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quarta-feira, 28 de janeiro de 2015
segunda-feira, 26 de janeiro de 2015
Man In The Music: Capítulo 6 - Blood On The Dance Floor: " Morphine "
(Escrita e composta por Michael Jackson.
Produzida por Michael Jackson.
Engenharia por Keith Cohen. Eddie de Lena. Mick Guzauski e Tim Jackson.
Arranjo clássico: Jorge del Barrio.
Arranjo rítmico: Michael Jackson.
Vocais backgrounds: Michael Jackson, Brad Buxer, Bill Bottrell e Jon Money.
Teclado: Brad Buxer e Keith Cohen.
Sintetizadores: Brad Buxer.
Grand piano: Brad Buxer.
Percussão: Michael Jackson, Brad Buxer e Bryan Loren.
Bateria: Michael Jackson.
Guitarra: Michael Jackson e Slash.
Coro: Andraé Crouch Singers Choir.
Sample de “O Homem Elefante”)
Na corajosa, pungente obra-prima “Morphine”, Jackson aborda um tema que ele nunca tinha abordado antes: vício em drogas.
Ela é uma profunda expressão pessoal, não apenas escrita e composta pelo cantor, mas também produzida e arranjada por ele (Jackson também ajudou na percussão, bateria, guitarra).
“Michael sabia exatamente o que ele queria escutar [de] cada instrumento”, recorda Brad Buxer. “Ele cantou todas as partes… o piano no meio da música [e] estas camadas de sintetizadores no refrão”. Particularmente, dada a causa da morte dele, em 2009, “Morphine” é tão reveladora quanto trágica.
A música começa com o que soa como uma injeção elétrica. Para uma batida funk implacável, industrial, o cantor ataca em explosões viscerais de raiva, agressão e dor.
A música começa com o que soa como uma injeção elétrica. Para uma batida funk implacável, industrial, o cantor ataca em explosões viscerais de raiva, agressão e dor.
“É verdade um jogo, papai/ É tudo o mesmo, baby/ Você é tão confiável.”
A raiva e desapontamento, combinada com este som que agride aos ouvidos (o crítico musical Tom Sinclair a descreveu como alternância do estilo de tormenta estridente de Trent Reznor, com o esplendor orquestral de Bacharachian”), cria uma chocante experiência auditiva, principalmente para aqueles acostumados ao pop mais melódico de Off The Wall eThriller.
Mas “Morphine” é melhor entendida como um experimento – tanto sonoramente quanto liricamente – em representar a experiência de sofrimento físico e psicológico e o alívio temporário disso (mais literalmente na forma de analgésicos narcóticos, como Demerol e morfina, dos quais, ambos, Jackson foi dependente, intermitentemente, desde o início dos anos noventa).
Essa experiência é também brilhantemente transmitida na forma da música: Por volta da metade da faixa, uma batida irritante diminui, simbolicamente representando o efeito pacificador da droga. “Relaxe, isto não vai machucá-lo”, Jackson canta tranquilizador, a partir da perspectiva da droga/médico:
Antes de eu injetar
Feche seus olhos eu conte até dez
Não chore
Eu não vou converter você
Não há necessidade de desmaiar
Feche seus olhos e se deixe levar
Demerol, Demerol
Oh, Deus, ele está tomando Demerol
Demerol, Demerol
Oh, Deus, ela está tomando Demerol
Ele tentou
Muito convencê-la
A ser mais do que ele tinha
Hoje ele quer isso duas vezes mais
Não chore
Não ficarei magoado com você
Ontem você tinha a confiança dele
Hoje ele está tomando duas vezes mais
Demerol, Demerol
Oh, Deus, ele está tomando Demerol
Demerol, Demerol
Oh, Deus, ele está tomando Demerol
Esses versos são alguns dos mais devastadoramente tristes que Jackson já cantou.
Além da literalidade da droga, está o persistente anseio de Jackson em escapar da dor, solidão, confusão e inexorável pressão.
