ANTHONY DECURTIS
Durante o verão de 2001, eu trabalhei como escritor chefe para o que foi intitulado como Michael Jackson 30th Celebration, dois concertos que deveriam ser realizados no Madson Square Garden, em New York, em 8 e 10 de setembro. Os shows seriam filmados e mais tarde mostrados na televisão em formato editado e disponível em DVD. O aniversário celebrado foi o lançamento de 1971, “Got To Be There”, o primeiro single solo de Jackson no Top 5 hit. A ocasião era parte da formação para o lançamento de Invincible, o primeiro álbum de material novo dele em seis anos. Invincible viria no mês seguinte e, embora ninguém soubesse disso naquela época, seria o ultimo álbum de estúdio de Jackson.
A preparação para o show
foi caótica, para dizer o mínimo. David Gest era o produtor – eu
preciso dizer mais? – e convidados especiais incluindo pessoas como Liza
Minelli (com quem Gest, mais tarde, se casaria e se divorciaria),
Marlon Brando, Elizabeth Taylor e outras estrelas que seriam vistas
freneticamente deslocadas na arena do concerto pop,
especialmente naquele momento, quando Jackson precisava mais que
qualquer coisa redefinir-se em termos contemporâneos. Para mim o stress
daquelas semanas trabalhando no roteiro foi aumentado pelo fato de que
eu me casaria em 8 de setembro, no interior do estado de Nova Iorque.
Consequentemente, eu não poderia comparecer ao concerto, portanto, todo o
esforço, bizarro e excitante que isso foi, parecia-me um pouco
abstrato.
O evento que marcou aquele período para mim foi a manhã de ensaio a que eu compareci dois dias antes do primeiro show.
Os vinte mil lugares, ou quase, estavam vazios, reservados para outros
membros do pessoal do filme, trabalhadores configuravam o local para os
concertos e representantes de vários artistas agendavam ensaios para a
noite. Whitney Houston estava na cena parecendo vazia e distante. No
palco, Michael Jackson, os irmãos dele e a banda estavam ensaiando.
Michael
Jackson não estava usando as roupas de palco; eu me lembro dele usando
calças largas e camiseta larga e óculos de leitura para olhar documentos
que ele estava consultando. Se ele não falasse no microfone, eu não
estava perto o bastante para escutar o que ele estava dizendo. Porém,
Jackson sempre falaria no microfone para se certificar de que todos no
palco podiam escutá-lo e o microfone estava na mão dele todo o tempo,
ocasionalmente, captando a voz dele, mesmo quando não estava perto do
rosto dele. A primeira preocupação dele era em preparar a coreografia
para o show e era evidente
que ele estava relaxado e completamente no controle. Ele falou
primeiramente para o diretor musical, Greg Phillinganes; o tom dele era
sempre gentil, respeitoso e profissional. Jackson estava muito focado em
como ele queria os movimentos dele e aqueles nos quais os irmãos dele é
que trabalhariam com a música, onde ele estaria quando as batidas
fossem marcadas, os estímulos que ele precisava na música, para fazer os
movimentos dele fluírem com impacto mais irresistível.
Quando
ele falava fora do microfone, alguém poderia ver Jackson e Phillinganes
concentrados e rindo. Eles queriam fazer as coisas direito, mas eles
também estavam se divertindo, excitados com os iminentes shows.
Jackson parecia um pouco distante dos irmãos dele, embora não frio ou
intransigente, apenas distante. Na maior parte, ele parecia, muito, um
músico e artista que sabia exatamente o que ele queria, mas também
apreciava os necessários esforços feitos por outros. Ele sabia que o
nome dele estava na marquise e qualquer coisa que acontecesse, em ultima
análise, refletiria nele, em ninguém mais.
Por
anos, eu tenho escrito sobre Michael Jackson, muito, assistido às
apresentações dele, muitas vezes, e discutido e debatido sobre ele em
noticiários e programas de televisão sobre entretenimento. No mês
seguinte, eu conduziria uma longa entrevista telefônica com ele,
elaborada em perguntas enviada pelos fãs (e selecionadas pelos inúmeros
assessores dele), que seria transmitida ao vivo na internet. Contudo, eu nunca o tinha testemunhado em situação como essa e era algo impressionante de se ver.
Isso
me lembra, antes de tudo, de por que todo mundo se preocupava com
Michael Jackson desde o início. Ele estava entre os mais incríveis
artistas que eu já vi e a música dele podia ascender a pista de dança
instantaneamente. Sempre que eu escuto a música dele, eu descubro coisas
novas para amar nelas, toques inventivos que eu nunca tinha percebidos
antes. Neste específico sentido, a morte dele foi uma benção: forçou as
pessoas a reencontrar a arte dele e perceber, mais uma vez, quão
importante ele é para elas, o quanto a música dele significa para a vida
delas, para pessoas jovens que não cresceram com Michael Jackson, isso
forneceu, talvez, a primeira oportunidade de escutar a música dele livre
dos clichês preconceituosos sobre ele.
