quinta-feira, 16 de junho de 2016

Afinidade subliminar com Michael..


Vestir Michael Jackson - This Is It


- Michael Bush

This Is It
O nosso encontro inicial no CenterStaging em Burbank, para This Is It, foi a primeira vez que eu tinha visto Michael em quatro anos. Era difícil acreditar que ambos tínhamos 50 anos, só que eu tive o infeliz privilégio de envelhecer menos graciosamente. E quando ele entrou na sala com seu uniforme; chapéu fedora e óculos de sol, Michael olhou para mim e caminhou na minha direção, apertou minha mão e saudou-me. Tirou os óculos, sinal de que não havia barreiras entre nós, apesar de terem passado vários anos sem nos vermos um ao outro. Ele tinha aquele brilho nos olhos que significava: "Apertem os cintos" e foi como se o tempo não tivesse passado. Retomamos o ritmo como nos velhos tempos, só que o tempo para conseguir fazer tudo era supersónico; o mais curto que tínhamos tido nas quatro turnês que fizemos com Michael. Era Maio e o promotor da turnê queria tudo pronto para Julho. Tivemos dois meses para fazer tudo.

Michael sentia-se bem a respeito do show e o que tinha planeado para ele. "Vou poder mostrar aos meus filhos o que realmente faço para ganhar a vida", disse-me contente uma noite, quando ele me chamou para ver o esboço de Billie Jean para o dossier de imprensa. Parecia otimista. A realidade era que Michael estava mais confiante e feliz na frente de seus fãs. Oito anos depois de seu último show no Madison Square Garden, em 2001, tornou-se um período demasiado longo para um homem que se alimentava da energia dos shows ao vivo.

As suas chamadas não chegaram de madrugada, o que era certamente uma nova e bem-vinda surpresa de Michael. Com três filhos em casa já não poderia manter esses estranhos horários de gravações às 3 da madrugada ou ensaios de dança às 11 da noite. Essa foi no entanto, uma das muitas diferenças que notamos durante os preparativos para a turnê.

Por exemplo, havia quatro figurinistas para "This Is It", e o cargo de designer-chefe foi dado a outro que não éramos nem Dennis nem eu. Nós criaríamos sete peças: "Smooth Criminal" (Michael e dançarinos). "The Way You Make Me Feel", "Beat It", "Will You Be There", "I Just Can’t Stop Loving You" e "Man In The Mirror". E como "o designer principal não desenhava para os dançarinos", foi-nos atribuída a tarefa de desenhar as roupas para os dançarinos do sexo masculino. Nós sempre pensamos em Michael como um dançarino, mas mantivemos nossas bocas fechadas, e a nossa principal prioridade era: Estar ali para Michael. Nosso dever era dar um sentido de continuidade e familiaridade a um dos nossos melhores amigos. Os outros dois designers supervisionavam o resto da equipe e as dançarinas. Eu continuei sendo assistente de guarda-roupa de Michael, o que não foi surpresa para ninguém, porque Michael disse que não iria se aproximar do palco sem mim.

A jaqueta de Beat It foi o nosso maior desafio. Michael expressou a ideia do seguinte ato de magia: Fazer com que fosse possível que a jaqueta Beat It ardesse sozinha. No final do número jogaria a jaqueta para o outro lado do palco, sacrificando a icónica peça vermelha e preta em busca de rock and roll e transformava-a numa chama. Isso era uma boa ideia se: (1) íamos fazer dez espetáculos e precisávamos de fazer só dez jaquetas, (2) termos tempo suficiente para construir um controle remoto para ativar a chama e (3) se Michael não tivesse tido uma experiência questionável com fogo desde o anúncio da Pepsi em 1984. Mas dez espetáculos, tornaram-se cinquenta e necessitávamos encontrar o material que fosse aprovado pelos regulamentos britânicos contra incêndios. As probabilidades estavam contra nós, mas isso impulsou-nos mais.
Ninguém queria estar associado a queimar Michael Jackson. Então, rastreamos fornecedores de macacos resistentes ao fogo para carros de corrida chamado Nomex.

Enquanto eu observava os ensaios, avaliando as necessidades de Michael, como de costume. Tivemos a vantagem de o ver atuando ao vivo, o que ele era capaz de fazer e o quão espontâneo poderia ser. Eu comecei a preocupar-me se as roupas desenhadas para ele, funcionariam no show. Vi nove pares de sapatos e nenhum deles era Florsheim, calças de couro preto e uma luva de fibra óptica para Billie Jean, que teria que ser acionada manualmente por Michael.

Eu desabafei com Dennis e contei-lhe as minhas preocupações. Se estivesse no meio de um atuação e Michael olhasse para mim, querendo desesperadamente que corrigisse alguma coisa, como seu assistente de vestuário devia estar equipado e preparado com um plano B.