Essa experiência é também brilhantemente transmitida na forma da música: Por volta da metade da faixa, uma batida irritante diminui, simbolicamente representando o efeito pacificador da droga. “Relaxe, isto não vai machucá-lo”, Jackson canta tranquilizador, a partir da perspectiva da droga/médico:
Antes de eu injetar
Feche seus olhos eu conte até dez
Não chore
Eu não vou converter você
Não há necessidade de desmaiar
Feche seus olhos e se deixe levar
Demerol, Demerol
Oh, Deus, ele está tomando Demerol
Demerol, Demerol
Oh, Deus, ela está tomando Demerol
Ele tentou
Muito convencê-la
A ser mais do que ele tinha
Hoje ele quer isso duas vezes mais
Não chore
Não ficarei magoado com você
Ontem você tinha a confiança dele
Hoje ele está tomando duas vezes mais
Demerol, Demerol
Oh, Deus, ele está tomando Demerol
Demerol, Demerol
Oh, Deus, ele está tomando Demerol
Esses versos são alguns dos mais devastadoramente tristes que Jackson já cantou.
Além da literalidade da droga, está o persistente anseio de Jackson em escapar da dor, solidão, confusão e inexorável pressão.
Nesse breve interlúdio, ele, lindamente, transmite o tranquilizante, sedutor, mas temporário, alívio da realidade.
Há um senso de súplica, desespero, antes do fim altamente abrupto, e o ouvinte está, novamente, de volta no mundo desagradável de acusações e angústia.
Adam Gilham, da Sputnikmusic, descreveu essa sequência como um “momento de absoluta genialidade”.
Adam Gilham, da Sputnikmusic, descreveu essa sequência como um “momento de absoluta genialidade”.
A música, como um todo, contém poder primitivo e angústia, que se compara à obra mais visceral e crua de John Lennon, Trent Reznor e Kurt Cobain.
O crítico musical Thor Christensen chama “Morphine” de “facilmente uma das mais ambiciosas músicas que ele já gravou”.
É uma confissão, uma intervenção, um testemunho, e um aviso.
quinta-feira, 22 de janeiro de 2015
Man In The Music: Capítulo 6 - Blood On The Dance Floor: " Blood On The Dance Floor "
AS MÚSICAS
1. BLOOD ON THE DANCE FLOOR
(Escrita e composta por Michael Jackson e Teddy Riley.
Produzida por Michael Jackson e Teddy Riley.
Engenharia por Teddy Riley, Dave Way e Mick Guzauski.
Programação de bateria: Teddy Riley e Brad Buxer.
Mixada por Mick Guzauski.
Programação de sistema digital: Matt Carpenter.
Engenheira adicional: Eddie De Lena e Andrew Scheps.
Vocais solo e background: Michael Jackson.
Arranjo vocálico: Michael Jackson.
Teclado e sintetizadores: Teddy Riley e Brad Buxer)
A faixa título é um clássico Michael Jackson: uma obra altamente energizada, que combina ritmicamente com o mistério e intriga de “Billie Jean” e o drama film-noir de “Smooth Criminal”.
A música foi, originalmente, escrita e gravada durante as sessões de Dangerous com o produtor Teddy Riley e Bill Bottrell (que veio com o título).
“Eu pensei que eu seria um vendedor inteligente”, recorda Bottrell, “e eu provoquei Michael sobre esta ótima música que eu chamei de ‘Blood on the Dance Floor’.
Ele estava fora da cidade e eu estava tentando ajustar a música e isso levou semanas. Ele estava realmente intrigado, tanto que antes mesmo que ele ouvisse o que eu fiz, ele escreveu a própria ‘Blood on the Dance Floor’ dele”.
Jackson continuou a mexer com a música até durante as sessões de HIStory,e a terminou em Montreux, Suíça, enquanto estava na HIStory World Tour. “Nós pegamos a DAT [Digital Audio Tape] de Teddy Riley e trabalhamos nela em Montreux, com uma equipe de quatro homens”, recorda Brad Buxer. O resultado foi uma das mais revigorantes faixas de dança dele na década.
Como o álbum num todo, a música foi, incialmente, negligenciada nos Estados Unidos; mas ela tem, subsequentemente, se tornado um dos mais bem conhecidos singles dos anos noventa de Jackson, devido a ser consistentemente tocada em boates e coreografias.
Ela foi, também, um grande hit em todo o mundo, alcançando o Top Ten em mais de quinze países e #1 no Reino Unido, Espanha e Nova Zelândia.
Robert Miles, da Billboard,descreve a música como “um groove estilo jeep que fornece uma firme fundação para um vocal de estalar de lábios e harmonia carregada, que é absolutamente inabalável”.
