito que Michael vivia, os cômodos mais secretos dele e todas as coisas pessoais dele seriam mostradas na tela. Quando o DVD foi inserido, uma imagem de Neverland surgiu na grande tela do tribunal, pela única vez, o júri, o juiz, todo o mundo da mídia tinham a chance de examinar a vida privada de Michael Jackson. Eles ficaram embasbacados com as obras de arte dele, eles fizeram anotações sobre o quarto de brinquedos dele, as pilhas de quinquilharia, empilhadas no banheiro e na suíte dele. Que pesadelo para Jackson. Ninguém na face da terra iria querer que o público visse cada centímetro de seu armário, seus cubículos, suas gavetas de banheiro.
Albert Alfferty testemunhou que ele faz parte da unidade forense na divisão criminal da delegacia de Santa Bárbara, dizendo que era o trabalho dele documentar a cena do crime, coletar e preservar evidências. Dos setenta membros da justiça que invadiram Neverland, em novembro 2003, Albert Lafferty foi designado a fazer uma filmagem e fotografar a residência principal. Lafferty explicou que ele capturou todas as fotos evidências antes que qualquer busca policial fosse realizada, e testemunhou que ele documentou a “cena” antes de tudo ser bagunçado pela força judicial. Lafferty contou ao júri que ele processou as filmagens de Jackson e as colocou como evidências.
Para o júri, Lafferty ajudou o departamento de polícia de Santa Bárbara a identificar as várias construções que foram mostradas nos mapas de Neverland. Pontuando uma grande vista aere de Neverland, Lafferty usou um laser vermelho para destacar a Figueroa Mountain Road, seguindo a rodovia da cidade de Los Olivos para os portões de Neverland Valley Ranch. O oficial pontuou os locais da casa principal, a arcade, a estação de trem, o parque de diversões e o zoológico.
Enquanto o laser vermelho de Lafferty movia-se para além dos portões, o oficial mostrou aos jurados a rodovia privada que circundava Neverland, a qual levava a outro portão, este ornado como um portão da Disney, que abria automaticamente, como cabines de controle operadas por manequins em forma de seguranças, de tamanho real. Música saía dos alto-falantes e uma Neverland que as pessoas nunca viram um relance, foi mostrada ao júri. Centímetro por centímetro.
Enquanto ele pontuava a primeira exibição, Lafferty mostrou o caminho até a elaborada pista de Michael. Ele explicou aos jurados que estavam olhando para a casa principal e depois para as unidades de hóspedes, onde pessoas como Elizabeth Taylor e Marlon Brando ficavam regularmente. Lafferty mostrou aos jurados os brinquedos do parque de diversões de Michael e, então, moveu-se para a estação de trem, com um relógio descomunal, peça central de Neverland que a maioria das pessoas reconhecia das reportagens do mundo todo.
Como todo mundo viu a filmagem aérea, o nível de riqueza de Michael era surpreendente. Neverland não era apenas um rancho ou um lugar de diversões. Era um estado, assentado em duzentos e setenta acres, completo com sua própria patrulha de segurança, o próprio departamento de bombeiro e uma linda construção ao estilo Tudor que alojava a arcade principal, um cinema, uma garagem cheia de Rolls Royces e um Bentley; assim como a casa principal, completa com chefes, mordomos, reparadores e pessoal da limpeza.
O montante de poder e dinheiro que foi gasto para estabelecer esse lugar era vivamente evidente. O fato de Michael Jackson ser claramente o habitante mais rico na área de Los Olivos, era um fato a ser ponderado. As pessoas estavam se perguntando por que a promotoria de Santa Bárbara tinha usado mais força policial para invadir Neverland que jamais usara para pegar qualquer serial killer na história dos Estados Unidos.
Quando Tom Mesereau mais tarde questionou por que a força policial precisaria de setenta pessoas para fazer um inventário de Neverland, ele queria pontuar que, ao tempo da invasão, Michael nem mesmo estava no local. Portanto, o rancho de Michael precisar ser invadido por uma pequena força policial, parecia excessivo.
Enquanto a filmagem de Neverland continuava a ser rodada, Lafferty disse aos jurados que a força policial tinha chegado às 09h07min da manhã de 18 de novembro, que eles começaram a filmar o interior da residência aproximadamente às 09h55min da manhã e a busca em Neverland não acabou até tarde da noite. Lafferty disse que ás 08h40min da noite, a busca na residência principal tinha sido completada, exceto pelo quarto principal. Ele disse que aproximadamente às 10h38min a vídeo documentação do quarto de Michael começou. Era um suíte de dois andares e Lafferty levou quase vinte minutos para filmar apenas aquela área.
Antes de deixar o banco, Lafferty testemunhou que a última coisa que ele tinha feito na residência foi voltar à formal sala de jantar de Michael, onde o oficial mandado de busca foi estabelecido. Lafferty filmou o mandado de busca, mostrando que isso foi deixado para Michael Jackson na residência dele, aquela noite, quando voltou à delegacia de Santa Bárbara, Lafferty trancou a fita em um local apropriado da unidade de justiça.
Apresentado como evidência, People’s exhibit 336, era um DVD de doze minutos que documentava a privada Neverland de Michael.
O vídeo começou fora, no vestíbulo principal, onde uma estátua de um mordomo cumprimentava os convidados. Mas então a câmera rapidamente girou para a esquerda guiando os jurados para um corredor em direção a suíte de Michael, a porta da suíte de Michael, embora tivesse um código de segurança. Pôde facilmente ser aberta pela força policial.
O vídeo mostrou o primeiro andar do quarto principal, como lareira e uma gigante sala de estar, completa com um grande piano. Passaram rapidamente pela área do banheiro menor e subiu as escadas para mostrar a imensa cama de Michael, coberta com um acolchoado azul brilhante que cintilava. Uma estranha pintura de Michael como a “The Last Supper” pendurada diretamente acima da cama.
(Nota da tradutora: The Last Supper é a pintura de Da Vinci chamada de “A última Ceia”)

Era difícil identificar cada figura na pintura, mas, como Jesus, Michael foi retratado entre doze homens. Em vez de ver apóstolos os jurados esticaram os olhos para decifrar quem estava retratado à esquerda de Michael: Abe Lincon, JFK, Thomas Edson, e Albert Einstein. A pintura estava muito nebulosa para permitir que os jurados percebessem quem estava sentado à direita de Michael, mas uma das figuras parecia ser Little Richard.
Era estranho.
Então, a imagem da “The Lats Supper” desapareceu.
Enquanto os jurados assistiam a representação do DVD, tomando notas sem deixar de olhar para a tela, a filmagem mudou rapidamente. Fascinados pela visão do santuário de Michael, as pessoas no tribunal não conseguiam acreditar em nos olhos delas.
Em um grande vestíbulo, onde as coisas eram organizadas e formais, as pessoas ficaram impressionadas com os querubins, grandes estátuas de mármore que levava através da porta de entrada do quarto. Figuras de querubins nus em tamanho real, de pé no soalho ornamentado, eram ofuscadas por caríssimas tapeçarias, por pinturas de Michael cercado por crianças de todas as nações que existem. Porque a câmera se moveu muito rapidamente, pareceu que as estátuas de mármore destacaram-se. As estátuas dos querubins pareciam mais brancas que a neve.
Os observadores do tribunal pareciam impressionados com a majestade do hall de entrada, mas então, a filmagem mudou para um lugar mais aconchegante, a cozinha, mostrando um gigantesco forno e duas ilhas onde a comida é preparada. Quando a câmera rodou, vários empregados da cozinha ficaram imóveis. Eles estavam vestidos com um formal uniforme de “ajudante de cozinha” branco e preto.
A filmagem mudou então, para mostrar a enorme sala de estar de Michael, onde havia pelo menos três candelabros pendurados. Entre sofás e a mesa de café havia muitas urnas gigantes e peças de arte incomuns, era difícil distinguir qualquer coisa. De qualquer forma, ao longo de uma parede, a formal sala de estar alojava um suntuoso castelo em miniatura, o qual tinha dois manequins em tamanho real, guardando-o. O castelo parecia ser uma cópia feita por medida de um lugar antigo, completado por servos e fosso. Ele ocupava quase um quarto da sala de estar. Do outro lado da sala, em frente ao sofá uma lareira gigante, uma estante de caras estátuas e objetos de vidro, tantos que incontáveis.