No
entanto, não é o momento de desculpas. Não há dúvidas: Jackson deve
suportar alguma responsabilidade pela razão de ele ter se tornado,
eventualmente, pouco mais que uma piada, nos anos anteriores a morte
dele. O comportamento dele e excentricidades frequentemente desviraram a
atenção do trabalho dele. O que antes era uma ambição estimulante se
tornou megalomania. Uma vez, em entrevista a Rolling Stone,
para a matéria de capa, eu perguntei a Janet Jackson se ela poderia
aceitar a ideia de que ela poderia, possivelmente, fazer um álbum e não
vender. Ela me deu um olhar bondoso e zombeteiro como se eu tivesse, de
repente, começado a falar uma língua estrangeira que não seria possível
esperar que ela entendesse. O que poderia possivelmente significar criar
um “ótimo” álbum que as pessoas não comprassem?
Essa
é a ética comercial que os Jacksons assinam e Michael era mais
fervorosamente crente nisso que Janet. Há compreensíveis razões para
isso, assim como pessoais, mas não há dúvida de que o esforço de Michael
em recriar o sucesso e o impacto de Thriller,
para reviver o momento que fez o mundo dar valor a ele, prejudicou-o.
Ainda, também não pode haver dúvidas de que a mídia caiu na armadilha
psicológica que Jackson, inconscientemente, criou e avaliou todos os
trabalhos pós-Thriller dele com o padrão comercial inatingível, para o inevitável desapontamento dele e da maioria.
Mas
como Joe Vogel convincentemente demonstra neste ótimo e compreensivo
livro, Jackson criou incrível e importante trabalho durante a carreira
dele. Quando Jackson morreu, o homem e os problemas dele tinham ofuscado
completamente a música. Como todo mundo que prestasse muita atenção em
Jackson, eu, é claro, entendi como ele sentia o palco com o lugar da
mais profunda felicidade. Até aquela noite no Madson Square Garden,
eu pensava que era simplesmente sobre um incandescente artista
queimando todas as outras questões com uma forte e destemida chama.
Quando
eu vi Michael se preparar para a apresentação do trigésimo aniversário
dele com inegável facilidade e tranquilidade, porém, ficou claro que ele
estava feliz no palco porque ele era, antes de tudo, um artista; e a
música dele significava mais para ele que qualquer outra coisa. Eu
encontro aquele mesmo foco constante e comando que eu e testemunhei
àquela noite, nas páginas de Man In The Music, um tributo que o trabalho fascinante de Michael Jackson mais que merece e faz jus.
Anthony DeCurtis
é um contribuinte editor da Rolling Stone, onde o trabalho dele tem
aparecido por mais de vinte e cinco anos e ele, ocasionalmente, escreve
para o New York Times, assim como para a Rocking My Life Away. Ele
é também editor do Present Tense: Rock & Roll na Culture e
co-editor da Rolling Stone Illustred History of Rocking & Roll e The
Rolling Stone Album Guide (3º edição). O
ensaio de acompanhamento dele sobre o box set de Eric Clapton,
Crossroad, ganhou o Grammy Award na categoria de Best Album Notes. Ele
tem PhD em literatura americana e ensina em programas de escrita para a
Universidade da Pensilvania.
Jackson em um momento de descoberta na Bad World Tour em 1987.
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Bom dia meninas!
ResponderExcluirExcentricidade, acho que Michael não teve escolha diante do que transformaram a vida dele, como ele poderia viver uma vida normal, isso era o que ele mais desejava, mas com a dimensão de seu sucesso e da fama, e com a mídia negativa em relação à ele, não poderia ter sido diferente, e esse foi o preço que ele pagou, infelizmente, embora eu acho que tem um certo exagero quando falam da excentricidade de Michael, justamente pela perseguição em relação à ele
Dia 28 esta chegando, sera que Murray vai aparecer mesmo? desde que ele foi "preso" só tivemos noticias, ninguém viu a cara dele, estou curiosa em relação a essa liberdade, quando Murray sair, isso se sair, ele com certeza ira usar tudo que aconteceu em benefício próprio, e novamente Michael ira ser bombardeado, ira ser um prato cheio para a mídia negativa, podem ir se preparando para isso
Love
Estou contigo, amiga Ana.
ExcluirToda essa excentricidade quem fez foi a mídia.
Michael era o cara mais normal que já existiu, segundo seus amigos. Amigos, não os que se dizem amigos, é claro.
Michael é normal como qualquer ser humano, o que diferencia ele dos demais é: a inteligência, a genialidade, a bondade, o talento, a beleza interior e exterior...essa grandiosidade toda que o difere dos demais, que o torna superior, no resto ele é normal, né? :D
Quanto orgulho Michael nos dá!! Ele é completão, perfeito, é tudo de melhor que o ser humano já foi capaz de estar tão próximo!