O tema da música é território familiar para Jackson. A “Susie” na faixa, como “Dirty Diana” e “Billie Jean”, representa algo sedutor, mas enganador.
(Neil Straus do New York Times sugeriu que ela poderia ser uma metáfora para AIDS.) “Susie tem seu número/E Susie não é sua amiga”, Jackson canta no refrão. “Olhe quem o submente/ Sob sete centímetros.”
Enquanto está claro que algum tipo de violência toma lugar, Jackson, com sabedoria, deixa a interpretação do mistério da música por conta do ouvinte.
Contudo, a faixa revela uma das mais interessantes reviravoltas no catálogo de Jackson, quando a música essencialmente se desconstrói.
“Para escapar do mundo”, Jackson canta, “eu tenho que desfrutar dessa simples dança/ E parecia que tudo estava do meu lado”.
Como a música revela, a sensação de que “tudo estava do lado dele” é uma ilusão. “Sangue está na pista de dança”, um lugar onde ele, uma vez, pensou que estava seguro, livre e alegre. Agora, ele reconhece, nem mesmo as “fugas” dele estavam livres das ameaças externas.
Em essência, Jackson suscita dúvidas em inúmeras formas de escapismo – se sexo, dança, drogas ou, talvez, mesmo a inocência que ele, uma vez, abraçou completamente.
Todas essas coisas, como “Susie”, são sedutoras, mas podem, também, torná-lo um alvo e vulnerável.
Dessa forma, ela é uma das mais perturbadoras faixas de Jackson, uma expressão profunda de desilusão e incerteza: “Susie” seduz com promessas e prazeres, mas irá, definitivamente, apunhalar você, quando você menos esperar.
Como o álbum num todo, a música foi, incialmente, negligenciada nos Estados Unidos; mas ela tem, subsequentemente, se tornado um dos mais bem conhecidos singles dos anos noventa de Jackson, devido a ser consistentemente tocada em boates e coreografias.
Ela foi, também, um grande hit em todo o mundo, alcançando o Top Ten em mais de quinze países e #1 no Reino Unido, Espanha e Nova Zelândia.
Robert Miles, da Billboard,descreve a música como “um groove estilo jeep que fornece uma firme fundação para um vocal de estalar de lábios e harmonia carregada, que é absolutamente inabalável”.
O tema da música é território familiar para Jackson. A “Susie” na faixa, como “Dirty Diana” e “Billie Jean”, representa algo sedutor, mas enganador.
(Neil Straus do New York Times sugeriu que ela poderia ser uma metáfora para AIDS.) “Susie tem seu número/E Susie não é sua amiga”, Jackson canta no refrão. “Olhe quem o submente/ Sob sete centímetros.”
Enquanto está claro que algum tipo de violência toma lugar, Jackson, com sabedoria, deixa a interpretação do mistério da música por conta do ouvinte.
Contudo, a faixa revela uma das mais interessantes reviravoltas no catálogo de Jackson, quando a música essencialmente se desconstrói.
“Para escapar do mundo”, Jackson canta, “eu tenho que desfrutar dessa simples dança/ E parecia que tudo estava do meu lado”.
Como a música revela, a sensação de que “tudo estava do lado dele” é uma ilusão. “Sangue está na pista de dança”, um lugar onde ele, uma vez, pensou que estava seguro, livre e alegre. Agora, ele reconhece, nem mesmo as “fugas” dele estavam livres das ameaças externas.
Em essência, Jackson suscita dúvidas em inúmeras formas de escapismo – se sexo, dança, drogas ou, talvez, mesmo a inocência que ele, uma vez, abraçou completamente.
Todas essas coisas, como “Susie”, são sedutoras, mas podem, também, torná-lo um alvo e vulnerável.
Dessa forma, ela é uma das mais perturbadoras faixas de Jackson, uma expressão profunda de desilusão e incerteza: “Susie” seduz com promessas e prazeres, mas irá, definitivamente, apunhalar você, quando você menos esperar.
Fotos de Blood On The Dance Floor
segunda-feira, 19 de janeiro de 2015
Man In The Music: Capítulo 6 - Blood On The Dance Floor
Blood On The Dance Floor
“Se você quer ver/ Excêntricas esquisitices/ Eu serei grotesco diante dos seus olhos.”