Esculturas e manequins enchiam a sala de estar, assim como caras pinturas a óleo de Michael, uma delas representando Jackson como um rei, outras de Jackson como um anjo. Havia muito trabalho de arte na sala, parecia uma galeria. Era impossível imaginar alguém sentado ali, entre todos aqueles objetos de ornamentação e realmente se encostar e relaxar. A sala de estar não era um lugar, pelo visual dela, onde Michael ficava. Era um lugar onde Michael despejava parte da vasta coleção de arte dele.
Quando a filmagem se moveu para o corredor, mostrando a área do quarto, havia estátuas de vários tipos, manequins de criancinhas escondendo-se pelos cantos; e o júri viu um quarto inteiro dedicado às bonecas. Outro quarto estava cheio de brinquedos em tamanho real, completo pelos personagens de Star Wars e todos os heróis populares, de Homem Aranha a Batman e Superman. O quarto de Prince e Paris foram passados rapidamente e o vídeo focou no corredor que levava diretamente ao quarto de Michael, que era muito desordenado, era difícil decifrar o que estava lá. Além de decoração natalina, livros, pinturas e antiguidades, havia recortes de papelão, que se assemelhava_ isso parecia_ Hulk Hogan e talvez um demônio. Então, exatamente na entrada da cama, na área de estar, havia um enorme trono de ouro, o qual mantinha o manequim de uma criança plantando bananeira.
Para Michael, crianças eram reis. Essa era a linha em todas as fibras da casa dele.
Em uma caixa de vidro, no primeiro piso da suíte principal, estavam as figuras dos sete anões e outras caras coleções da Disney. Em uma alcova cheia de marionetes, havia uma cegonha carregando um “pacote” de bebê e uma horda de bichinhos de pelúcia. Em todo o quarto havia personagens de desenhos animados representados, de Mickey Mouse em Fantasia, às Tartarugas Ninjas. Figuras de tamanho real e recortes de papelão de pessoas heróicas incluindo pessoas como Michael Jordan e Bruce Lee. Peter Pan estava representado em toda a parte. E estava proeminentemente destacado em um mural na parede.
Fotos de crianças estavam em molduras por todas as mesas. Imagens de crianças eram exibidas por toda a cobertura da lareira e todas as paredes do quarto, onde quer que Michael encontrasse espaço. A desordem fazia o lugar parecer cheio, mas era chocante ver como Jackson sentia necessidade de se cercar de tantas “coisas.”
Aparentemente Michael considerava os objetos uma “companhia”.
Em uma das paredes, um jardim de pedras preciosas era exibido. A bandeira americana, uma maçã vermelho-rubi, um enorme coração, todo o tipo de estatueta preciosa. Proeminente entre eles: Peter Pan e Sininho.
Mas o DVD mudou rapidamente e os itens preciosos se tornaram um borrão.
No lugar deles, os jurados começaram a ver gigantes imagens de heróis do esporte, em papelão. O júri pôde ver inúmeras estátuas feitas em papel mâché , mas como a imagem mudava rapidamente, dos manequins naturais de personagens do esporte, para personagem de filmes e imagens de tamanho real de cavaleiros em armadura brilhante, tudo misturado.
No armário do piso inferior de Michael, tudo estava extremamente limpo e organizado. As roupas dele eram arrumadas por cor: uma série de calças pretas, uma série de camisetas brancas, uma série de camisetas vermelhas. O armário dele parecia uma boutique muito cara. Aqui estava até uma câmera deslocada. Era na câmera acima do armário de roupas, onde as prateleiras de Michael estavam repletas de recordações de crianças e brinquedos não abertos.
No andar superior da suíte, ao longo do perímetro da cama de Michael, havia inúmeras figuras do Homem Aranha, chapéus de feltro preto, raquetes de tênis, brinquedos embalados, pilhas de livros e de CDs, quatro diferentes TVs, alto-falantes com sistema de som, que pareciam ligados a um elaborado computador de tela plana, bem como um berço de bebê. O lugar era absolutamente abarrotado. Próximo a cama brilhante de Michael havia muito para se olhar, era muito difícil distinguir todos os personagens de desenho animado. Ainda em suas caixas estavam um Pato Donald, capitão Gancho e Alice nos país das maravilhas e misturados a outros brinquedos e jogos, havia pilhas de presentes que foram deixados parcialmente embrulhados.
Este era o maior quarto de criança do mundo.
Entre as fotos de Peter Pan, Shirley Temple e Sininho, havia pôster do Mágico de Oz, Os Três Patetas, Pinóquio, Charlin Chaplin, Star Wars, Bambi, Indiana Jones, Roger Rabbit, Cantando na chuva, e, é claro, um pôster em tamanho real de Macaulay Culkin em “Esqueceram de mim”.
Entre todas as pilhas de videotapes e DVDS, espalhados entre as crianças em recortes de papelão, bichos de pelúcia, manequins, trabalhos de arte, jogos de garotos e abajus, não havia nenhuma foto de Michael. Em vez disso, além de tudo, exibida proeminente na tampa de um aparador na cabeceira de Michael, estava uma foto de Marilyn Monroe. E próximo a Marilyn estava um livro sobre o papa João Paulo II.
Ninguém no tribunal sabia o que fazer disso.





“Stop! The Love You Save May Be Your Own”



A irmã de dezoito anos de Gavin Arviso, Davellin, era reservada e falava com suavidade, quando foi o momento dela se sentar no banco de testemunhas. Quando ela ajustou o microfone, a jovem parecia nervosa. Ela se negou a olhar na direção de Michael Jackson, exceto para identificá-lo como réu no caso. Ela não o via há dois anos.
Pediram a Davellin que voltasse a 1999, quando ela foi aceita como estudante na Hollywood High School, em Los Angeles, sendo transportada de ônibus para lá do apartamento de um cômodo, do outro lado da cidade. Davellin disse que ela era uma “estudante magnética” detalhando as boas notas dela e interesse em artes, explicando que ela recebeu uma entrada especial para escola que era longe da casa dela, no leste de Los Angeles.
Tom Sneddon pediu a Davellin para descrever o tamanho da residência da família dela na rua Soto, um lugar que era muito pequeno, a jovem foi capaz de pontuar para os jurados, e depois para o funcionário da corte, indicando que todos os cinco membros da família viviam no espaço que era, talvez, menor que cem metros quadrados.
Davellin falou sobre como ela e os irmãos foram apresentados a Jamie Masada, o dono de um legendário clube, o Laugh Factory, localizado na Sunset Strip. Ela disse que elas e os irmãos eram parte de um “acampamento de comedia” para crianças da periferia, e disse aos jurados que em 1999, eles aprenderam as técnicas de comédia com estrelas como Paul Rodriguez, Shawn Wayns e George Lopez. As crianças se divertiam, usando a pobreza deles para ganhar risadas com as paródias que apresentavam e os comediantes com quem trabalhavam simplesmente os adoravam.
Foi em algum momento, em 2000, que a família soube que Gavin, aos dez anos, tinha sido diagnosticado com um fatal e misterioso câncer. Naquele momento, a mãe de Gavin, Janet, apresentou uma lista de desejos em nome de Gavin a Masada, que queria fazer tudo ao seu alcance para ajudar a salvar o encantador garotinho. Os últimos desejos de Gavin era conhecer Chris Tucker, Adam Sandler e Michael Jackson. Através das conexões de Masada no show business, Gavin e a família dele se tornaram amigos de ambos, Chris Tucker e Michael Jackson, os quais estenderam a mão para Gavin em 2000, quando o garoto sofreu com severas crises de náuseas e prostração, sendo tratado com doses adultas de quimioterapia.
Uma vez que ele estava bem o bastante para deixar a cama de hospital, Gavin ficou em casa com os avós, em El Monte, e celebridades arrecadaram fundos, assim, o quarto de Gavin pôde ser equipado com equipamentos de tamanho padrão para ar e controle de qualidade. Enquanto o garoto lutava contra o câncer, Gavin tinha uma boa parte de celebridades que o visitava, nem todos eles tinham nome familiar, mas, de todo modo, doavam dinheiro, brinquedos e presentes para o menino. Davellin testemunhou que havia visitas de celebridades de “grande nome” naquela época e que Gavin tirou fotos com lendas, entre eles, Kobe Bryant. Quando a foto de Kobe e Gavin foi mostrada ao júri, Davellin disse que o superstar do basquete tinha dado ao irmão dela uma malha especial para usar.
