Earth Song - A Verdade Sobre a Polêmica e o Boicote!
Por isso, transformá-la no "Hino da Terra"(Veja aqui), muito mais que uma honra a Michael Jackson, é uma maneira de lhe fazer Justiça!
Em janeiro de 1996, Michael foi ao Brit Awards receber das mãos do cantor e ativista Bob Geldof um prêmio por sua obra, "Artista de uma Geração". Nesta noite, ele também se apresentou com "Earth Song", aparecendo cercado por um grupo de 40 crianças de várias etnias.
Quem não gostou da performance foi Jarvis Cocker, do Pulp, que resolveu tomar parte no show da pior maneira, interrompendo Jackson com gestos obcenos. "[Cocker] me disse 'Você é uma garotinha muito bonita' e daí pisou no meu pé", disse Bethany Garner, uma dançarina de 7 anos participando do número.
Cocker foi retirado do palco por seguranças e passou aquela noite na cadeia, ganhando um banho de farinha e ovos na saída da delegacia, cortesia dos fãs de Michael. Ele disse que podia ter feito um bolo com tudo que atiraram nele. Infelizmente, algumas crianças tiveram ferimentos leves na confusão provocada pelo piadista que perdeu o controle da situação.
Janet Moore, mãe de uma das crianças envolvidas disse à imprensa britânica, "Esse homem destruiu o que deveria ter sido a maior noite da vida da minha filha. Ela me disse que alguém subiu no palco, a agarrou e tentou jogá-la para fora. Eu pensei que algum maníaco tinha ido para o teatro para tentar pegar Michael Jackson. Quem em sã consciência faria isso com uma criança? Eu não sei quem ele é ou quem ele pensa que é, mas eu gostaria de fazer o mesmo com ele ou muito pior. Ashley levou semanas para se preparar para a noite dos sonhos dela mas esse hooligan estúpido levou só alguns segundos para estragar tudo. Este homem fez em pedaços o sonho da minha garotinha. Se eu pudesse, eu torceria o pescoço dele".
Rachel Garner, mãe de Bethany, também lamentou: "A coisa toda foi ultrajante. Minha filha e as outras crianças no palco simplesmente não conseguiam acreditar no que estava acontecendo. Algumas saiam aos prantos se abraçando. Se era para ser um golpe publicitário, o tiro saiu pela culatra".
Terry Webb disse de seu filho, "Stephen continuou a cantar e eu estou muito orgulhoso dele. Mas eu também sinto muito, porque o momento que ele tinha esperado tanto foi arruinado. Ele está muito triste."
Michael Jackson divulgou uma nota através da Epic acusando Cocker de ter tido um comportamento "nojento e covarde". Na nota, também é dito que Michael não entende a completa falta de respeito vinda de um colega de profissão. Ele se diz triste, chocado, irritado, traído, mas imensamente orgulhoso do fato de sua equipe ter sido profissional durante o ocorrido. Michael ainda afirma que sua principal preocupação era justamente com as pessoas que trabalham com ele e com o fato de que crianças foram atacadas.
Em nota à imprensa, divulgada pela Reuters e pelo USA Today, Jarvis Cocker se defendeu. "Eu não fiz nada errado. Eu não gosto do Michael Jackson mas eu não bati nem ataquei ninguém. Eu não pulei em cima de ninguém. Minhas ações foram um protesto pelo modo como Jackson se vê, como uma espécie de Cristo com o poder de curar. Eu não podia suportar mais isso. Foi uma explosão de momento provocada por tédio e frustração. A indústria fonográfica é indulgente com as fantasias de Michael Jackson por causa de seu dinheiro e poder. Eu não gosto das pessoas dizendo que eu bato em crianças. Não é uma boa coisa para se dizer, mas nós devemos deixar para lá."
O Sun, mais anti-Michael de todos os tablóides, escreveu em seu editorial, "o Britpop conquistou o mundo. Assim, o Brit Awards deveria ter sido um paralelo deste sucesso. Jarvis Cocker do Pulp não entendeu a mensagem, perturbando o palco durante Earth Song, de Michael Jackson. Cocker resmunga que ele não podia suportar ver Michael tratado como um 'Messias'. Ele não é. Mas Jackson é um megastar e um profissional. Coisa que Jarvis Cocker nunca será." O mesmo tablóide deu nota 9 para a performance de Michael enquanto Bill Caldwell, cartonista de outro tablóide, o Star, mostrou Cocker recebendo o prêmio de palhaço e tolo do ano.