MICHAEL JACKSON, “IT IS SCARY”, 1997
LANÇADO: 20 de maio de 1997
PRODUTOR: Michael Jackson
Contribuidores Notáveis: Teddy Riley (produtor/compositor), Jimmy Jam e Terry Lewis (produzindo/compondo), Brad Buxer (sintetizadores/ teclado), Bryan Loren (compondo/ teclado), Andraé Crouch Singer Choir (vocais), Slash (guitarra), Mick Guzayski (engenharia/mixagem)
SINGLES: “Blood On The dance Floor”, “Ghosts”, “Is It Scary”
ESTIMADAS CÓPIAS VENDIDAS: 6 milhões
Apenas dois anos depois do lançamento de HIStory, veio um inesperado post-scriptum: uma coleção híbrida de cinco novas músicas e oito remixes intitulada Blood on the Dance Floor: HIStory in the Mix.
O álbum foi, de muitas maneiras, uma anomalia para o Rei do Pop. O lançamento dele, nos Estados Unidos, foi praticamente despercebido. Não houve nenhuma revelação, nenhuma promoção, não houve grandes vídeos musicais ou hit singles (ele se saiu muito melhor no exterior, particularmente na Europa, onde recebeu propaganda e divulgação muito melhor).
Porque todas as músicas foram escritas durante as sessões de Dangerous e HIStory, Blood on the Dance Floor não recebeu a demorada e torturante atenção e tempo que Jackson, normalmente, dá aos projetos dele. A arte continuava tão elevada quanto sempre, mas o álbum parece mais cru, mais experimental, e sem toda a campanha publicitária e expectativa que, tipicamente, acompanhavam um álbum de Michael Jackson.
Ironicamente, o discreto lançamento – e o “desaparecimento” do cantor, enquanto ele viajava pelo mundo em turnê – permitiu que alguns críticos, verdadeiramente, prestassem atenção ao considerável mérito das músicas.
Rolling Stone chamou-o de, sem dúvida, o “álbum mais revelador” dele.
Outros o viram como uma superação criativa. “O canto dele nas primeiras cinco faixas do novo material nunca foi tão atormentado ou audacioso”, observa Armond White. “Blood on the Dance Floor tem a vitalidade de uma inteligência que se recusa a ser aplacada… [Blood on the Dance Floor] é uma superação, um desafio ao conceito de inócuos Blacks pop.”
A caracterização de White é inteligente. Neste estágio da vida e carreira dele, Jackson tinha pouco interesse em criar produtos de rádio bobos, formulados (1997 viu músicas como “Wanna Be” das Spice Girls e “MmmBop” do Hansens nos charts). Em contraste,Blood on the Dance Floor explora complexo psicológico e questões sociais, incluindo vícios, obsessões sexuais, anormalidade e medo.
Jackson disfarçado como o prefeito de “Vale dos Normais” no filme dele de 1997, “Ghosts”.
Na verdade, continuando onde as faixas mais intensas de HIStory termina, o álbum está sempre chocando pela franqueza, consciência e inovação sonora dele.
A caracterização de White é inteligente. Neste estágio da vida e carreira dele, Jackson tinha pouco interesse em criar produtos de rádio bobos, formulados (1997 viu músicas como “Wanna Be” das Spice Girls e “MmmBop” do Hansens nos charts). Em contraste,Blood on the Dance Floor explora complexo psicológico e questões sociais, incluindo vícios, obsessões sexuais, anormalidade e medo.
Jackson disfarçado como o prefeito de “Vale dos Normais” no filme dele de 1997, “Ghosts”.
Na verdade, continuando onde as faixas mais intensas de HIStory termina, o álbum está sempre chocando pela franqueza, consciência e inovação sonora dele.
“Há, realmente, dor e emoção nestas novas músicas”, escreve Neil Strauss, do New York Times. “Mantendo o humor sombrio de Jackson, a música se tornou mais irada e indignada. Com batidas quebrando como chapas de metal, e sintetizadores que soam assobiando como gás pressurizado, isto é funk industrial… Criativamente, Jackson tem entrado em um novo reino.”