Davellin disse aos jurados que Michael Jackson inicialmente ligou para o irmão dela quando ele estava no hospital e depois ligou para Gavin na casa dos avós. Durante todo esse período Michael estava ligando para dar a Gavin a esperança de crescer forte, dizendo para Gavin “comer todas as células do câncer como Packman.” Michael estava tentando ensinar Gavin uma visualização técnica, sugerindo que o garoto visualizasse a si mesmo usando células saudáveis para comer as células doentes. Jackson queria que o garoto ficasse bem e o convidou para passear em Neverland.
A primeira viagem da família Arvizo para ver Michael Jackson foi uma viagem tudo-pago, o início de muitas luxuosas extravagâncias que Michael estava sempre feliz em dar. Uma comprida limo chegou ao apartamento-estúdio deles no leste de Los Angeles para transportar o clã Arvizo até o rancho, onde eles foram recebidos na casa principal pelo pessoal da cozinha e, então, por Michael, que estava comendo um sanduiche e sendo extremamente humilde. Os Arvizos ficaram cada um em uma unidade para convidados, três ao todo, e depois que eles estavam instalados, Davellin e os irmãos andaram pelo lugar em um carrinho de golfe, fazendo uma rápida tour pela árcade, o zoológico e pelo teatro.
Na primeira visita deles lá, Davellin testemunhou, os pais dela entraram em uma discussão que se tornou violenta. Aparentemente, David Arvizo ficou enciumado por Janet Arvizo estar se divertindo com Michael. Na fúria, ele jogou uma lata de refrigerante nela e destruiu todo o quarto de hóspedes, deixando a mãe dela em lágrimas. Quando questionada se tinha visto a mãe apanhar de David Arvizo naquela ocasião, Davellin disse “Sim”. Ela disse aos jurados que a mãe apanhava sempre, em muitas ocasiões, “havia muitas para contar”. Ela também testemunhou que o pai tinha batido nela e nos irmãos “muito”.
Quando o promotor pediu a Devellin que recontasse a primeira visita dela a Neverland, ela falou sobre toda a família jantando com Michael na formal sala de jantar dele, recordando que, quando à mesa, Gavin perguntou aos pais se ele e Star poderiam ficar com Michael na casa principal. Ela disse aos jurados que Gavin pediu para ficar no quarto de Michael, ao que os pais Arvizos não objetaram.
Na próxima vez que ela e os irmãos foram visitar Neverland Davellin disse que foi uma viagem com Chris Tucker, quem acompanhou a família Arvizo até lá em duas ocasiões, uma, quando Michael não estava presente e outra, quando Bashir filmou o documentário infame dele. Entre as duas visitas, Davellin testemunhou, os irmãos dela foram a Neverland um sem números de vezes na companhia dos pais, mas ela não estava presente.
Algum momento naquele mesmo ano, por volta do fim de 2000, os pais Arvizos se separaram. De acordo com Davellin a família Arvizo sofreu quando David se foi e a mãe dela, Janet, estava lutando arduamente para manter Gavin dentro das recomendações médicas. Porque Gavin não estava livre do câncer e porque Janet não teve mais acesso ao automóvel de David por muito tempo, a família aproximou-se de Michael para pedir ajuda. Davellin disse que Michael Jackson deu a mãe dela um carro para usar. Um Ford Bronco.
Enquanto Sneddon questionava a jovem de cabelos pretos, a maior parte do testemunho dela relatou a alegação de que Michael Jackson e os cinco associados dele tinham conspirado para sequestrar, manter em cárcere privado e extorquir a família Arvizo entre fevereiro e março de 2003. Davellin testemunhou sobre a “conspiração” que começou justamente após o documentário de Bashir ser transmitido na Inglaterra, naquele tempo ela, os irmãos e a mãe voaram para encontrar Michael em um jato fretado por Chris Tucker.
Davellin afirmou que durante a estadia da família com Michael no Miami’s Turnberry Isle Resort, a família foi privada de assistir à exibição do documentário de Bashir, nos EUA, pela ABC. Ela testemunhou que embora ela e a família tivessem o próprio quarto de hotel, sentiram que eles estavam cativos, incapazes de deixar a suíte de Michael. Ela disse que testemunhou o irmão dela entrando no quarto para falar com Jackson e os associados dele “privativamente” e disse que, em três ocasiões, o irmão dela esteve agindo de forma diferente, explicando que Gavin se tornou muito extravagante, correndo por toda parte, falante e brincalhão.
Davellin disse aos jurados que na viagem de volta de Miami para Neverland, ela viu Michael e Gavin suspirando um para o outro, passando uma lata de Diet Coke para trás e para frente. Ela não pôde notar o que tinha na lata, mas levou os jurados a acreditar que Michael estava tentando divertir-se com Gavin, a implicação dela era que Jackson estava dobrando o irmão dela com vinho. Quanto às outras observações, Davellin testemunhou que, enquanto estavam no avião viajando de Miami a Santa Bárbara, Michael deu a Gavin de presente um relógio de $75.000 assim como uma jaqueta de strass.
Uma vez que tinham retornado a Neverland, Davellin contou aos jurados que, como Chris Tucker não demorou, ela e a família se sentiram desconfortáveis estando com os associados de Jackson, eles pareciam estar “monitorando” a família e estavam alegando que a família Arvizo estava sob ameaças de morte. Os associados de Jackson a assustavam, Davellin afirmou, ao mesmo tempo em que os esforços de relações públicas estavam em andamento. Aparentemente Jackson estava preocupado com uma campanha de publicidade que seria lançada, a qual tinha o objetivo de frustrar o documentário de Bashir.
Sobre a chegada deles a Neverland, Davellin testemunhou que a ela e a família foi dada uma “lista de coisas legais para dizer” para um vídeo resposta sobre Michael Jackson. Tom Sneddon questionou a jovem dama por horas, durante o que Davellin repetidamente alegou que ela sentiu que ela e a família estavam presas em Neverland. Davellin testemunhou que a família Arvizo tinha deixado o local sob estranhas circunstâncias.
“Nós estávamos assustados por toda aquela situação”, Devellin explicou. “Toda a situação, todo o segredo. O... muito agressivo mesmo. Eu estava muito assustada. Eu não sabia o que estava acontecendo e como e por que era assim.”
Antes que o testemunho dela acabasse, Davellin alegou que nunca tinha experimentado álcool antes que ela recebesse álcool para beber do próprio Michael. A jovem mulher também falou sobre o envolvimento da mãe dela com o novo namorado, o major Jay Jackson, com quem ela e a família ficaram depois do resultado do documentário de Bashir. Davellin lembrou, em detalhes, uma entrevista que aconteceu no apartamento de Jay Jackson em Los Angeles. Foi uma entrevista conduzida por Brad Miller, um detetive particular que trabalhava em favor do famoso advogado Mark Geragos, quem continuava representando Michael Jackson naquele tempo.
A entrevista foi filmada por Miller e seria mais tarde juntada às evidências. Nela, a família Arvizo, Gavin, Star, Davellin e Janet, deram uma análise apaixonada de Michael Jackson, contando ao investigador particular que Michael era como “um pai” para eles, que Jackson era um homem generoso e carinhoso, que tinha demonstrado “amor incondicional.”
EXHIBIT 5000-A no caso O Povo do Estado da Califórnia contra Michael Joe Jackson foi uma transcrição da entrevista dada a Brad Miller. A Exibição mostraria que, em 16 de fevereiro de 2003, a família Arvizo tinha expressado sentimentos sobre Michael Jackson que parecia não combinar com nada do que Davellin tinha testemunhado.
Na gravação, estava claro que família Arvizo, Janet e os filhos, todos tinham participado da entrevista de bom grado. Eles deram permissão para que isso fosse gravado e foram muitos detalhistas e otimistas enquanto falavam. Naquela época, Davellin estava com 16 anos, Gavin, 13 e Star, 12. Brad Miller começou com Janet, perguntando a ela como a família conheceu Michael Jackson e Janet estava ansiosa por falar sobre o ano de quimioterapia e radioterapia que Gavin recebeu; o que tinha salvado a vida dele.
Enquanto Janet falava do extensivo tratamento de câncer de Gavin no Kaiser Permanet Hospital em no Sunset Boulevard, ela explicou que um time de doze médicos não foi capaz de dizer qual tipo de câncer Gavin tinha sofrido. E continuava a ser um mistério como o filho dela estava vivo e livre do câncer.
Para registrar, Janet testificou que Gavin tinha perdido o rim para o câncer a glândula adrenal esquerda, a extremidade do pâncreas, o baço e muitos gânglios linfáticos. Ela contou a Miller que o doutor também retirou um tumor de 7,2 Kg de Gavin e no estágio quatro do câncer, tinha atingindo os pulmões de Gavin também. Gavin foi submetido a várias transfusões de sangue, transfusão de glóbulos brancos e vermelhos, algumas vezes simultaneamente.