Estranhamente, contudo, a opinião da mídia mudou rápido. Como aparente resposta a cartas que criticavam a performance de Michael entendendo-a no mesmo sentido que Cocker, começaram a aparecer artigos dizendo que Michael sofria de um problema mental chamado "complexo do Messias", a crença irracional de que alguém é uma entidade divina em missão na Terra.
Tais comentários eram centrados na percepção do começo da performance, quando Michael aparecia usando roupas esfarrapadas simbolizando o estado da Terra, e de seu final, quando os trapos retirados revelaram um vestuário branco, enquanto Michael abria os braços focalizado por um holofote. Em seguida, Jackson abraçava os outros figurantes e os guiava em direção ao facho de luz.
A mídia estava começando a levar a sério as afirmações de Cocker, não apenas escrevendo que Jackson tentou personificar Cristo nesta passagem, mas que, de fato, o apetecia ser um salvador.
Enquanto isso, Cocker ressuscitava-se como o herói do homem comum, dizendo em um programa de entrevistas da emissora Channel Four no Reino Unido que “fiquei lá sentado assistindo e me sentindo um pouco mal porque ele estava fazendo sua encenação de Jesus. Pareceu-me que muitas outras pessoas também acharam aquilo um tanto desrespeitoso. Pensei que podesse fazer algo a respeito e dizer que era bando de bobagens. Levantei-me, e uma vez lá, não sabia o que realmente fazer, então pensei que poderia me curvar e mostrar minha bunda.”
Do outro lado do oceano, a imprensa americana seguiu o mesmo enfoque, porém com uma nova cartada desonesta.
Evidentemente, num esforço em dar nova vida à polêmica sobre se HIStory, o álbum mais recente de Jackson, continha elementos anti-semita, a edição do programa de TV EXTRA, em 23 de fevereiro, concentrou-se na parte da performance de “Earth Song” no qual ele abraça o elenco de apoio multi-étnico. Eles mostraram um trecho do momento em que ele beija o rabino Ken Jacobson da Liga Anti-Defamação, que replicou: “Ter uma espécie de Cristo dando agraciando uma figura claramente judia é por si só uma questão de insensibilidade”.
O locutor prosseguiu dizendo que o Rabino Marvin Hier do Centro Simon Wiesenthal sentia-se ultrajado por Jackson ousar em se comparar a Cristo. O Rabino Hier disse em frente às câmeras, ao se referir a um pronunciamento passado do vice-presidente da MJJ Productions, Bob Jones, que “quando eu ouvi um porta-voz de Michael Jackson, dizendo como o Michael foi oprimido e para não esquecer que isto foi o que as pessoas fizeram a Cristo, aquilo foi sem cabimento.” O EXTRA colheu as opiniões de pessoas nas ruas de Nova York e teve as seguintes respostas:
Pessoa #1: “Michael Jackson é certamente anti-semita, anti-cristão, anti-religião.”
Pessoa #2: “A parte Judia e a parte Cristã, eu acho que ele é um homem confuso”
Isto, não obstante o fato de que o Brit Awards não ter sido transmitido nos E.U.A. e que nenhum dos entrevistados pudessem ter visto a performance!
Dois DJs da rádio KOST 103.5 de Los Angeles, igualmente, defenderam a intromissão de Jarvis Cocker no show como um protesto contra a suposta encenação de "Cristo" de Jackson, e deixaram implícito que os ferimentos causados seriam culpa dos seguranças.
De modo similar, no Canadá, Martin Wroe do jornal Toronto Star, em artigo de 29 de fevereiro, recorreu repetidamente a idéia de que Jackson sofria de algum tipo de megalomania, alegando que ele dominou os ensaios em detrimento de outros artistas, aterrorizou sua própria equipe, manipulou a edição final televisionada do Brits e, o mais risível, que Jarvis Cocker foi “preso sob investigação do campo de Jackson”, como se os ferimentos fossem inexistentes e a polícia Britânica estivesse sob o controle de Jackson também.