De muitas formas, Blood on the Dance Floor pode ser visto como um álbum mini conceito. Enquanto sonoramente eclético – ele incorpora elementos de house, industrial, techno,funk, Gótico e pop operístico – ele é, essencialmente, uma exploração da decadência. Desde medo e traição na faixa título, ao desespero de “Morphine”, à lamentação de “Superfly Sister”, à metafórica cápsula de horror de “Ghosts” e “Is It Scary”, Jackson está acessando um mundo de medo, corrupção e confusão.
De muitas formas, Blood on the Dance Floor pode ser visto como um álbum mini conceito. Enquanto sonoramente eclético – ele incorpora elementos de house, industrial, techno,funk, Gótico e pop operístico – ele é, essencialmente, uma exploração da decadência. Desde medo e traição na faixa título, ao desespero de “Morphine”, à lamentação de “Superfly Sister”, à metafórica cápsula de horror de “Ghosts” e “Is It Scary”, Jackson está acessando um mundo de medo, corrupção e confusão.
Ele é, sem dúvida, o álbum mais sombrio dele, ainda mais que HIStory, pois ele luta pela sanidade em meio à limitadora pressão e ansiedade.
A única verdadeira lasca de esperança é que ao segurar um espelho para o “grotesco”, a sociedade pode ver a si mesma pelo que ela é, e mudar. Isso é parte do ponto da pedra angular do álbum, “Is It Scary”. Contudo, em Blood on the Dance Floor, não há hinos de bons sentimentos, explicitamente, pedindo por tal mudança. Blood é uma visão sombria, mas ele é, também, um dos mais convincentes trabalhos da carreira de Jackson.
Apesar da relativa pouca visibilidade dele, Blood on the Dance Floor se tornou o álbum de “remixes” mais vendido de todos os tempos, como uma estimativa de onze milhões de cópias vendidas. Os oito remixes, todos derivados de HIStory, são, principalmente, remixes de boates desenvolvidos pelos produtores Jam e Lewis, Frankie Knuckles e Wyclef Jean. Desses, o destaque é a reformulada infusão reggae de “2Bad” e a variação funky de “Scream”, de Jam e Lewis (intitulada “Scream Louder”).
Em termos de reavaliação crítica, o foco será, indubitavelmente, nas cinco canções originais, o que forma um tipo de EP conceito, assim como o acompanhante curta-metragem Ghosts, a sequência mais socialmente apontada de Jackson para Thriller.
A única verdadeira lasca de esperança é que ao segurar um espelho para o “grotesco”, a sociedade pode ver a si mesma pelo que ela é, e mudar. Isso é parte do ponto da pedra angular do álbum, “Is It Scary”. Contudo, em Blood on the Dance Floor, não há hinos de bons sentimentos, explicitamente, pedindo por tal mudança. Blood é uma visão sombria, mas ele é, também, um dos mais convincentes trabalhos da carreira de Jackson.
Apesar da relativa pouca visibilidade dele, Blood on the Dance Floor se tornou o álbum de “remixes” mais vendido de todos os tempos, como uma estimativa de onze milhões de cópias vendidas. Os oito remixes, todos derivados de HIStory, são, principalmente, remixes de boates desenvolvidos pelos produtores Jam e Lewis, Frankie Knuckles e Wyclef Jean. Desses, o destaque é a reformulada infusão reggae de “2Bad” e a variação funky de “Scream”, de Jam e Lewis (intitulada “Scream Louder”).
Em termos de reavaliação crítica, o foco será, indubitavelmente, nas cinco canções originais, o que forma um tipo de EP conceito, assim como o acompanhante curta-metragem Ghosts, a sequência mais socialmente apontada de Jackson para Thriller.
Jackson no filme de tema Gótico, “Ghosts”. Blood on the Dance Floor foi o trabalho mais sombrio de Jackson até àquela data.
sexta-feira, 16 de janeiro de 2015
Man In The Music: Capítulo 5 - History - " Outras Notáveis Canções da Era History "
Outras Notáveis Canções da Era History
IN THE BACK (gravada em 1997, lançada em Michael Jackson: The Ultimate Collection, 2204)
“In the Back” é um descendente direto das primeiras obras primas atmosféricas, “Billie Jean” e “Who Is It”.
Enquanto ela não é uma das músicas mais bem conhecidas de Jackson, é uma das mais impressivas.
Uma intricada obra etérea, jazz-blues, a faixa é uma espantosa demonstração do poder musical de Jackson. Escutar o trompete triste, as exuberantes cordas, a extasiante harpa, a martelante linha de baixo. A música é sobre traição e desespero e Jackson transmite a profundidade, as emoções conflitantes, para perfeição dela.
Experimentar a beleza estranha e hipnótica dela é como viajar do céu ao inferno e retornar.
Jackson trabalhou na faixa, primeiramente, com Brad Buxer, que a descreve como “inacreditável e ela prova, mais uma vez, como Michael era um gênio.
Jackson trabalhou na faixa, primeiramente, com Brad Buxer, que a descreve como “inacreditável e ela prova, mais uma vez, como Michael era um gênio.
Eu toquei quase todos os instrumentos nesta música, mas todas [as] ideias são de Michael”. Jackson revisitou a música inúmera vezes, ao longo dos anos, incluindo na Suécia, enquanto em turnê.
Múltiplas versões existem, algumas das quais incluem o legendário tecladista Billy Preston. Na versão do The Utimate Collection, Jackson cantarola nas partes que ainda não tinham letra. Como algumas melhores obras de jazz, porém, o ambiente, a atmosfera e textura da música comunica para mais que palavras.
terça-feira, 13 de janeiro de 2015
Man In The Music: Capítulo 5 - History - " Smile "
(Palavras escritas por John Tutner e Geoffrey Parsons.
Música composta por Charlie Chaplin.
Produzida por David Foster e Michael Jackson.
Vocais: Michael Jackson.
Orquestração: Jeremy Lobbock)
“Smile” é uma sentimental homenagem de Jackson ao herói de longa data dele, Charlie Chaplin.
A música, originalmente, apareceu na trilha sonora do filme de Charlie Chaplin, de 1936, Tempos Modernos. (A reedição de Jackson é tirada da versão de palco.)
Desde uma idade muito tenra, Jackson esteve fascinado por Charlie Chaplin, o enigmático ator e cineasta que transmitia tanto humor, alegria, tristeza e mágica através das expressões silenciosas dele.
Desde uma idade muito tenra, Jackson esteve fascinado por Charlie Chaplin, o enigmático ator e cineasta que transmitia tanto humor, alegria, tristeza e mágica através das expressões silenciosas dele.
“Como você poderia não admirar a genialidade dele”, Jackson disse em uma entrevista. “Ele era o rei da emoção… Ele sabia como fazer você rir e chorar ao mesmo tempo… Eu me identificava com ele. Às vezes eu sinto que sou ele”.
Na verdade, em muitos estágios da vida dele, começando nos anos 70, Jackson se vestiu como o ídolo dele, cartola, bigode e tudo.
Ele também devorou livros sobre ele, assistiu a todos os filmes dele e incorporou alguns dos estilos e movimentos dele às próprias performances.
Os dois ícones, é claro, compartilhavam muito em comum: ambos se tornaram os maiores artistas de uma geração; ambos foram profundamente mal interpretados e atacados por toda a vida deles; ambos foram atormentados por incessantes controvérsias e escândalos; e ambos eram excêntricos, infantis e, de muitas maneiras, figuras trágicas. A identificação de Jackson com o legendário comediante, portanto, faz sentido.“Smile” – com a lírica dela que adota sorrir (i.e., riso e humor) para cancelar e, às vezes, curar a dor – foi uma das favoritas músicas dele de todos os tempos.
Jackson gravou “Smile” no Hit Factory, em New York, em 1994. A música foi gravada ao vivo em estúdio com uma orquestra completa.
Os dois ícones, é claro, compartilhavam muito em comum: ambos se tornaram os maiores artistas de uma geração; ambos foram profundamente mal interpretados e atacados por toda a vida deles; ambos foram atormentados por incessantes controvérsias e escândalos; e ambos eram excêntricos, infantis e, de muitas maneiras, figuras trágicas. A identificação de Jackson com o legendário comediante, portanto, faz sentido.“Smile” – com a lírica dela que adota sorrir (i.e., riso e humor) para cancelar e, às vezes, curar a dor – foi uma das favoritas músicas dele de todos os tempos.
Jackson gravou “Smile” no Hit Factory, em New York, em 1994. A música foi gravada ao vivo em estúdio com uma orquestra completa.
“Eles ensaiaram um pouco antes, sem vocais, daí, durante as primeiras tomadas, Michael cantou, [ele] apenas os derrubou todos de suas cadeiras”, recorda o engenheiro assistente Rob Hohffman.