Quando o investigador particular perguntou a Gavin sobre a amizade dele com Michael, o garoto disse, “Michael me disse apresse e termine sua quimioterapia e venha para Neverland.” Na fita, Gavin relembra estar no hospital sempre se imaginando indo a Neverland, vendo Michael Jackson em pessoa. “Foi o que sempre me fez feliz”, Gavin disse, “porque Michael sempre coloca um sorriso no meu rosto.”
Brad Miller quis saber se Michael alguma vez tinha ido ao hospital para visitar Gavin e Gavin disse que Michael estava sempre viajando, afirmando que em vez de visitar, Michael ligaria e algumas vezes falavam por horas no telefone, falando a partir de lugares remotos por todo o mundo. Gavin sentia como se Michael fosse um grande amigo e disse a Miller, “Eu poderia ligar para ele a qualquer hora e conversar com ele.”
Quanto a Janet, ela insistiu que todo o comportamento de Michael foi “fraternal” para Gavin, assim como para Star e Davellin. Ela disse que Michael “sabia que todos os três precisavam dele”, especialmente desde que o pai de verdade deles, David Arvizo, tinha tratado a família mal. Janet alegou que o papel de David era “certificar-se de que ele parecia ser um bom pai”, mas insistiu que David tinha, de fato, causado danos
para ela e os filhos dela durante anos.
Janet queria que o investigador de polícia soubesse que ela e David estavam separados judicialmente, com divórcio pendente e afirmou que David foi preso por violência doméstica em outubro de 2001. Janet afirmou que David Arizo se declarou culpado das acusações de violência doméstica e disse que, após uma investigação ser conduzida e “os investigadores descobriram que haviam mais crimes aqui que David tinha praticado, não apenas comigo, mas com meus três filhos.”
Janet alegou que houve nove acusações que David enfrentou incluindo “negligência infantil” e ameaças terroristas. Ela alegou que todos os três filhos foram espancados por David, neste ponto Gavin entrou e alegou que o pai o espancou, inclusive durante o tratamento contra o câncer, mesmo depois da cirurgia. Star Arvizo contou a Miller que David lhe bateu na cabeça. Na fita, Davellin alegou que David quebrou o cóccix dela.
Foi triste. Quando as crianças Arvizo fizeram as suas alegações, eles falaram sobre David jogá-los contra paredes, arrancando tufos de cabelo de sua mãe, havia muita violência doméstica. Janet disse a Miller que havia sido concedida uma ordem de restrição, de cinco anos, para manter David longe dos filhos e do cão dela, Rocky, que Janet alegou ter sido abusado fisicamente por David também. Janet disse que tudo o que ela e os filhos dela amvam, David jogava fora.
David Arvizo, um trabalhador de armazém, para os supermercados Vons, uma empresa Safeway, nasceu em 20 de setembro de 1966. Janet tinha sido casada com ele por 17 anos e disse que na maior parte desse tempo, ela orou para "ser libertada desse demônio.”
Janet contou ao investigador particular que, quando Michael Jackson veio, Michael era "uma pessoa muito gentil e amorosa", que ela sentiu que ele também “tinha que se libertado de David.”
Janet disse que o “tão logo” ex-marido dela tinha se encontrado com Michael diversas vezes e esteve envolvido nos passeios iniciais deles a Neverland. De acordo com Janet, a princípio, quando as coisas estavam indo bem no casamento deles, David tinha testemunhado “uma bela história entre Michael e Gavin” sendo filmada nos terrenos de Neverland.
O filme ao qual Janet estava se referindo era um pequeno clipe de Michael levando Gavin em um passeio por Neverland. O júri mais tarde assistiu ao clipe e viu o corpo pequeno e frágil de Gavin, tão mais fraco que o irmão dele, Star, quem empurrava Gavin em uma cadeira de rodas, parecendo pronto para chorar. Ao fundo, enquanto a câmera seguia os três_ Michael, Gavin e Star_ Michael pegou o guarda chuva dele para se proteger do sol, a música dele “I’ll Be There” estava sendo tocada no fundo.
“If you should ever found someone new...I hope that he’ll be good to yu...’cause if he isn’t...I’ll be the-eere.
Foi tocante, assitir aos três movendo-se de vagar pela pequena ponte, perto de lindas lagoas, debaixo de carvalhos gigantes, com a voz angelical de Michael alfinetando o coração de todos que escutavam.
I’ll be the-eere...”
I’ll be the-eere...”
Just call my name...and I’ll be there.”
Eanquanto o clipe era tocado para o júri, todos os olhos estavam grudados na imagem de Michael com sua frágil e jovem criança na cadeira de rodas. Muitas pessoas assistiram com os olhos marejados de lágrimas, e os observadores na corte puderam sentir um nó em suas gargantas.
Mas a felicidade de Gavin em Neverland não foi nada simples, nem fácil como a comovente canção de Michael fazia parecer. Janet diria a Brad Miller, que David Arvizo tinha seus próprios planos sobre quem seria amigo de Michael em Neverland. Ela disse que David não permitiu que ela visitasse Neverland por muito tempo, porque ele tinha medo que Jantet “dissesse a Michael tudo que as crianças estavam sofrendo.” Janet disse que ela tinha medo de David e “ dos modos demôníacos” dele e desejou que Michael pudesse protegê-la dele.
Jenet descreveu uma particular visita a Neverland quando ela e Michael estava dançando, divertindo-se, e David depois entrou tão furioso, ele bateu tanto nela que Michael nunca mais o viu pelo resto do passeio. Ela descreveu Michael com “ um homem de família”, alguém que iria protegê-la e aos filhos dela. Cada um dos filhos dela disse a Brad Miller que eles consideravam Michael “como um pai.” Eles disseram que Michael deu a eles segurança, deu a eles amor e tentou fazê-los tão felizes “quanto possível” porque ele não queria que o câncer de Gavin voltasse.
Na fita, Gavin disse a Brad Miller que ele esteve em Neverland com David “mais que dez vezes” e explicou que em cada visita, durante as quais Gavin ainda tinha cancer, eles passariam a noite. às vezes Gavin ficaria na unidade de hóspedes com o pai dele, mas ele disse que se sentia mais seguro com Michael e preferia ficar na casa principal, no quarto de Michael. Em mais de uma ocasião. Gavin disse a Miller que ele e o irmão dormiriam na cama de Michael. às vezes Michael dormiria no chão, mas algumas veses eles dormiam todos juntos. Michael, Gavin e Star.
Gavin insistiu que Michael nunca agiu inapropriadamente com ele e repetidamente disse que ele pensava em Michael “ como um pai”. De acordo com Gavin, Michael queria ter certeza de que o câncer tinha ido embora e não voltaria. O garoto disse que Michael o amava muito. Gavin disse ao investigador particular que Michael fez tudo que podia para mantê-lo longe da tristeza. Michael não queria que Gavin ficasse estressado com o câncer.
Todas as três crianças contaram a Brad Miller que Michael tinha sido nada mais que “bom” e “legal” para eles. Quanto à Janet, ela insistiu que ela era muito “sensitiva a qualquer pequena coisa” que acontecia a Gavin. Ela contou a Miller que ela era muito protetiva em relação aos filhos e não tinha absolutamente nenhum receio por eles passarem tempo com Michael.
Enquanto Janet falava da mente dela, ela garantiu a Miller que ela e os filhos dela não tinham conhecido nada além de negligência e rejeição até Michael aparecer. “Nós temos sido rejeitados, negligenciados, cuspidos, fritados, testeados, queimados, abusados; as portas batidas nas nossas caras, oportunidades perdidas”, Janet insistiu. “E Michael nos tirou do fim da fila e nos colocou à frente da fila e disse ‘Vocês são importantes para mim.Vocês podem não ser importantes para muitas pessoas , mas são importantes para mim.’”
Janet falou sobre a mída batendo à sua porta depois que o documentário de Bashir foi transmitido, referindo-se às ligações que ela recebeu de jornais do mundo todo, de redes de televisão de todo o mundo. “Cocê chama isso, todo mundo tem ligado”
Janet disse ao investigador particualr que ela e os filhos não tinham estórias para vender à mídia, que tudo que a mídia estivesse tentando comprar não existia. O relacionamento entre Michael Jackson e os filhos dela era puro e inocente. Janet disse que Michael tinha orado com ela e os filhos dela, que Michael tinha falado com eles sobre Deus. Janet Arvizo estava aborrecida que de alguma forma, depois do documentário de Bashir, tudo tenha sido deturpado por pessoas da imprensa que estavam bombardiando o apartamento dela, bombardiando a casa dos pais dela em El Monte, oferecendo carros, eferencendo dinheiro, deseperados por pegar uma palavra, uma foto, de qualquer pessoa da família.