O que passou despercebido na versão recriada dos eventos foi a falta de coerência das alegações de Jarvis Cocker. Ele sustentou que não teve contato físico com ninguém no palco, mesmo com Bethany Garner tendo declarado que ele pisou em seu pé, e Paul Morrison tê-lo visto golpeando outros jovens dançarinos.
Se qualquer dos ferimentos tivesse sido causado pelo esforço dos seguranças em retirá-lo do palco, dificilmente poderia-se culpá-los, já que Cocker não tinha motivos para estar lá, e não é esperado que eles tenham o poder de adivinhar quais seriam as intenções dele. Além do mais, os motivos dele para invadir o palco, a princípio, são duvidosos.
Ele disse que estava respondendo ao fato de Jackson estar fazendo “sua encenação de Jesus”, no entanto, é fato, que Cocker invadiu o palco quando Jackson estava na grua, ainda com roupas esfarrapadas, e não quando ele estava sob o holofote, em pé e com o braços abertos, na suposta "pose de Cristo".
Também tem que ressaltar que membros entusiasmados do público começaram a gritar o nome de Jackson logo que o Pulp deixou o palco, após se apresentarem. Talvez, e repito, apenas talvez, poderia Cocker ter invadido o palco não por se sentir moralmente ultrajado, mas sim motivado por ciúme profissional, ou como um golpe publicitário para o lançamento do próximo álbum do Pulp no mercado americano?
Ademais, a interpretação do “Complexo de Messias” para a performance de “Earth Song” parecia ausente de qualquer vestígio de sanidade. O que teria Jesus a ver com a música?
Aqui, retiradas do site da Sony Music, estão as próprias palavras de Michael Jackson sobre suas razões para compor “Earth Song”: “Eu estava sentindo tanta dor, tanto sofrimento pela devastação do planeta Terra. E para mim, está é a Canção da Terra, porque eu penso que a natureza está tentando tanto compensar o mau uso da Terra pelo homem, e com o atual desequilíbrio ecológico, e todo os problemas com o meio ambiente. Eu acho que a Terra sente, ela sente a dor. E também é sobre algumas das alegrias do planeta. Mas esta foi minha chance de deixar as pessoas ouvirem a voz do planeta. Esta é a “Earth Song” [Canção da Terra].”
Tendo essas palavras em mente, não seria plausível que Jackson, na verdade, estivesse personificando .... a Terra?
Na performance, ele começou vestido em roupas esfarrapas, representando a Terra arruinada pela poluição e devastada pela guerra. Enquanto ele era erguido acima do palco, ele, como o Planeta terra, gritava para as pessoas abaixo, tentando acordá-las, implorando para eles agirem antes que seja tarde demais. Ele retornou ao palco, e os personagens representando todos os povos do mundo o despiram de seus farrapos para revelar um figurino completamente branco. Esta passagem simbolizou a despoluição, a fertilização da terra, a reconstrução de paises destruídos pela guerra, e o retorno à primitiva, virginal, e inexplorada Terra. As crianças e adultos de todas a culturas abraçaram o Planeta Terra, e são abraçados de volta, demonstrando que se eles se importarem com a Terra, muito seria recompensado.
O gesto com os braços abertos não tem nada relacionado com a crucificação, foi meramente uma expressão da exultação pela renovação da Terra, e o acolhimento de seus habitantes.
O rabino não estava isolado entre os figurantes multi-étnicos, e ele não estava prestando tributo a Jesus, apenas abraçava o seu lar.
A performance ao vivo, na verdade, seguia à risca ao conceito do vídeo de Earth Song, com a mudança de roupa de Jackson simbolizando a revitalização da terra, no lugar das cenas geradas por computador de animais e árvores retornando à vida, o que seria impossível de se recriar no palco. Além do mais, o vídeo, apesar das afirmações do cantor Sting, não mostra Jackson provocando a regeneração da Terra, mais uma vez, ele interpreta alguém que clama pelo planeta, que é restaurado através da vontade e preces da população.
A pressa em condenar e ridicularizar Michael Jackson resultou não na defesa do sagrado, mas sim em uma cínica e grotesca mal interpretação do trabalho de Jackson. É uma infelicidade que a importante mensagem de “Earth Song” pudesse ser tão deixada de lado.
Michael Jackson - Earth Song - Brit Awards
Cópia autorizada pelo blog: tudoemteunome.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário