Irmãos de Armas.

Por Syl Mortilla

IRMÃOS DE ARMAS.

''Centenas de pessoas, composta por fãs, mídia e simplesmente curiosos, reúnem-se do lado de fora de um edifício. Estão cantando o nome de um homem, cantando para ele, mantendo vigílias. O homem no interior do edifício está sofrendo.

Os últimos dias de Nelson Mandela foram um circo familiar para muitos de nós com a excessiva mecânica da imprensa parasitária, com a sua orgia de audácia e hipocrisia em sua antecipação, salivante pela morte corpórea de um herói.

Como a neta do grande homem, Ndileka Mandela, disse: ''[Eles] querem um quilo de carne. Na ausência dos fatos, [eles] especulam."

Felizmente, nem todas as comparações entre Nelson Mandela e Michael Jackson são tão dolorosas.

As pessoas descrevem a mudança na atmosfera que ocorria, nas vezes que Michael Jackson ou Nelson Mandela entravam em uma sala, como se eles podiam transformar, osmoticamente, qualquer éter eles agraciavam.



Fotos dos encontros entre Michael Jackson e Nelson Mandela retratam dois heróis de boa fé no abraço entusiasmado: Irmãos de armas. Imagine a carga naquele ambiente.

Talvez o exemplo mais revelador do vínculo entre os dois gigantes, no entanto, é a partir da citação do presidente Mandela: "Quando você está preso, sem visão de saída, você olha para encontrar refúgio em alguma coisa. Eu encontrei o meu em Michael Jackson."

Ao que parece, como refugiados em Michael Jackson, estamos na melhor companhia humanamente possível. Michael retribuiu esse amor durante o julgamento de 2005, com as palavras: "A história de Mandela está me dando muita força.''

Os avanços culturais colossais destes homens preencheram lacunas entre as diferenças religiosas e políticas.

Puseram-se como tochas flamejantes entre a humanidade: o seu combustível de humildade fortemente iluminando a escuridão da inveja: uma inveja manifestada sendo eles globalmente caluniados como meliantes.

Eles foram seres humanos exclusivamente civilizados - cúspides evolutivos, talvez evidenciando melhor do que qualquer outra coisa, uma eventual progressão espiritual para a humanidade.

Eles convidaram-nos a celebrar o êxtase da diversidade; eles manifestaram a reivindicação poética de Goethe: ''As cores são o sofrimento de luz e alegria.'' Se eles foram terroristas, foram terroristas do amor.

Sempre houve tal ironia na repercussão sobre a mudança de cor na pele de Michael Jackson. A cirurgia de Michael eliciou uma redefinição pessoal em vez de étnica, a qual lhe tornou translúcido, ao invés de branco: uma translucidez que transcendeu as barreiras impostas pela identidade racial.

Michael Jackson fez mais pelas relações raciais do que qualquer outro na história. Bem, ele, juntamente com Mandela.

Há uma pungência histórica nestes homens morrendo em tão estreita proximidade, um com o outro. Os sinais de seu tempo.

As comemorações anuais serão desesperadamente e necessariamente tristes; as sombrias celebrações da vida do artista humanitário desencadeia uma onda emotiva, em preparação para as celebrações no final daquele ano de vida do político humanitário - dois homens que estavam firmes em suas percebidas crenças idealistas sobre a paz, em face da adversidade violenta.

Mas algemado com este sofrimento, deve estar a percepção que após estas duas datas a cada ano, nossa massa coletiva de compreensão mútua evolua e multiplique exponencialmente.

Mas algemado com essa dor, deve estar a percepção de que sobre estas duas datas a cada ano, a nossa massa coletiva de compreensão mútua evolui e se multiplica exponencialmente.

No entanto, o caso de Trayvon Martin este ano, lembra-nos que há uma grande quantidade de trabalho a ser feito, e de fato, na própria África do Sul, as práticas fraudulentas de Zuma sugerem que um retorno à corrupção do passado pode estar iminente – e que notório desperdício doloroso de trinta anos da vida de um grande homem isso seria, caso isto venha acontecer.

As filosofias de Nelson Mandela e de Michael Jackson podem ser nossos antídotos globais ao cinismo.

Eles nos ensinaram que não há nenhuma arma tão abundante ou tão robusta como o amor, mas que o bom combate é o valor para lutar.

Eles nos ensinaram a ser todos irmãos de armas.

Créditos: http://sylmortilla.com/

Tradução: Maíra

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