Janet não pôde entender como repórteres poderiam ser tão insensíveis. Ela se ressentia por todos as chamadas feitas aos primos dela e parentes. Ela odiava as tentativas da mídia em “pegar a estória” de qualquer forma possível.
Gavin, de sua parte, estava muito infeliz por ser motivo de piada na escola e na vizinhança. Gavin disse a Miller que depois do documentário de Bashir ser transmitido, ele foi ferido pelas alegações do público e toda o tumulto que estava sendo feito pelos comentários sobre ele dividir a cama com Michael Jackson. Gavin disse que ele estava com raiva das ameaçadoras alegações e ainda mais indignado pelo rumores que estavam voando, os quais eram um monte de mentiras.
“Eles me chamam de homesexual, “ Gavin disse. “Eles dizem que eu estou mentindo e que eu nunca tive câncer. Por favor. Eu sofri por passar durante todo aquele ano recebendo doses de adultos. Quimioterapia é tóxica. Machuca. Eu vomitava muito. Eu estava movitando ácido, eu estava vomitando sangue. E repórteres e todas essas pessoas dizem que isso nunca aconteceu.”
Para Gavin, a repercursão do documentário de Bashir era mais que desagradável. Era frustante e malévolo. Gavin disse que ele sentia muito que a mídia tivesse feito isso a ele e sentia muito que eles tivessem feito isso a Michael. Janet sentia-se igualemnte chateada, principalemte porque os pais dela estavam sendo perseguido no próprio quintal todos os dias.
“Meus pais são muito confiáveis. As virtudes deles são fortes”, Janet disse a Miller. “ Eles veem quão importante e que belo impacto Michael teve sobre mim e Gavin, Star e Davellin e não há, nenhum montante de dinheiro que pudessse fazê-los vender (uma estória) porque o que é mais importante em toda a vida é o amor. Tudo começa com amor, tudo é colorido pelo amor e tudo acaba com amor.”
Essas foram as palavras que vieram de Janet e das bocas das crianças dela na noite de domingo, de 16 de fevereiro de 2003. E essa foi a mesma noite em que, antes que a gravação do áudio terminasse, as crianças Arvizos juraram sob pena de perjúrio, sob as leis do Estado da Califórnia, que tudo que eles disseram durante a entrevista deles sobre Michael Jackson era verdade.




















“Do You Remember The Time?”


No final da audiência, quarta-feira, dia 4 de março, quando Michael estava sendo questionado sobre o testemunho de Davellin Arvizo, ele disse à mídia que achou isso “frustrante”. Na verdade, aquele comentário de Jackson seria o último, pelo menos quando isso veio à multidão da mídia, porque o advogado dele não permitiu mais nenhum comentário. Mesereau detestava a presença da mídia e sentia que a mídia estava lá para capitalizar com a sensacional insensatez de Michael Jackson. é claro, nem mesmo Mesereau poderia prevê a sensação mundial que Jackson geraria ao entrar vestindo o pijama dele.
“O Dia do Pijama” aconteceu no dia seguinte ao testemunho de Davellin e Star, justamente quando Gavin subiu na tribuna. Antecedendo a aparição de Gavin, Davellin e Star tinham dito ao júri que eles mentiram na ocasião prévia, os dois irmãos testemunharam que eles foram forçados a elogiar Michael Jackson. Quando Star Arvizo deu a própria conta dele dos alegados atos sexuais de Michael, o testemunho de Star seria mais tarde contraditado por Gavin, que se lembrou de uma versão diferente do “incidente”. Entre mentiras e testemunhos contraditórios, os Arvizos pareciam ter deixado o júri confuso.
Enquanto Michael escutava as acusações serem arremessadas por todo o tribunal pelos irmãos Arvizos, o supertar parecia estar com enjôos no estômago. Assistindo àqueles garotos deturparem os fatos, escutando-os tentando convencer o júri de que Michael não os tinha ajudado e que eles eram vítimas dele, estava deixando Michael cada vez mais doente.
Na manhã do testemunho de Gavin, em vez de ir direto ao tribunal, Michael foi ver um médico em um hospital próximo. Cuidadosamente, Mesereau foi falar ao Juiz Melville para pedir que especiais considerações fossem dadas a Jackson, mas Melville não quis escutar. Melville ordenou que todos chegassem ao tribunal às 08h30min. E Jackson não era exceção.
Naquela manhã, o juiz ordenou que Michael Jackson aparecesse no tribunal dentro de uma hora e ameaçou prender o superstar e jogá-lo na cadeia se Jackson não obedecesse. Seguindo o comando do juiz Melville, Jackson e a comitiva dele dirigiram-se em alta velocidade e Jackson chegou ao tribunal vestindo um casaco por cima de um par de pijamas, parecendo atordoado e cansado quando ele emergiu da SUV. Para Jackson, isso não era uma façanha publicitária. Para Jackson, isso não era um ato de desrespeito.
Algumas pessoas estavam convencidas de que Jackson tentava ganhar a simpatia do júri. Mas os que estavam lá dentro sabiam que o júri não era levado para dentro do tribunal até que Michael estivesse sentado atrás da mesa de defesa. O júri somente podia ver Jackson da cintura para cima, portanto, eles não sabiam de jeito nenhum que Michael estava vestindo pijamas.
Mesmo assim, isso foi o perfeito tipo de coisa estranha que ocorria na vida de Michael, que permitia à mídia continuar a chamar Jackson de aberração. A imagem de Jackson de pijamas foi estampada na primeira página do New York Times e outros principais jornais do mundo todo. Na América, Michael ir à corte de pijamas era a notícia do momento e a imagem do “maluco” encheu a tela da TV por dias. Para a mídia isso foi uma desculpa para falar da instabilidade de Michael. Enquanto a mídia estava obsecada por pijamas, as pessoas esqueceram que um julgamento criminal estava em progresso.
A coisa mais interessante sobre o testemunho de Star Arvizo foi a reação dele durante o interrogatório de Mesereau, o que teve membros do júri coçando as cabeças. Star contou ao júri sobre uma deposição que tinha dado alguns anos antes, confirmando que a família Arvizo tinha ajuizado um processo civil contra a JC Penny Corporation. Para o júri, Star confirmou que ele tinha mentido anteriormente, mas quando Mesereau pediu a ele que se lembrasse de uma alegação de abuso sexual que Star testemunhou no estacionamento da JC Penny, em 1998, Star disse que não podia lembrar muito sobre o evento.
Com Star alegando que tinha testemunhado múltiplos atos de abuso em Neverland, Mesereau continuou perguntando sobre que tipo alegado de abuso aconteceu com a mãe dele, Janet, no estacionamento da JC Penny. Tom Mesereau estava se referindo ao depoimento de Star no caso JC Penny, mas Star estava protelando. Por fim, o júri descobriu que o “incidente” ocorreu em 1998, depois de Gavin Arvizo ter pegado uma peça de roupa da JC Penny, supostamente para “enganar” o pai dele para que comprasse.
Eles entenderam que, em razão do furto de Gavin, os guardas da JC Penny seguiram a família Arvizo até o estacionamento, onde Star afirmou ter testemunhado os guardas da JC Penny agredindo e tocando inapropriadamente a mãe dele.
Sob juramento, Star quis deixar claro que o irmão dele nunca quis roubar nada, afirmando que Gavin queria ser um comediante e um padre. Star, com quatorze anos, testemunhou que ele nunca usou palavrões, mas insistiu que escutou xingamentos no estacionamento da JC Penny, enquanto os guardas se aproximavam deles. De acordo com o testemunho juramentado de Star, os guardas da JC Penny alegadamente bateram em Janet Arvizo e também tocaram as partes intimas dela.
Para os observadores do tribunal, parecia que Star admitiu muito facilmente que ele tinha mentido sob juramento. Star admitiu que deu falsas declarações sobre os pais dele nunca terem brigado. Star admitiu ter mentido que o pai dele nunca o tinha batido. Star caiu na armadilha do seu próprio depoimento e apenas pôde dizer “isso aconteceu há muito tempo.”
Quando Mesereau mudou o assunto para Michael Jackson, Star já estava na defensiva, visivelmente bravo pelo advogado de defesa tê-lo espetado.
