segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

It’s All About L.O.V.E - Depoimento de Franziska Neurieder


Durantes os dias, as semanas e os meses que se seguiram após Michael ter deixado este mundo, eu continuo me perguntando por quê essa perda doi tanto. Por que a morte de um homem com quem nunca falei pessoalmente virou o meu mundo de cabeça para baixo? Por que não consegui dormir tantas noites seguidas? Por que fiquei num estado de completa negação por vários meses? Por que eu ainda choro quando alguém menciona o seu nome ou quando algo faz com que eu me lembre dele (até mesmo a lua cheia, que me faz lembrar o Moonwalker)?



Sim, eu amo a música dele, e ela significa muito para mim. Sua maneira de expressar toda a sua alma musicalmente, seja com a ajuda de letras ou através da dança, sempre me tocou muito e fazia-me sentir em casa, me trazia segurança. Para mim, Michael sempre estava lá, independentemente da distância. Não importava onde eu estivesse, o quão longe da família e dos amigos, ele estava sempre comigo. Não importava o quão solitária ou abandonada eu me sentisse, o Michael estava sempre lá. Sua música e sua voz sempre me ofereciam um paraíso seguro.

O mero pensamento de saber que ele estava em algum lugar lá fora, me fazia sentir próxima dele e me dava esperança e força para viver num mundo que, com certeza, nem sempre se parece com Neverland. Com sua humanidade e gentileza, ele era um bom exemplo para mim. Suas vulnerabilidade e fraqueza me permitiram aceitar a verdade e a importância da minha própria fragilidade.
Ao longo dos anos, conheci muitas pessoas que se sentiam assim também e sempre era um prazer compartilhar essas experiências e emoções com elas. E mais: eu pude compartilhar sua mensagem de amor e amizade mais do que era possível com os outros, aqueles que não o compreendiam da maneira que eu achava que o compreendia. Eu realmente “não estava sozinha”.

E depois, houve as raras ocasiões em que tive a honra de vê-lo pessoalmente. Fosse um show ou alguma de suas aparições, (apesar de todo o caos) era sempre uma experiência mágica. Estar perto do homem que influenciou a minha vida de uma forma tão duradoura me fazia sentir como se eu tirasse férias da realidade, como se, por algumas horas ou dias, aquilo se tornasse a coisa mais importante da minha vida que recebia toda a minha atenção. E, sim, às vezes, ver o Michael na janela de um hotel, ou no palco, ou até mesmo em seu carro, fazia com que eu me sentisse mais forte, como se a mera presença dele preenchesse todo o meu ser. Perto dele, eu me sentia bem comigo mesma.

Então, como é viver num mundo sem ele? É como se tivessem tirado as cores dessa terra, como se a única força que me protegia desse “mundo cruel” fosse repentinamente tomada de mim. Mas o que exatamente eu perdi? Perdi um mentor. Alguém que me fez ver que o mundo é um bom lugar para se estar, alguém que me mostrou que isso é, sim, possível com um pouco de fé e confiança. Eu perdi um amigo que me mostrava quanta alegria e felicidade um simples ser pode trazer, o quão importante é nunca parar de sonhar. Perdi um guia que esteve ao meu lado durante anos, nos bons e maus momentos. Eu me sinto como uma árvore que acabou de perder um de seus principais galhos e agora está completamente sem equilíbrio e privada de uma parte essencial. E agora, tenho medo de que, se tentar aceitar a sua morte, se tentar conviver com isso, eu acabe traindo de alguma forma a sua memória. Às vezes parece que a única forma de lembrar e amar adequadamente é sofrer.

Estar em luto é como viver numa escada em espiral que começa com a morte do Michael. Vou passar por essa data e por essa lembrança várias e várias vezes, e a cada vez que isso acontecer, mais tempo vai ter passado, mais experiências terão acontecido, e eu vou crescendo um pouco mais  “sábia”. Então, como posso guardá-lo no meu coração e, ao mesmo tempo, diminuir o sofrimento? O que eu faço com a ferida que ficou no lugar do galho?

Talvez eu tenha que fazer como a árvore – deixar crescer um novo galho. Não importa quão pequeno, quão fraco, quão desimportante ou insuficiente este galho possa parecer no início, ele estará lá, com certeza. Não acredito que fomos feitos para sofrer, por isso, acho que não DEVE ser um simples galho. Talvez eu devesse me permitir olhar para ele. Ele não substituirá o Michael de forma alguma, mas, enquanto o tempo passa, é algo que cresce daquela ferida.

O que poderia ser para mim? Talvez eu devesse me esforçar em perder o medo deste grande e assustador mundo, e tentar ver mais as coisas da forma que ele via. Isso é o que ele tentou nos ensinar de todas as maneiras. Então, por que simplesmente não arriscar e tentar? Por que não tentar viver, SER o que eu mais admirava nele? Ser mais humano, ser mais atencioso, mais caridoso, doar mais, receber menos ou simplesmente: ser mais amoroso! Michael sempre foi um grande professor e eu realmente acredito que ele iria gostar muito se eu, se todos NÓS enfim seguíssemos o seu caminho. Podemos não chegar à sua genialidade, mas esse não é exatamente o nosso objetivo.

O objetivo é simplesmente tentar fazer isso, nunca deixar de tentar, nunca deixar de dançar o sonho do Michael. É através da gente que ele continua vivo. Através das nossas palavras, dos nossos atos, do nosso amor. Agora nós somos de verdade os únicos que podem fazer do mundo um lugar melhor. Não perdemos o Michael! Ele está aqui, talvez mais perto do que nunca. “Michael Jackson” não é mais apenas um homem, ele é um conceito, um exemplo, uma ideia. NÓS somos Michael Jackson! Não há mais necessidade de tristeza, não precisamos nos desesperar! Perdemos um mensageiro, mas não a mensagem. Perdemos um amante, não o amor em si! Este mundo precisa muito da mensagem dele e nós somos os únicos que continuarão a vivê-la. Porque Nós Somos O Mundo!
( Depoimento da fã alemã Franziska Neurieder -  no livro it’s all about L.O.V.E)


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