“A tomada que fizemos aquele dia foi maravilhosa e perfeita”, relembra Bruce Swedien, o engenheiro de som de longa data de Jackson. “Mas Michael é tão perfeccionista que ele que ele insistiu em gravar os vocais dele, novamente, no dia seguinte.” Por fim, eles acabaram mantendo a primeira versão.
sexta-feira, 9 de janeiro de 2015
Man In The Music: Capítulo 5 - History - " Little Susie "
14. LITTLE SUSIE
(Escrita e composta por Michael Jackson.
Produzida por Michael Jackson.
Programação: Brad Buxer, Steve Porcaro e Andrew Scheps.
Engenharia e mixagem por Bruce Swedien.
Vocais: Michael Jackson.
Orquestração: Brad Buxer e Geoff Grace.
Solo Infantil: Markita Prescott)
“Little Susie” é ainda outro testamento do alcance e profundidade de Jackson como artista. A música também demonstra o comprometimento dele com a visão criativa dele, em relação a quem ela poderia alienar. Muitos críticos estavam simplesmente perplexos que uma “miniópera” sobre um assunto tão sombrio e grotesco pudesse aterrissar em um mainstream álbum pop. “O que isto está fazendo em um álbum com Dallas Austin e Jam e Lewis é o que todo mundo se pergunta”, escreveu a Rolling Stone.
Para Jackson, entretanto, a razão para “Little Susie” (e outras inclusões não tradicionais) era muito simples: ele acreditava que era uma grande obra. Viabilidade comercial ou a expectativa da audiência não importava. O que importava era a conexão pessoal, a história, a melodia. Jackson tinha, em verdade, escrito e gravado uma versão da música mais de quinze anos antes, em 1979. Ele a consertou algumas vezes ao longo dos anos, mas não foi até trabalhar na faixa com Brad Buxer, em 1994, que ela, finalmente, começou a ser desenrolada por Jackson.
(Escrita e composta por Michael Jackson.
Produzida por Michael Jackson.
Programação: Brad Buxer, Steve Porcaro e Andrew Scheps.
Engenharia e mixagem por Bruce Swedien.
Vocais: Michael Jackson.
Orquestração: Brad Buxer e Geoff Grace.
Solo Infantil: Markita Prescott)
“Little Susie” é ainda outro testamento do alcance e profundidade de Jackson como artista. A música também demonstra o comprometimento dele com a visão criativa dele, em relação a quem ela poderia alienar. Muitos críticos estavam simplesmente perplexos que uma “miniópera” sobre um assunto tão sombrio e grotesco pudesse aterrissar em um mainstream álbum pop. “O que isto está fazendo em um álbum com Dallas Austin e Jam e Lewis é o que todo mundo se pergunta”, escreveu a Rolling Stone.
Para Jackson, entretanto, a razão para “Little Susie” (e outras inclusões não tradicionais) era muito simples: ele acreditava que era uma grande obra. Viabilidade comercial ou a expectativa da audiência não importava. O que importava era a conexão pessoal, a história, a melodia. Jackson tinha, em verdade, escrito e gravado uma versão da música mais de quinze anos antes, em 1979. Ele a consertou algumas vezes ao longo dos anos, mas não foi até trabalhar na faixa com Brad Buxer, em 1994, que ela, finalmente, começou a ser desenrolada por Jackson.
quarta-feira, 7 de janeiro de 2015
Man In The Music: Capítulo 5 - History - " History "
13. HISTORY
Produzido por Michael Jackson.
Vocais: Michael Jackson.
Vocais backgrounds: Boyz II Men, Andraé e Sandra Crouch e Andraé Crouch Singers Choir.
Orquestração por Pictures at an Exhibition, composta por Modeste Mussorgsky e arranjada por Maurice Ravel. Performada pela Orquestra da Philadelphia conduzida por Eugene Ormandy. S
Coro infantil: Leah Frazier)
Seguindo “2 Bad”, o ouvinte é, imediatamente, atingido pela triunfante e grandiosa sequencia do épico “Great Gate of Kiev” de Mussorgsky, de Picture at an Exhibition.