No dia anterior, sob o interrogatório de Tom Sneddon, Star alegou ter visto o irmão dele sendo molestado por Michael em duas ocasiões específicas. Star também alegou que Michael tinha compartilhado revistas pornográficas com ele e o irmão dele, que deu vinho aos dois e que tinha simulado fazer sexo com um manequim na frente deles.
Contudo, sob o interrogatório sobre os alegados incidentes, Star admitiu que ele não tinha dito nada sobre a pornografia, o álcool ou o abuso para a polícia...não até ele e a família ter ido ver o advogado Larry Feldman, o advogado que conseguiu o famoso acordo para Jordie Chandler e a família dele,.
Na tribuna, Star testemunhou que foi Larry Feldman quem sugeriu que a família Arvizo fosse a um conselheiro sobre os alegados incidentes de abuso. Star testemunhou que foi em algum momento, em março de 2003, exatamente depois que Michael cortou contato com os garotos Arvizos, que a família Arvizo foi indicada ao psiquiatra Stanley Katz. Para o júri, Mesereau estabeleceu que somente depois que Star e Gavin manifestaram as acusações deles para Feldman e Katz_ o mesmo time que tinha sido chamado por Jordie Chandler e a família dele_ foi que os Arvizos decidiram ir à polícia.
Enquanto ele grelhava Star na tribuna, Mesereau trouxe inúmeros fatos que saltavam aos olhos. Quando o testemunho se tornou gráfico, foi doloroso escutar as alegações, especialmente porque o testemunho do garoto não estava acrescentando nada. Quando Star falou, ele pareceu desdenhoso. Contudo, quanto mais detalhado o testemunho se tornou, mais a maioria das pessoas na corte tomou parte no arrepio coletivo.
“Você falou para Stanley Katz que Michael Jackson tinha a mão direita dele na virilha de Gavin, certo?” Mesereau perguntou.
“Sim.” Star testemunhou.
“Você nunca disse a ele que Michael estava masturbando Gavin?”
“Ele não estava masturbando, ele estava apenas sentindo.” Star disse.
“Ele estava apenas sentindo-o?”
“Sim.”
“Você se lembra que ontem você disse ao júri que ele o estava masturbando? Mesereau perguntou.
“Não. Eu disse que Michael estava sentindo meu irmão enquanto ele estava se masturbando.”
“Está bem. Você em nenhum momento disse ao júri, ontem, que Michael estava masturbando seu irmão?”
“Não.”
“Você nunca disse isso a ninguém?”
“Não.” Star insistiu.
Mas Star deixou claro que tinha testemunhado Michael masturbar o irmão dele. Esse foi o testemunho de Star no dia anterior. Agora, em frente a Mesereau, do juiz e do júri, Star parecia recuar. O garoto parecia estar inventando as coisas enquanto testemunhava.
“Você se lembra quando descreveu para Stanley Katz a segunda vez que você foi ao andar superior e observou Michael tocar seu irmão?”
“Sim.”
“Você disse a Stanley Katz que Michael Jackson tinha a mão na virilha do seu irmão?”
“Sim.”
“Isso não é o que você realmente disse a ele, absolutamente, é? Mesereau satirizou.
“Sobre o que você está falando?” Star disse, afobado.
“Bem, você disse a Stanley Katz que Michael Jackson estava esfregando o pênis dele nas nádegas de Gavin, não disse?”
“Não.”
“Refrescaria sua memória se eu mostrasse a você o testemunho dele ao grande ao júri?”
Mesereau pegou o testemunho de Stanley Katz para o Grande Júri, mas Star não quis ver. Star negou ter dito a Katz qualquer coisa sobre as nádegas de Gavin e Mesereau rapidamente mudou para outro assunto.
“Você tentou dizer a Stanley Katz que você sentiu cheiro de maconha, não tentou?
“Não.”
“Refrescaria sua memória, se eu mostrasse essa página do testemunho dele?
“Não.”
“Está bem.” Agora, você nunca disse a Michael Jackson que você queria ser um ator?
“Não.”
“Nunca disse nada disso a ele?” Mesereau perguntou novamente.
“Não.”
Embora Star negasse querer ser um artista, o garoto esteve em escola de dança, esteve em escola de comédia e Star já foi o apresentador em um vídeo que foi feito em Neverland. O júri mais tarde assistiu e viu Star fingindo ser um guia turístico de Neverland, apresentando uma campanha publicitária para aquele lugar que parecia fazer parte da Disney. No vídeo Star parecia ser excessivamente zeloso, ansioso por estar na câmera. O garoto estava fazendo um teste, radiante por ser a peça central em um passeio por Neverland. Era óbvio que Star esperava que isso fosse “a grande chance” dele no show business.
Mas Star disse aos jurados que ele não se importou em fazer o vídeo de Neverland. Star agiu como se ele tivesse fazendo um favor a Jackson por ser o anfitrião em um vídeo sobre Neverland. Quando Mesereau mudou para outro tópico o advogado de defesa quis que Star explicasse como ele e o irmão, Gavin, tinham ganhado conhecimento sobre todos os códigos de alarmes de Neverland. Quando Star testemunhou que tinha entrado na casa principal de Michael “centenas de vezes”, os jurados pareceram surpresos. Eles entenderam que a família Arvizo recebeu os códigos para a casa principal depois da viagem para ver Michael em Miami. Star testemunhou que, uma vez que ele soube os códigos para a casa principal, ele tinha acesso a todos os cômodos do lugar, incluindo o quarto de Michael.
Neste ponto, Mesereau pediu a Star que lembrasse uma ocasião onde ele e o irmão dele foram pegos bebendo vinho na adega de Michael, sem que Michael estivesse presente. Star negou que isso tivesse acontecido, mas admitiu que ele e Gavin soubessem onde as chaves da adega estavam guardadas. Star negou que ele e o irmão tivessem sido pegos bebendo sozinhos em alguma ocasião. No entanto, membros do pessoal de Neverland mais tarde testificariam que eles viram Star bebendo licor, o qual o garoto tinha adicionado ao milkshake dele. Em outras ocasiões, o pessoal de Neverland testemunhou Star Arvizo bebendo álcool. Sem Jackson à vista.
Star quis parecer inocente. Mas, observando Star na tribuna, ele era claramente um garoto com uma atitude, um garoto com uma carga nos ombros. Enquanto os jurados mantinham-se atentos ao testemunho de Star, as pessoas no painel estavam começando a ficar desconfiadas.
Star negou ter feito qualquer coisa errada em Neverland; ele negou ter vasculhado o armário de Michael e gavetas. Porém, ele admitiu que ele e Gavin foram pegos dormindo no quarto de Michael, quando Michael não estava na propriedade.
Quando Mesereau trouxe uma maleta cheia de “revistas femininas”, as quais Star tinha identificado como as revistas que Michael mostrou a ele e ao irmão dele, o advogado de defesa questionou Star sobre uma revista em particular, Barely Lega,l e Star testificou que aquela era exatamente a revista que Michael tinha mostrado a eles. Star estava certo de que a tinha segurado, até que Mesereau apontasse que a data da revista era agosto de 2003, meses depois que os Arvizos tinham deixado Neverland para sempre.
Outra coisa que Mesereau trouxe foi que Star tinha um estranho apelido “Escapamento”, o qual tinha escrito na capa do livro de visitas de Neverland Valley Ranch. Quando Mesereau questionou o garoto sobre isso, Star admitiu que tinha feito o nome para si mesmo, dizendo que ele “tinha encalhado com aquele nome.”
Para os observadores na corte, era perturbador perceber que Star Arvizo admitiu ter rabiscado o livro de convidados com capa de couro de Jackson, a lembrança pessoal de Michael, que estava cheia de recados de “agradecimento” de celebridades como Marlon Brando e Jessica Simpson.
Quanto mais ele testificava, mais Star Arvizo tinha as pessoas se perguntando como alguém pôde ser tão descarado, pôde desfigurar a propriedade de outros e não pensar nada disso.
Depois, quando foram mostrados a Star um cartão e bilhetes escritos a Michael pelo Dias dos Pais, no qual ele se referia a Michael como o “super, super melhor, melhor amigo” dele, o cartão estava assinado por “Escapamento Star Arvizo”. O cartão enfaticamente estabelecia, “Michael nós amamos você incondicionalmente, até o infinito e além da eternidade. Obrigado, Michael, por ser nossa família.”