Michael pagou caro por tudo isso, por causa da ambição e ingratidão das pessoas, né?
"Jackson parecia um pouco distante dos irmãos dele, embora não frio ou intransigente, apenas distante."
Não é pra menos, né?
A impressão que a família do fofo passa, afasta muitas pessoas ao redor deles.
Para nós é a impressão que nos afasta deles.
Para Michael, a realidade.
"Ele estava entre os mais incríveis artistas que eu já vi e a música dele podia ascender a pista de dança instantaneamente.
Michael superou tudo e todos e sempre foi assim.
por isso...
"por que todo mundo se preocupava com Michael Jackson desde o início."
Michael preocupou e assustou a todos com seu brilho, sua genialidade, seu esplendor!! This is it!! ;)
"Sempre que eu escuto a música dele, eu descubro coisas novas para amar nelas,"
Essa magia acontece com suas músicas, seus poemas, mensagens...sempre tudo é novo, sempre acrescenta algo novo em nós.
Isso é fato.
Nada de Michael se torna ultrapassado, porque ele depositou sua vida, sua luz, sua magia...em tudo que fez.
Michael não teve responsabilidade nenhuma se a mídia fez dele, piada. As pessoas não são responsáveis pelo comportamento dos outros. Portanto, Michael ofereceu seu melhor tornando-se o maior e o melhor artista do mundo e isso cegou os invejosos e ambiciosos, que por não possuírem, criatividade e nem caráter, usaram as suas próprias armas para se beneficiarem com o brilho de Michael, criando polêmicas, excentricidades, extorsões...e assim foi, cada um pegando um pedaço da fatia de Michael, como podiam, como eram capazes.
Bjãooo
LOVE
Meninasss...cade vcs
ResponderExcluirSera que eu estou comentando no post errado?
Love
hehehe...tá no post errado não..é que agora tem vários..rsrsrs e podemos escolher..rsrsr...
ExcluirBjãooo
LOVE
Boa tarde, meninas. Acabei de ver uma notícia de que o Murray está procurando um acessor de imagem pois deixará a "prisão" até o fim do mês.Além disso, já estão negociando a primeira entrevista dele e vem aí mais um livro(é claro que ele tinha que lançar o dele,rrss). Eu também não gostei de ver o termo "excentricidade" , o Michael foi obrigado a levar uma vida diferente, mas é claro, todos já o rotulam como louco, esquisito, etc. outra coisa que me chamou a atenção, foi o comentário do autor sobre os ensaios em 2001, ele disse que percebeu o Michael meio distante dos irmãos, toda a vez que eu vejo aquele show sinto que o Michael não queria se apresentar com eles, tem uma hora, inclusive, que ele dá um "gritão" no Randy, pq era pra ele estar atrás com os outros e ele ficava na frente dançando com o Michael,kkkkkkkkkkk,,bjs
ResponderExcluirOutra coisa que eu queria comentar, é que hoje a sobrinha do Michael, a Genevieve Jackson, postou uma frase sobre manter os olhos abertos, não sei se tem a ver, mas pode estar relacionada com a saída do Murray
ExcluirAmiga Alana, ela postou no twitter?? O.O
ExcluirEla disse mais alguma coisa??
pleaseee...mande pra cá..
Bjãooo
LOVE
Também não gostei de Anthony ter responsabilizado Michael por essas "excentricidades".
ExcluirOutros já o responsabilizaram por isso, se não me engano, aquele Taraborelli também já o responsabilizou por isso. Não gosto do Taraborelli e nem de seu livro, pois é cheio de más intensões do autor. Sendo que foi a mídia a responsável de toda a excentricidade que caiu sobre Michael, junto com as polêmicas todas. Não suporto ouvir as pessoas falando que Michael era esquisito, excêntrico, polêmico e tal...porque Michael nunca foi assim. Criaram essa caricatura dele e até hoje muitos acreditam nela e pensam isso dele.
Quando estava lendo esse trecho que Anthony fala que Michael estava distante dos irmãos, pensei que ele fosse explicar mais a respeito.
Não sei se você leu, ou vcs leram, logo no início, foi comentado um assunto que Michael não queria fazer esse show com os irmãos, ele fez por insistência de D. Kate, pra variar.
Acho que era esse show, não estou muito certa, pois já faz tempo que surgiu esse boato. Se não me engano Taraborelli também falou sobre isso em seu livro.
Sei que foi comentado que Michael não queria fazer esse show e muito menos com os irmãos, mas D. Kate o convenceu.
Se alguém souber mais desse assunto compartilhe...pleaseeee..
Não reparei no grito que o fofo deu para Randy..mas, que foi merecido foi..kkkkk...deveria ter dado esse "gritão" na orelha de todos eles, inclusive de D. Kate..kkkkkk..
Bjãooo
LOVE