De uma opinião biográfica, ela parece simbolizar a vitória de Jackson sobre as provações e os adversários dele. Ela é a apropriada companhia musical para a capa do álbum, na qual Jackson é exibido desafiador e imortalizado na forma de uma estátua (“Ele ousa ser reconhecido/ O fogo está profundo nos olhos dele”).
Os obstáculos que ele enfrentou, ele parece estar dizendo, apenas o tornaram mais forte e mais poderoso.
A resposta dele, contudo, não é para recriminação, ódio ou violência, mas “harmonia em todo o mundo”.
É uma clássica utopia de Michael Jackson, na qual todas as injustiças e tragédias da vida são redimidas e curadas pelo poder da música.
“HIStory” é, porém, talvez, o hino mais incomum de Jackson.
“HIStory” é, porém, talvez, o hino mais incomum de Jackson.
Enquanto hinos anteriores, como “Heal the World”, foram completamente guiados pela melodia, “HIStory” é mais experimental, justaposições breves, rimando versos chamada-e-resposta (o que lembra o tempo rítmico das obras musicais dos afro-americanos) com um refrão melodicamente mais tradicional. “Não deixe ninguém colocá-lo para baixo/ Continue caminhando no andar superior”, Jackson imploraria. “Nenhuma força na natureza pode destruir/ Sua vontade de automotivação.”
Essas são as palavras de um líder tentando oferecer esperança e força em face das adversidades.
Há um ruído subindo morro acima nos versos; quando o refrão chega, parece estar no topo de uma montanha. A suave melodia, com vocais de fundo por Boyz II Men, ressoa com revigorante força.
domingo, 4 de janeiro de 2015
Man In The Music: Capítulo 5 - History - " 2Bad "
12. 2Bad
(Escrita e composta por Michael Jackson, Jimmy Jam e Terry Lewis.
Vocais líder e background: Michael Jackson.
Teclado e sintetizadores: Jimmy Jam e Terry Lewis)
“2Bad” pode, ou não pode, ter sido tencionada como uma sequência de “Bad”, mas certamente ela segue a mesma tradição.
Ousada e com experiência de rua, ela é tanto uma provocação (na veia de muito hip-hop) e uma declaração de determinação (“Eu estou de pé, embora você esteja me chutando”).
A música começa com um sample da famosa “King of Rock”, de Run DMC, uma faixa que desafia o controle do governo branco sobre a indústria musical.
Isso é um hábil gesto que, simultaneamente, mostra respeito por colegas pioneiros na música e faz uma declaração sobre as intenções políticas da canção.
Mais uma vez, Jackson não está simplesmente atacando indivíduos, mas antes, instituições e ideologias. Ele se sente alvejado tanto em razão da raça dele quanto pelo status, mas ele não está prestes a cair. Em vez disso, ele chama os vários inimigos dele: “Você está visando apenas a mim”, ele canta: “Você me enoja/ Você tem sede pelo meu sangue”.
Em álbuns passados, Jackson sempre usou mulheres femme fatale (“Dirty Diana”, “Dangerous”, etc.) como símbolo dos medos e desconfianças dele, mas em HIStory isso mudou. As várias ameaças que ele sente – racismo, mentiras da mídia, corrupção governamental, poder corporativo, ganância – estão conectados e onipresentes. “O que você quer de mim?” ele questiona ao inimigo invisível. “O que você quer de mim?/ Estou cansado de você me perseguindo.”
A música contêm elementos de funk, rock, rap e até mesmo um indício de gospel. Jackson estava escutando Sly and the Family Stone (um favorito de muito tempo) e quis incorporar algumas das canções deles à música. É possível escutar a batida de “Thank You (Falettinme Be Mice Elf Agin)” no groove.
Os vocais de Jackson, da mesma forma, são apresentados com entusiasmo sobre bateria intricadamente em camadas (muito da percussão é construída no beatboxing de Jackson).
Jackson também ajudou no arranjo dos instrumentos de sopro. “Se você escutar a ponte”, diz o engenheiro assistente Rob Hoffman, “toda a coisa de instrumentos de sopro foi ideia de Michael.
Ele teve Jerry Hey vindo, e cantou para ele todas as partes”. Seguindo a ponte de instrumentos de sopro, a estrela de basketball, Shaquille O’ Neal, entra para um animado solo de rap. (Em um excelente remix estilo reggae da música, em Blood on the Dance Floor, por membros do Fugees, John Forte performou os instrumentos de sopro.)