Mesereau introduziu inúmeros cartões e bilhetes escritos para Michael pelos Arvizos, todos os quais pareciam diametralmente se opor a caricatura que Star Arvizo tinha dado ao júri sobre Michael Jackson. Em um cartão, Star escreveu, “Quando nós temos nossos corações quebrados em pequenos pedacinhos, nós sempre continuamos amando, precisando e nos preocupado com você com cada pedacinho dos nossos corações, porque você nos curou de um jeito muito especial.”
Embora Star se recusasse a admitir que ele considerasse Michael uma figura paterna, Star tinha dito o contrário em duas fitas, uma gravada por Brad Miller em 16 de fevereiro e outra, o vídeo refutação, gravado pelos Arvizos em 20 de fevereiro de 2003.
O vídeo refutação dos Arvizos, seria apresentado várias e várias vezes durante o julgamento e voltaria a caçar o acusador e a família dele, que manteve que nenhum dos comentários deles no vídeo refutação era verdadeiro. Star e a família dele diriam aos jurados que eles nunca quiseram elogiar Jackson de nenhum jeito, forma, ou tipo. Mas, no fim, o testemunho dos Arvizos carecia de credibilidade.
Isto parecia tão dissimulado, especialmente quando todo Arvizo que testemunhava _Davellin, Star, Gavin e Janet_ alegavam que eles nunca falaram uns com os outros sobre o caso de Michael Jackson de jeito nenhum. Além disso, enquanto cada um dos Arvizos insistia que o vídeo refutação era um monte de mentiras, Janet Arvizo foi um passo além e negou que Michael tivesse feito qualquer coisa para ajudar ao filho dela. Quando foi a vez dela testemunhar, Janet disse aos jurados que ela e os filhos dela estavam “lendo um script” e foi firme em dizer que nenhum dos elogios deles para Michael foi sincero.
Mas, se os Arvizos não amavam Michael, eles certamente não se mostraram assim no vídeo refutação. De jeito nenhum. No vídeo refutação, as crianças Arvizos apareciam como se eles fossem parte de um círculo restrito de Michael. Bem comportados e bem vestidos, todas as três crianças estavam claramente seguindo a liderança da mãe. Os Arvizos, em uníssono, foram recitando elogios a Michael, exaustivamente. Star Arvizo, junto com a mãe dele, irmão e irmã, olhava para dentro da câmera e falavam sobre Jackson ser “como família” para eles. Cada um deles afirmou que eles estavam agradecidos que Jackson tivesse tido interesse por eles e disseram que o superstar os tinha ajudado quando ninguém mais parecia se importar.











“Askin’ Him To Change His Ways”


Com cada palavra do testemunho de Star sob escrutínio, com o “canal Neverland” fita demo, estrelando Star Arvizo, ainda fresco nas mentes dos jurados, os observadores na corte foram golpeados pela alegria de Star enquanto ele guiava o grupo de crianças através dos brinquedos, jogos e guerra de pipocas. A pessoa no vídeo era inteiramente diferente do jovem que estava sentado em frente ao júri. Michael Jackson, observando Star dizer que não se importava em narrar o vídeo, alegando que ele estava “meio cansado” quando ele gravou a obra “demo”, ficou extremamente imóvel por trás da mesa da defesa, enquanto o jovem testemunhava. Michael nunca moveu um músculo. Ele estava congelado no assento dele, assistindo a Star revelar opiniões que, francamente, eram inacreditáveis.
Quando outro DVD foi tocado, um que mostrava Gavin com aparência de doente, as pessoas viram uma visão de Michael Jackson que era contrária a qualquer deslumbrante imagem a qual Michael era associado. O júri viu Michael caminhando muito devagar com o garoto moribundo, guiando Gavin até uma fonte próxima a uma lagoa. Foi amável assistir a Michael e Gavin caminhando juntos, evolvendo um ao outro, em um abraço muito gentil.
No plano de fundo do DVD, escutava-se Michael cantando as palavras, “Smile though your heart is braking... smile, though your heart is aching.” Era Michael tentando iluminar a vida de Gavin e Gavin estava sendo bravo, tentando esconder os traços da tristeza. Foi pesado aquele pequeno videoclipe. O júri viu que Michael tentou duramente elevar o espírito de Gavin, mas o pequeno Gavin estava muito doente, o superstar pôde, com muita dificuldade, ganhar um sorriso dele.
Tom Mesereau perguntou a Star se Michael gastou muito tempo tentando ajudar na cura de Gavin, se Michael tentou ajudar a livrar Gavin do câncer, neste ponto, Star começou a ficar hostil na tribuna. Star não se lembrava de Michael dizendo a Gavin para usar uma visão técnica, sugerindo a Gavin que tentasse “comer todas as células ruins do câncer.” Se nada, Star parecia irado com a pergunta de Mesereau, porque ele queria que o júri acreditasse que Michael pouco tinha a ver com a eventual recuperação de Gavin.
Quando Mesereau introduziu o “vídeo refutação” dos Arvisos, Exibição 340, isso começou off, com os Arvizos tomando assento, colocando-se em um grupo de quatro. Janet e Gavin na primeira linha, Davellin e Star sentados exatamente atrás deles, em uma pequena plataforma. Enquanto Janet e os filhos dela cochichavam um para o outro, os comentários deles eram audíveis. Claramente eles não perceberam que eles estavam sendo gravados o tempo todo, que a parte cortada da filmagem_ e toda ela_ seria usada no tribunal.
Um homem não identificado pediu por silêncio no set e Hamid Moslehi, o vídeo-documentarista de Jackson, deixou os Arvizos saberem que ele queria que eles se sentissem confortáveis. Ele os assegurou de que se houvesse alguma questão a qual eles não quisessem responder, se houvesse qualquer coisa que os Arvizos não quisessem discutir, eles poderiam falar e o assunto seria deixado.
Quando a gravação começou em off, Janet Arvizo parecia estar orquestrando os filhos dela, dizendo a eles que se sentassem eretos, dando a eles comandos, enquanto ela se preparava para falar sobre o câncer de Gavin. Para a câmera, Janet explicou que “Esta linda relação (entre Michael Jackson e o filho dela) nasceu de algo que tinha sido muito traumático, mas que floresceu como algo maravilhoso.”
Gavin detalhou o exato momento em que ele recebeu a primeira ligação de Michael e expressou o choque e a emoção quando ele escutou a voz de Michael no telefone da avó dele. Gavin disse que ele e Michael conversaram por um tempo sobre o câncer e confessou que quando Michael mencionou pela primeira vez a visita à Neverland Ranch, ele não tinha escutado sobre Neverland antes. Gavin pensou que Michael estava falando sobre um rancho de cowboys com “cavalos e coisas assim”.
O garoto explicou o quão excitante foi arrumar a mala de viagem dele, para entrar em uma limusine com a família dele, para serem levados, em uma viagem de duas horas e meia, a um dos mais lindos lugares que ele já tinha visto. Gavin descreveu Michael como “legal”. Ele disse que quando a família chegou lá, pela primeira vez, Michael estava comendo alguma coisa, que Michael saiu e deu a todos um abraço, então, “saiu rapidamente, porque ele tinha realmente que fazer alguma coisa.”
Gavin lembrou-se da primeira tarde, quando ele e Michael “começaram a passear juntos” e disse que ele perguntou a Michael se ele poderia ficar no quarto dele. Ele disse que o irmão dele, Star, queria ficar com Michael, também. A idéia de que Gavin preferia ficar na casa principal, em vez de ficar na unidade de hóspedes com os pais dele, foi evidenciada pelo tom de voz.
“Se está bem para seus pais, está bem para mim”, Michael disse a ele.
Gavin disse que ele ficou realmente feliz por escutar a aprovação dos pais dele. Gavin falou sobre ficar no quarto de Michael, sobre Michael pegar um monte de cobertores, falando para ele e Star dormirem na cama, Michael se ofereceu para dormir no chão. Gavin disse que ele e Michael discutiram sobre isso até que Michael finalmente disse “Está bem, se você me ama, vai dormir na cama.”
Gavin disse que foi divertido dormir na imensa cama de Michael e disse que Michael, assim como o amigo dele, Frank, pegaram um monte de cobertores fofos e dormiram no chão aquela noite, na primeira noite em que Gavin visitou Neverland.
A impressão que Gavin teve de Michael foi que ele era “um homem bondoso, amoroso, e humilde”. Ele disse que “quando você fala com ele por um tempo, parece que você o conhece há muito tempo.” Gavin afirmou que ele “examinou Michael” muito rapidamente; e alegou que ele pôde sentir a “bondade e alegria” de Michael.