O plano B era necessário mais cedo ou mais tarde. No filme This Is It, a camisa vermelha que Michael usa na maior parte do documentário era de Dennis. Era comum durante os ensaios Michael suar muito, porque ensaiava sempre como se estivesse realmente atuando. Mas quando precisava de uma mudança rápida para uma camisa seca, não havia. Frenético, liguei para Dennis que foi ao seu armário procurar qualquer coisa que fosse vermelho. E havia uma vermelha com um leão e uma coroa. Dennis coloco-a num saco com outras três e correu para o Forum em Inglewood, onde estavam a ensaiar.





Quando eu fui trocar Michael com a camisa vermelha limpa, olhou para o leão e a coroa, eles estavam em coincidência total. Talvez Dennis, quando a comprou tenha sentido uma afinidade subliminar com Michael.

"Bush, como é que sabias?" Perguntou-me Michael, como se ele não tivesse sabendo durante vinte e cinco anos.
"Michael, tu sabes que eu sei."


Extrato do livro: "The King Of Style - Dressing Michael Jackson" por Michael Bush


Fonte: smilemichaeljacksonforever


Repassado do blog: 


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7 comentários:

  1. Impressionante essa afinidade subliminar com Michael!
    ..o leão, a corôa, o 777.. Muito impressionante mesmo!!

    Bjãooo
    LOVE

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  2. É uma leitura que mistura, prazer e dor!

    Prazer de ter um pouco dos costumes das impressões, que Michael dava, tinha dele e dos seus! Falar dos símbolos é uma viagem aos mundos paralelos!

    Aos amigos, com deleite em ter estado ali, e sempre privilegiados por isso, dor e prazer.
    Acrescento ainda o mistério! Disso que parece um sonho até hoje.
    Bjs

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    1. É amiga Márcia...é o tal lance dos extremos que Michael nos faz sentir..dor e prazer.
      ..algo que soa mais ou menos como uma lição que para chegar ao êxtase é preciso ultrapassar todas as barreiras, mesmo as mais difíceis.

      Nós fãs,que nunca tivemos um contato próximo de Michael, também sentimos a mesma dor e o mesmo prazer..é uma lição inexplicável, ou melhor..é uma dádiva, e mesmo que diferente , também podemos sentir tal privilégio de sua presença mesmo que ausente ou distante, né? É algo inexplicável, fantástico ...é realmente como bem definiu B. Kaufmann: É um Fenômeno que estamos tendo a oportunidade de presenciar.
      This is it!

      Bjãooo
      LOVE

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  3. Boa noite, meninas, em primeiro lugar, essa camisa vermelha é linda, a pessoa que a comprou com certeza o fez pensando no Michael pq é a cara dele... eu amo de paixao ler esse tipo de depoimento de quem esteve próximo do Michael, eu gosto de saber o que ele falava, o que fazia no seu cotidiano, acho que não sou somente eu, isso é coisa de fã mesmo, ne? rrss tomara que apareçam mais como esse bjs

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    1. Verdade, amiga Alana, esses relatos são emocionantes..e viajamos neles e vamos penetrando em Michael literalmente!!
      Vamos ter muitos desses relatos, porque de fato são tesouros que precisam ser lidos, relidos, sentidos, vivenciados por todos nós! <3

      Bjãooo
      LOVE

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  4. Nossa amei esse relato!!! Uau! É uma sintonia muito grande, o comprador da camisa, estava completamente em afinidade subliminar. Imagino a reação de Michael ao ver a estampa e a camisa.

    Tão interessante observarmos a confiança que Michael tinha em sua equipe, o quanto conhecia o potencial dos escolhidos. Muito desafiante para Bush realizar um trabalho tão extenso em apenas 2 meses, e ainda pensarmos, como ele mesmo diz, nas adversidades que poderia acontecer e a necessidade de sempre terem um plano B.

    Brilhante! Mágico! Coisa de gênio!
    Eles sabiam e reconheciam o rei, e toda grandiosidade de todo projeto.

    Outro fato interessante é quando ele fala de uma mudança de hábito, onde Michael não telefonava nas madrugadas e era mais cauteloso com os horários dos ensaios. E um pensamento inevitável me pega... um filme não precisaria mesmo... e conhecendo Michael tão perfeccionista como conhecemos... acionar Bush faltando 2 meses.. com certeza ele sabia que teria tempo suficiente, TII é um filme.

    Bjs- LOVE

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    1. Faço minhas as suas palavras, amiga Fê!!
      ...e com certeza, TII é um filme!!
      ...um filme genial que somente um mestre seria capaz de produzir.
      ...Ortega, foi apenas figurante, porque quem produziu TII todinho foi Michael. O gênio do século.

      Fico impressionada com a maestria de Michael!!
      ...realmente Michael é um presente divino!!

      Outra coisa que me intriga muito..me espanta demais sobre essa "afinidade subliminar" que mais me parece ujm propósito, são as estampas..o rei, a coroa, o 777, e a impressão que tenho de ter também a letra M e uma fênix.
      Essa camisa foi feita exclusivamente para Michael e algum significado importantíssimo ela tem. Com certeza tem.

      Bjãooo
      LOVE

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