A primeira impressão que Janet teve de Michael foi similar. Ela ficou emocionada por conhecer o superstar e ver o rosto do filho dela iluminado do jeito que estava... simplesmente lhe tirou o fôlego. Janet disse que Michael era a resposta para as preces dela. Janet disse que o médico tinha dito que não havia meios de curar Gavin, que todos os tratamentos eram experimentais, que os médicos estavam dizendo que o câncer de Gavin era violento e agressivo. Janet descreveu Michael como “um amor muito necessário em um momento traumático das nossas vidas.”
“Você trouxe ele para mim e nós iremos envolvê-lo com amor” Michael uma vez disse a Janet. Quando os médicos estavam dizendo que não havia chances de Gavin viver, Janet disse para a câmera, “Michael diria ‘Eu não aceitarei isso’. Quando os médicos disseram que não havia esperança, Michael disse que havia esperança.”
“Pela graça de Deus, Deus trabalha através das pessoas”, Janet explicou, “ e Deus escolheu trabalhar em Michael para soprar vida para dentro de Gavin e meus outros dois filhos e eu.”
Janet passou a explicar as atitudes paternais que Michael “assumiu”. Ela disse que Gavin precisava de muitas transfusões de sangue, porque ele tinha um tipo raro de sangue, “O” negativo. Ela explicou que Michael assumiu “uma atividade de dever paternal” para ter certeza que Gavin tinha sangue o suficiente, até mesmo sendo o anfitrião de uma campanha, então Gavin não teria que se preocupar com futuras transfusões de sangue.
Janet disse que quando Michael começou a ajudar Gavin mais ativamente, o relacionamento entre Michael e a família dela começou a desenvolver. Michael estava mantendo as crianças “sob as asas dele”, Janet disse à câmera; e ela estava exultante, porque com Michael por perto, “eles não precisavam de pai.”
O júri assistiu quando Star contou ao vídeo-documentarista que a primeira impressão que ele teve de Michael foi que ele era como um pai. “Na verdade, ele parecia mais paternal que meu pai biológico”, Star disse;
“Ele deu ao meu irmão o brilho extra que ele precisava na mente dele” Davellin corroborou. “Porque meu irmão estava no ponto onde ele não podia se mover, não podia nem mesmo falar. Ele deu muito ao meu irmão.”
Janet confidenciou que foi Gavin quem perguntou se ele poderia se referir a Michael como “papai” e que Michael disse “claro.” Janet disse que, para os três filhos dela, todas as portas de Neverland estavam abertas e insistiu que Michael os considerava família. De acordo com as crianças Arvizos, Michael agia como um pai, às vezes dando a eles conselhos, às vezes ajudando-os com o dever de casa.
“O que eu amo sobre Michael é como ele interagia como um pai com meus filhos”, Janet disse. “Ele lhes deu direção. Ele tinha ótimo senso de humor. Ele os ajudou a acreditar que sonhos se realizam para um coração que tem fé.”
O cinegrafista pediu a Gavin para explicar como era um “dia normal” com Michael. Gavin disse que ele e os irmãos poderiam ir para a casa, encontrar Michael e cumprimentá-lo. Michael diria às crianças onde ele estaria, talvez estivesse no estúdio, então diria às crianças “para se divertirem”. Os três iriam brincar nos brinquedos do parque e assistir a filmes e se divertir o dia todo, daí depois, estariam com Michael. Quando quer que Michael tivesse tempo livre, eles combateriam juntos, eles iriam aos brinquedos com Michael, ou assistiriam a filmes juntos. E eles sempre ririam e fariam piadas.
“Ele mostrou a eles de que fundação base a vida é , e que isso é uma família amorosa” Janet exclamou. “Michael é cheio de pensamentos de amor. Tudo que ele queria é que fossem uma dama e dois cavalheiros. E ele me ajudou desempenhando o papel de pai que eles nunca tiveram.”
“Minha responsabilidade como uma mãe é me certificar que meus filhos estão seguros, em um ambiente não perigoso” Janet disse. “Quando meus filhos estavam em torno de Michael, era o que ele proporcionava. Ele espalhava as asas dele e garantia que a coisa mais importante era que meus filhos estivessem seguros e felizes. Era uma felicidade que eles nunca tiveram na vida deles.”
As exatas palavras que os Arvizos usaram para descrever Michael foram: honesto, muito digno de confiança, humilde, amoroso, carinhoso, engraçado, generoso e atencioso. Cada uma das crianças se referiu a ele como “meu pai” e Janet disse o quão grata ela estava por Michael ter aceitado os “três pequeninos dela como filhos dele.”
Gavin falou sobre a fé que Michael deu a ele. A fé que Michael continuou dizendo a ele para ter, de Michael fornecer a ele a fé para esperar pelo futuro. Gavin disse que ele nunca esqueceu as palavras de Michael, garantindo que, muito em breve, ele dependeria daquelas palavras de fé para ajudá-lo a atravessar as muitas rodadas da quimioterapia.
Quando a entrevista mudou para a questão do documentário de Bashir, a família Arvizo ficou agitada. Cada um deles expressou desgosto pela forma como Martin Bashir distorceu o relacionamento de Gavin com Michael em alguma coisa que poderia ser suja e errada. Eles estavam particularmente irados por Bashir ter feito o relacionamento entre Gavin e Michael parecer sinistro. Eles se ressentiam pelas insinuações sexuais e sentiam que a mídia estava em busca do sangue de Michael, que a mídia estava arrastando-os para um escândalo que não tinha sentido.
Pra registrar, Janet defendeu a posição dela como mãe, afirmando que sempre que ela esteve em Neverland com a família dela ela teve “acesso completo para a qualquer lugar da casa.”
“Eles (a mídia) é quem tinham a mente suja”, Davellin disse.
“Eles é quem provocaram tudo isso”, Gavin disse. “Eles é quem tem problemas.”
“Isso me perturba terrivelmente, todos os que pensam errado, os que estão fazendo insinuações”, Janet disse. “Gavin, dentre os três, teve o mais traumático sofrimento e Michael estava dando apoio a ele. Eles estavam os dois na câmera (no documentário de Bashir) e deram as mãos como algo natural. Diga-me, vocês pais aí, ou aqueles que gostariam de ser um pai, ou aqueles que um dia foi uma criança. Você não quer que seu pai segure suas mãos? Especialmente durante os mais tormentosos momentos? Especialmente quando você sabia e não foi dada chance para viver?
Janet olhou para dentro da câmera e disse que os médicos disseram a ela “que planejasse um funeral.” Ela disse que os médicos disseram a ela que se o câncer não matasse Gavin a quimioterapia mataria. Quando Janet se queixou a Michael que o filho dela “Não conseguiria” Michael diria a ela que não escutasse aquilo. Michael insistia que Gavin viveria. Anos depois, os médicos diriam a Gavin que não havia explicações científicas para que ele estivesse vivo e que a cura do câncer dele foi um “milagre.”
Enquanto ela continuava a elogiar Michael, Janet chamou Michael de “pai muito ajustado” que aproveitava todas as oportunidades de expressar amor e afeto aos próprios filhos, assim como aos três moleques dela. Ela disse que Michael estava muito orgulho de Gavin “como um pequeno guerreiro” em sua luta contra o câncer.
“Porque Michael acreditava, nós todos acreditávamos”, Janet disse. “Quando Michael expressou amor por meus filhos... para quem macula isso e faz disso um tumulto e coloca isso fora de controle, eu apenas diria para procurar dentro dos corações deles e pegar um amor inocente, porque é isso que Michael e Gavin têm.”
“Eles não entendem Michael” Gavin concluiu. “A razão de terem uma ideia errada e de não entenderem é... eles não conseguem entendê-lo, mas eles não conhecem Michael. Eles dizem todas essas coisas e eles nem mesmo conhecem Michael. A idéia errada é que eles podem pegar uma palavra, qualquer palavra que eu digo e mudar isso e dizer todas essas coisas ruins sobre isto. é a interpretação errada deles mesmos, eles fazem disto um equívoco.”
Antes do vídeo de refutação terminar, Janet admitiu que os três filhos dela tivessem um “imenso desejo de estar em filmes.” Ela contou que os filhos dela expressaram o sonho de showbiz deles ao Michael, quem, alegadamente, uma vez disse a Gavin “Está bem, está bem, vocês está melhor agora e você estará em filmes.” 

Fonte: www.numberones.com.br/index.php?showtopic=8812

......................

Nenhum comentário:

Postar um comentário